UM MAGNO CLARÃO NO CÉU.

A ÚLTIMA LUTA DE UM BRAVO GUERREIRO.

A única certeza absoluta que todo ser humano tem, independentemente de sua cor, credo, religião, escolaridade ou faixa social, é a morte. Um determinado dia, chega o fim da jornada terrena de qualquer ser vivo, até mesmo os guerreiros. Hoje, pela manhã, perdemos um. Magno Oliveira, um azeite magno que temperou as nossas vidas, foi enfim, chamado por Deus.

Maguinho, um "Negão", e me perdoem os puristas e politicamente corretos, mas "Negão" era como ele tinha prazer de ser chamado pelos mais íntimos, morreu após enfrentar a sua derradeira e mais árdua luta. Não que Maguinho não tivesse acostumado a enfrentar grandes desafios em sua breve vida. Filho de família humilde, Maguinho, desde pequeno, já conhecia as dificuldades para sobreviver numa era de exclusão social e racial. Enfrentou, com galardia, todos os preconceitos e tornou-se uma pessoa querida por todos, seja de que camada social fossem. Vendedor, muambeiro, universitário, demolay, lutador, político, empresário, flamenguista, esportista, sambista, folião, presidente de clube, biriteiro, galante, simpático, amigão, paizão, maridão, filhão, e até presidiário, foram peças que o destino lhe deu para interpretar, mesmo que injustamente, no último caso.

Nada tirava o bom humor de sua alma nem o sorriso de seus lábios. E que gargalhada tinha Maguinho! Nunca em minha vida ouvi e vi uma gargalhada tão gostosa. Nem os infortúnios e nem o câncer lhe apagaram a luz de sua boca alegre. Nada lhe tirava a esperança. Mesmo ameaçado pela medicina de forma grave e contumaz, ele mantinha os seus sonhos e planos para o futuro exalando um otimismo contagiante e enternecedor.

Hoje, pela manhã, recebi a notícia de sua morte. Não chorei nem lamentei. No fundo, no fundo, minha razão e minha consciência estavam aguardando com certa ansiedade a chegada desse momento. Maguinho gostava muito de mim para que eu me permitisse ser egoísta e não torcesse para que o seu sofrimento inócuo fosse interrompido pelas mãos de Deus.

Termina assim a epopeia de um gigante de ébano com sorriso de marfim. Finda-se nesse plano espiritual a jornada de luta desse bravo homem de quem, nós que tivemos a benção de conhecê-lo, jamais esqueceremos.

Hoje, seu corpo chegará no Palácio Barão de Guapy, em Barra Mansa, para o seu velório. 

A partir de então, a  Terra ficará sem o nosso "Negão". 

Concomitantemente, um belo clarão há de invadir o céu na mesma proporção do seu largo sorriso franco que continuará iluminando os nossos passos e servindo de exemplo de força e fé para nossos momentos mais frágeis.

Obrigado, guerreiro! 

De uma forma ou de outra, você venceu. 

Deus te guie nos novos caminhos.

Qualquer dia a gente se encontra.