A DITADURA DO SILÊNCIO ABSOLUTO EM UMA NOVA VERSÃO.

AS PAUTAS PROIBIDAS.

Como já mencionamos no final da semana passada, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul-Fluminense, Renato Soares, concedeu uma entrevista coletiva para a imprensa informando de ações do grupo Votorantim que remetem para a iminente suspeita de que a Siderúrgica Barra Mansa já tem os seus dias de atividades contados, já sendo constatadas diversas demissões e transferências de equipamentos para outra unidade do grupo, em Resende. Num determinado site de jornal da região, a matéria foi veiculada, porém foi cerceada na parte impressa que fica disponibilizada nas bancas e encaminhada aos assinantes. No mesmo site, leitores comentaram a entrevista com sentimentos antagônicos. A maioria, responsabiliza a inoperância e omissão do poder público na cidade, outros questionam a credibilidade de presidente e outros tentam ridiculamente isentar a prefeitura de qualquer responsabilidade na vida econômica da cidade. Fato é que seria de bom alvitre que independentemente da linha de reciocínio de Renato Soares, a questão fosse levantada e apurada com isenção, pois o que está em jogo é a sobrevida econômica e social de uma cidade que já perdeu a Lanlimp, a White Martins, a Du Pont, a Litográfica, a Nestlé, e caminha em passos claros para a desativação parcial da Saint Gobain e da Siderúrgica Barra Mansa, acarretando mais desemprego e menos receita pública. Mas ao que tudo indica, o poder público roga que tais assuntos não sejam questionados para não colocar mais luz na já notória incompetência e incapacidade dos gestores atuais. Lamento que segmentos da imprensa regional (graças a Deus, não todos), por razões que suspeitamos, omita uma matéria desse porte de importância e seja "obrigada" a publicar releases efetuados pela assessoria de comunicação da prefeitura que chegam a dar pena, tanto de quem o faz como de quem o publica. Na semana passada, a "criativa" assessoria encaminhou com êxito para os veículos informativos regionais a seguinte MANCHETE em formato de "release": "PREFEITURA DE BARRA MANSA REALIZA A RETIRADA DOS ENFEITES DE NATAL". Tal notícia ao ser lida por quem tenha o mínimo de visão crítica, comprova que a prefeitura de Barra Mansa, na total ausência de realizações e projetos contundentes e sérios, visa tornar como grande feito ou evento social, a retirada dos enfeites natalinos que ela mesmo colocou. E o pior, sem respeitar as tradições culturais e religiosas que recomendam a retirada no dia de Reis, 6 de janeiro. Além de atrasados, como sempre, atestam a própria incompetência. Bem ao estilo já utilizado de querer "vender" retirada de entulhos e capina como obra civil, até dando nome para o serviço: "Projeto Cuidando da Cidade, cuidando de você".

É bom que os responsáveis pela imprensa reflitam um pouco e entendam que não é pudente ficar sistematicamente jogando a sujeira para baixo do tapete evitando as necessárias discussões e debates prévios, pois o dia que Barra Mansa chegar aonde o governo tende a colocá-la, nem verbas publicitárias serão mais possíveis e todos chorarão no mesmo velório. Eu particularmente, compreendo que as empresas jornalísticas tem seus custos e que o Poder Público é um cliente em potencial e indispensável em certos casos, sendo que afrontá-lo não torna-se uma opção muito comercial, mas daí a ceder por valores que nem são tão expressivos, a liberdade de suas linhas editoriais e suas credibilidades perante os clientes finais, que são os leitores, pode sacramentar o início de um grande risco e um prejuízo generalizado. Nossa guerra não é contra a imprensa nem contra os jornalistas ou empresários do ramo que precisam e merecem subsistir com dignidade e conforto. Nosso embate é contra quem usa do erário para tentar doutrinar a informação e levar o cidadão ao engano e ao erro. Existem diversas formas de ditadura, e abominamos a todas, mas talvez a mais cruel e dissimulada é aquela que usa os recursos públicos para enganar a população e cercear liberdades, e o direito à informação é um dos maiores valores de um regime democrático.