Assim como milhões de brasileiros, minha relação com as Copas do Mundo sempre foi de muita paixão. Aos oito anos, me lembro de ver na tela preto e branca, a magia de Pelé e Cia.. Lembro-me que após a vitória na final contra a Itália, meu pai pegou a sua Kombi e nos levou para passear nas ruas de nosso bairro suburbano, o Méier, no Rio, e ver a alegria quase convulsiva de todos os torcedores nas ruas. Depois aprendi que aquele grito ensurdecedor estava engasgado na garganta dos brasileiros que sofriam com a tortura da ditadura militar. Em 74, já no Rio Grande do Sul, me sufoquei em lágrimas quando a Holanda humilhou o nosso escrete. Em 1978, universitário no Rio de Janeiro, vi, na Tijuca, nossa seleção ser eliminada pela trama urdida da Argentina com o Peru. Em, 1982, chegando da Exposição agropecuária de Leopoldina, lembro-me que dormi e acordei várias vezes após o jogo fatídico contra a Itália, na ilusão de que a derrota tinha sido um pesadelo. Em 1986, sofri por semanas ao constatar a ingratidão que as vezes impera no futebol, quando Zico foi quase linchado por ter tido a coragem de bater um pênalti que outros se negaram a cobrar. Logo ele , que na primeira bola que recebeu ao entrar em campo, colocou o Branco na cara do gol e gerou o pênalti. A história e alguns torcedores negativistas teimam em não querer lembrar que na série de pênaltis desempatadores, Zico converteu o seu e quem errou para o Brasil foram Sócrates e Júlio César. Preferiram martirizar o Galinho. Coisas do futebol. Em 90, apesar de não esperar muito, vi a seleção cair aos pés de Maradona e Caniggia. Em 94, operado após um acidente de carro, assisti com proteção no pescoço no Gaia, a gente voltar a ser campeão do mundo. Vitória que nos custa na Copa atual, o decreto do fim da criatividade e as odes a beligerância de cabeças de área. Em 98, assistimos na Vila Maria, o Brasil cair aos pés da França, após a “convulsão”, que me “cheirou” a “overdose”, do Fenômeno. Em 2002, comemoramos juntos uma Copa onde ganhamos jogando bola, e essa deveria ser a lição que deveríamos ter aprendido, e jamais a de 94. E na última, sofremos juntos, no telão em frente a Câmara Municipal, ao assistirmos a soberba de nossos jogadores aliada a muita irresponsabilidade, nos tirarem prematuramente da competição. Por essa derrota, a CBF e seu ditador, Ricardo Teixeira, reinventaram o estilo Dunga, vencedor em 94. Naquela Copa, todas as seleções estavam niveladas por baixo, e Bebeto e Romário fizeram a diferença. Não foi o estilo “Dunga” o campeão do mundo, mas sim o talento da dupla de baixinhos infernizadores. Hoje, vemos várias seleções praticando futebol na sua linda acepção da palavra, com habilidade e prevalecendo o talento, tais como a Holanda, a Argentina, a Espanha e até mesmo a Alemanha. Poderíamos, se levássemos o que temos de melhor, até mesmo suplantá-los no quesito qualidade técnica, pois esse sempre foi o nosso diferencial. Mas ao deixarmos, Ganso, Neymar, Hernandes, Ronaldinho Gaúcho, entre outros no Brasil, para levarmos Josué, Elano, Gilberto Silva, Júlio Batista, Klebberson, Felipe Melo, entre outros cabeças de bagre, denominados de cabeças de área, decretamos o fim de nosso futebol arte. Achei graça quando vi o Felipe Melo reclamar da Jabulani, a bola oficial da Copa. Foi um ato de covardia, pois ela não teve direito à defesa. Certamente se falasse, a Jabulani reclamaria dos maus tratos oferecidos pelo Felipe Melo ao seu corpo.
Como amante do bom futebol, não tenho o menor entusiasmo em torcer para a seleção do Dunga. Isso não é o futebol brasileiro. É abrir mão do talento para a exaltação da brutalidade e do autoritarismo. Mas, pelos amigos que ficarão felizes pelo bom desempenho da Seleção, além do povo brasileiro carente de boas novas, torço para que esteja enganado e a seleção nacional de futebol faça um bom papel na Copa. Ganhar, não creio ser possível, mas pelo menos durar um bom tempo na competição. Hoje, contra a Coréia do Norte, gente ganha fácil, afinal enfrentaremos a pior seleção das 32 da Copa, segundo o ranking da FIFA. Espero que esta suposta vitória não provoque falsas ilusões em ninguém e todos mantenham-se focados nas nossas limitações. Mas se Deus inspirar Kaká, Robinho e Luis Fabiano, a gente pode atravessar algumas barreiras provocadas por nós mesmos através do Dunga, o anão zangado.
Enfim, Boa sorte, torcedor brasileiro. O Amor não pode morrer.
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