CABRAL REDESCOBRIU O BRASIL.
Nesta minha viagem encerrada ontem, mesmo que quisesse (e não queria), estava muito difícil manter contato com o dia-a-dia convencional das pessoas. Estávamos em alto mar e mesmo com satélite, até as ligações telefônicas eram impossíveis de serem concluídas. Melhor assim, pensei. E foi. Pelo que li e vi ontem, nada de muito interessante aconteceu que merecesse o desvio de nossos prazeres. Mas como toda regra tem exceção, algo de novo foi publicado, que merece, no mínimo, uma criteriosa reflexão.
Não morro de amores pelo Governador Sérgio Cabral, todos sabem disso, mas também não o considero pior do que ninguém que usufruiu do importante cargo.
Pois bem, o Governador, do alto de sua situação financeira muito bem resolvida para todo o sempre, despreocupado com possíveis campanhas políticas, reeleito para mais quatro anos e gozando dos louros do sucesso da invasão bem sucedida nas favelas cariocas, fazendo um estrago terrível nas organizações criminosas que exploram o trafico de drogas e reascendendo a esperança dos cariocas num lugar seguro para se viver, botou a bunda na janela e mexeu num verdadeiro vespeiro. Soltou duas pérolas que merecem muita atenção.
Reproduzo as três frases pinçadas da edição dominical do jornal o Globo, retratando os fatos mais importantes da semana:
1.“Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar”?
2.“Isso e uma hipocrisia. Varoas pessoas tiveram namoradas que engravidaram e foram abortar em clínicas clandestinas. Isso é a vida como ela é. Só que o sujeito que é de classe média alta tem uma clínica de aborto clandestina, mas em melhores condições”.
3.“Chega de demagogia e hipocrisia. Para ter o jogo é só estabelecer regras rígidas e controle. Essa verba arrecadada poderia beneficiar muita gente e gerar empregos”.
Em 2007, Sérgio Cabral já tinha pincelado essa discussão quando disparou: “Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa, Tijuca, Méier e Copacabana. É padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal."
O Brasil demorou muito para abolir a escravidão e instituir o divórcio como lembra bem Elio Gaspari na mesma edição do Globo, e certamente demorará a discutir com clareza e bom senso a questão do aborto.
Bem, lançados os dados no tabuleiro e a bolinha na roleta, vou dar o meu palpite:
Primeiramente, sempre que se lança algo no ar que desafie a hipocrisia e a demagogia, principalmente as que ferem os dogmas da arcaica Igreja Católica, que sempre pregou o “façam o que mando, mas não façam o que faço”, eu comemoro, independentemente de quem seja o seu autor ou protagonista.
Não quero lançar nenhuma bandeira a favor do aborto, mas quero que as mulheres tenham o direito soberano ao uso de seu corpo a seu critério pessoal e exclusivo. Se tal prática fere a determinação religiosa ou gerará penas para as respectivas almas, são elas que devem se manifestar e não o Estado. O Governador foi corajoso em mexer nessa ferida. O aborto existe sim, e em massa, e a clandestinidade só aumenta o risco das mulheres que optam pela prática sigilosa. Não podemos ficar cegos a tal fato, independentemente se o partido do candidato que apoiei usou esta bandeira para chegar ao segundo turno das eleições presidenciais.
Também existe sim, e aí o Governador não se torna muito coerente, uma fábrica de marginais, mas ela é financiada pelos programas sociais populistas que o presidente Lula tanto adora e o faz vencer todos os últimos pleitos eleitorais. E o Governador apoia o Presidente em todos os seus atos. Existe essa fábrica, que como já abordamos aqui, vai ao encontro dos interesses da Igreja Católica desde que ela fez a “opção pelos pobres”, recolhendo mais dízimos de muitos do que grandes dízimos de poucos. O ignorante é fácil de se manipular e as Igrejas, as sociedades consumistas, o tráfico, os Bancos, as grandes redes de TV, os coronéis políticos, os corruptos e corruptores, adoram isso. Se Sérgio Cabral se rebela contra isso e desafia a hipocrisia reinante abrindo a necessária discussão sobre controle de natalidade, conta com meu humilde e sincero apoio. Alguém um dia tinha que ter peito de bancar essa briga, e ele bancou. Parabéns.
O segundo ponto da discussão então é muito mais pacífico e real. O jogo existe no Brasil à olhos nus, só que a hipocrisia da legislação faz com que percamos incontáveis receitas e valores tributários para outros países face da nossa hipocrisia.
O Governo é o maior banqueiro de jogo do País. Os jogos promovidos pelo Governo devolvem ao apostador em prêmios, muito menos do que qualquer cassino internacional ou o jogo do bicho. E não vejo nenhuma campanha governamental estipulando limites para seus jogos.
Estou chegando agora de um cruzeiro, onde centenas de brasileiros fizeram o passeio só para poderem jogar livremente nos cassinos. Só que neste caso, ao invés do lucro ser transformado em empregos e renda para brasileiros, transforamam-se em fortunas para italianos e empregos para a Indonésia, Peru, Romênia, Bulgária, Malta, Polônia, etc...
Na Internet também os brasileiros jogam pequenas fortunas nos cassinos virtuais e mais uma vez o lucro advindo dessas operações em nada fica no Brasil.
Parabéns Governador. Vou até esquecer algumas operações milionárias que ocorrem eventualmente nos corredores de seu Palácio para torcer para Vossa Excelência não deixar a discussão morrer e colocar as cartas na mesa. Literalmente.
Não morro de amores pelo Governador Sérgio Cabral, todos sabem disso, mas também não o considero pior do que ninguém que usufruiu do importante cargo.
Pois bem, o Governador, do alto de sua situação financeira muito bem resolvida para todo o sempre, despreocupado com possíveis campanhas políticas, reeleito para mais quatro anos e gozando dos louros do sucesso da invasão bem sucedida nas favelas cariocas, fazendo um estrago terrível nas organizações criminosas que exploram o trafico de drogas e reascendendo a esperança dos cariocas num lugar seguro para se viver, botou a bunda na janela e mexeu num verdadeiro vespeiro. Soltou duas pérolas que merecem muita atenção.
Reproduzo as três frases pinçadas da edição dominical do jornal o Globo, retratando os fatos mais importantes da semana:
1.“Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar”?
2.“Isso e uma hipocrisia. Varoas pessoas tiveram namoradas que engravidaram e foram abortar em clínicas clandestinas. Isso é a vida como ela é. Só que o sujeito que é de classe média alta tem uma clínica de aborto clandestina, mas em melhores condições”.
3.“Chega de demagogia e hipocrisia. Para ter o jogo é só estabelecer regras rígidas e controle. Essa verba arrecadada poderia beneficiar muita gente e gerar empregos”.
Em 2007, Sérgio Cabral já tinha pincelado essa discussão quando disparou: “Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa, Tijuca, Méier e Copacabana. É padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal."
O Brasil demorou muito para abolir a escravidão e instituir o divórcio como lembra bem Elio Gaspari na mesma edição do Globo, e certamente demorará a discutir com clareza e bom senso a questão do aborto.
Bem, lançados os dados no tabuleiro e a bolinha na roleta, vou dar o meu palpite:
Primeiramente, sempre que se lança algo no ar que desafie a hipocrisia e a demagogia, principalmente as que ferem os dogmas da arcaica Igreja Católica, que sempre pregou o “façam o que mando, mas não façam o que faço”, eu comemoro, independentemente de quem seja o seu autor ou protagonista.
Não quero lançar nenhuma bandeira a favor do aborto, mas quero que as mulheres tenham o direito soberano ao uso de seu corpo a seu critério pessoal e exclusivo. Se tal prática fere a determinação religiosa ou gerará penas para as respectivas almas, são elas que devem se manifestar e não o Estado. O Governador foi corajoso em mexer nessa ferida. O aborto existe sim, e em massa, e a clandestinidade só aumenta o risco das mulheres que optam pela prática sigilosa. Não podemos ficar cegos a tal fato, independentemente se o partido do candidato que apoiei usou esta bandeira para chegar ao segundo turno das eleições presidenciais.
Também existe sim, e aí o Governador não se torna muito coerente, uma fábrica de marginais, mas ela é financiada pelos programas sociais populistas que o presidente Lula tanto adora e o faz vencer todos os últimos pleitos eleitorais. E o Governador apoia o Presidente em todos os seus atos. Existe essa fábrica, que como já abordamos aqui, vai ao encontro dos interesses da Igreja Católica desde que ela fez a “opção pelos pobres”, recolhendo mais dízimos de muitos do que grandes dízimos de poucos. O ignorante é fácil de se manipular e as Igrejas, as sociedades consumistas, o tráfico, os Bancos, as grandes redes de TV, os coronéis políticos, os corruptos e corruptores, adoram isso. Se Sérgio Cabral se rebela contra isso e desafia a hipocrisia reinante abrindo a necessária discussão sobre controle de natalidade, conta com meu humilde e sincero apoio. Alguém um dia tinha que ter peito de bancar essa briga, e ele bancou. Parabéns.
O segundo ponto da discussão então é muito mais pacífico e real. O jogo existe no Brasil à olhos nus, só que a hipocrisia da legislação faz com que percamos incontáveis receitas e valores tributários para outros países face da nossa hipocrisia.
O Governo é o maior banqueiro de jogo do País. Os jogos promovidos pelo Governo devolvem ao apostador em prêmios, muito menos do que qualquer cassino internacional ou o jogo do bicho. E não vejo nenhuma campanha governamental estipulando limites para seus jogos.
Estou chegando agora de um cruzeiro, onde centenas de brasileiros fizeram o passeio só para poderem jogar livremente nos cassinos. Só que neste caso, ao invés do lucro ser transformado em empregos e renda para brasileiros, transforamam-se em fortunas para italianos e empregos para a Indonésia, Peru, Romênia, Bulgária, Malta, Polônia, etc...
Na Internet também os brasileiros jogam pequenas fortunas nos cassinos virtuais e mais uma vez o lucro advindo dessas operações em nada fica no Brasil.
Parabéns Governador. Vou até esquecer algumas operações milionárias que ocorrem eventualmente nos corredores de seu Palácio para torcer para Vossa Excelência não deixar a discussão morrer e colocar as cartas na mesa. Literalmente.
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