FITA-BANANA.

PARA FINALIZAR O ASSUNTO, UMA QUESTÃO DE RESPEITO.

O colunista principal da REVISTA "O GLOBO", inserida na edição dominical do jornal homônimo, Artur Xexéo, apelida cada assunto instituído em suas linhas que cause debates calorosos e polêmias infindas, de 'fita-banana'. Creio que criei uma 'fita-banana' ao abordar a passeata de ORGULHO GLBT realizada em Barra Mansa. 

Nos comentários no Blog, publicados ou não (pois alguns se excedem no tom ofensivo e vulgar), nas ruas e até no meu Facebook, o assunto não encerra. Até meus amigos Dario Aragão e Geraldo Costa, se insurgiram contra o meu ponto de vista e exageraram ao extrair palavras de meu texto que não foram escritas. Acho que o afã de defender o governo municipal e o protegido amigo que responde pela Cultura, fizeram-nos extrapolar em seus conceitos e me rotular de forma repreensível. 

O assunto é assaz desgastante e me toma tempo precioso que não possuo, mas não me furto do bom debate e gosto de deixar as coisas muito bem esclarecidas, mesmo na contra-mão da tendência que todo mundo hoje tem, especialmente no Facebook,  de tirar um 'casquinha' de 'pós-moderno', liberal, despojado, 'antenado', global e democrata.

Dario Aragão, entre suas linhas, disse que não compreende o meu conceito de família e que ninguém deve abrir mão de suas convicções, sejam religiosas, políticas ou sexuais. Geraldo Costa, fazendo coro, disse que a passeata não foi nada demais e a comparou com um mero desfile de carnaval, supondo inclusive que eu teria afirmado que é impossível atingir a felicidade sendo homossexual e que isso incorre em enorme preconceito de minha parte. Ambos afirmam não concordar em nenhuma linha de meu texto e não entendem o porquê do meu incômodo. De forma anônima, alguns comentários me taxam de homofóbico, preconceituoso e me desejam que meus filhos se tornem homossexuais e rogam que eu precise de um gay e que ele aproveite a ocasião e me assassine. Por aí afora. Engraçado é que, pessoalmente, dezenas de pessoas me cumprimentaram pelo texto e disseram que preferiram não registrar publicamente, eis que seria 'perigoso', e por isso, enalteceram a minha 'coragem'. Tem sentido, pois hoje as minorias são mais ameaçadoras e poderosas que as maiorias. Sinal dos tempos. Mesmo assim, muita gente curtiu, concordou e elogiou a minha posição, embora creio que ela ainda está mal compreendida, razão pela qual retorno ao famigerado assunto.

Antes de tudo, sinto a necessidade ululante de esclarecer de forma definitiva e categórica que:

1. Não sou homofóbico. Jamais fiz mal a nenhum homossexual de forma alguma. As únicas vezes que tratei algum gay de forma mais áspera, foram nas raríssimas vezes que nesta vida fui vulgarmente abordado sexualmente por poucos deles, mas jamais fui violento, no máximo, ríspido, quando a postura se tornou necessária. Todas as noites, antes de chegar em casa, desejo boa noite ao travesti que faz ponto na esquina e isso nunca me incomodou nem gerou alguma reclamação de minha parte.

2. Não discrimino gays. Nunca. Muito antes do homossexualismo virar uma 'moda' em notória ascensão, jamais preteri nenhum gay de algo que lhe fosse de direito. Todos os gays que trabalhavam ou trabalham comigo, subordinados ou não, sempre receberam os meus respeitos pessoais e profissionais e jamais prejudiquei algum, sendo que vários deles se tornaram, e ainda são, meus diletos amigos pessoais.

3. É constrangedor relembrar o fato, eis que envolve terceiros, mas creio que o maior amigo que eu tive nessa vida, com exceção de meus familiares, era gay.

Isso definitivamente esclarecido (assim espero), vamos continuar com a reflexão, começando com as minhas considerações aos amigos Dario e Geraldo.

Ao caro Dario, expresso que comparar convicção ideológica, política ou religiosa com opção sexual me é incompreensível. Você pode ser ideologicamente de direita, centro, esquerda; ser católico, umbandista, evangélico, messiânico, etc., etc., etc.; que isso nada tem a ver com a sua opção de usar o próprio corpo. Ser gay não é, e jamais será, uma opção ideológica, mas apenas uma livre manifestação de preferência sexual que compete ao livre arbítrio de cada um. Ser gay não é um jeito de ver a vida, ou maneira de conceber Deus, ou estilo de governar um povo, pois assim como ser hétero, trata-se de uma simples opção de prazer carnal. Quanto ao conceito de família, concordo que divergimos, assim como divergimos em outros pontos de vista sobre outras demandas, mas prefiro me manter como sou, com todo o respeito pelas suas opções.

Ao amigo Geraldo, lamento que tenha entendido erroneamente que eu afirmei que é impossível um homossexual ser feliz. Não foi isso que escrevi, apenas relatei que a falsa impressão que os movimentos desse porte pretendem estabelecer ao induzir que o 'mundo gay' é mais 'glamouroso' ou propenso para se encontrar a felicidade, é errada, nociva e perigosa, conforme relato abaixo. Quanto a preconceito, espero que não esteja se criando um preconceito ainda mais venal: o preconceito furioso e radical contra aqueles que supostamente têm preconceito, sem direito a prévia defesa ou ao contraditório.

Para ambos e para os demais, mais uma vez ressalto que não tenho nada contra nenhuma manifestação democrática, desde que repeitados os direitos de terceiros. Sou apologista da livre expressão popular e do amplo exercício de opinião, seja de héteros, gays, negros, flamenguistas, vascaínos, petistas, comunistas, obesos, nisseis, vigilantes, cambistas, ginecologistas, marceneiros, médicos cubanos ou o escambáu. Mas sou contra a mentira e a venda da falsa ilusão, razão pela qual surgiu o meu repúdio, e o mantenho na íntegra.

Meu problema não é contra a passeata GLBT. Meu problema é coma passeata de 'ORGULHO' GLBT. Isso é uma mentira e uma má influência que precisa ser esclarecida e esmiuçada, pois o ORGULHO, peça central da trama, é lascivo e falso.

A sigla GLBT, salvo engano, representa gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, sendo assim, ORGULHO GLBT supõe orgulho em ser um deles. 

Não creio no ORGULHO.

Nunca vi gay chegar num botequim orgulhoso e bater no peito alarmando que acabou de ser deflorado por um garanhão. As lésbicas, em vários casos mais ativos, mantém pênis artificiais entre seus acessórios pessoais para a prática do sexo e creio que teriam orgulho real se tivessem um de verdade em seu corpo, embora várias delas exalem alta sensualidade e feminilidade pelos poros. Travestis e transsexuais se vestem e definem os seus corpos como se mulheres fossem, e se fossem, só assim teriam orgulho sincero. É notório que em todos os casos citados, eles estão amplamente insatisfeitos com os seus corpos, e isso é um enorme empecilho para a felicidade plena, principalmente para quem faz do sexo um ideal que valha a pena se manifestar nas ruas e expor a sua intimidade e opção de desejo. Mas também não quer dizer que não se possa ser feliz assim, especialmente quando se assume a sua preferência perante à sociedade. Isso é problema e solução de cada um.

O que incomoda na tal passeata de ORGULHO GLBT, está aí embutido: a mentira e a dissimulação. ORGULHO GLBT nos remete a falsa ideia de que o 'mundo gay' é mais feliz e próspero. Nos remete a imaginar que o ser humano será eternamente alegre se for gay. Isso gera o temerário risco de se incutir nas mentes menos formadas, inclusive nas nossas crianças, que a promiscuidade é um direito adquirido e tem que ser respeitada. 

Vergonha não é sinônimo de orgulho.

A passeata ocorrida em Barra Mansa não debateu a violência contra gays, que inclusive já aconteceu em Barra Mansa, conforme li através de pesquisa. Não debateu a AIDS. Não debateu o preconceito. Apenas foi um desfile, um tanto bizarro, de pessoas, muitas de fora da cidade, que expuseram uma alegria fugaz que invariavelmente não corresponde ao que sentem na alma nos seus afazeres diários e encontros consigo mesmos. Nos debates mais sérios promovidos durante a semana de combate à discriminação sexual na cidade, a participação foi diminuta e quase nula, sendo assim, não me venham falar que o movimento tinha causas mais nobres do que a orgia propriamente dita. Não foi um manifesto ideológico. Não tentem nos vender mentiras para nos convencer disso.

Espero que os homossexuais, especialmente os gays, não se sintam ofendidos com a minha posição. Muito mais ofensivo é a Rede Globo plantar diariamente estereótipos tacanhos sobre gays em suas novelas que os transformam em símbolos de chacota e divertimento. Homossexuais são dignos de todo o respeito, como assim são todos os nossos irmãos, independentemente de opção sexual ou estilo de vida.

Antes de concluir, quero manifestar meu público repúdio veemente a declaração que, segundo consta, foi proferida pelo superintendente de cultura de Barra Mansa em seu programa diário de rádio quando afirmou que a passeata de ORGULHO GLBT foi um movimento abraçado pela ampla maioria das famílias de Barra Mansa. Isso é uma criminosa mentira. O ORGULHO LGBT não representa as nossas famílias, assim como o radialista também não nos representa.

Aos homossexuais, o meu contumaz respeito. Admiro vários pelo talento, profissionalismo e acima de tudo, pelos seres humanos que são. Pela opção sexual, permitam-me somente respeitar e não admirar. É meu direito. Como é o de vocês de não concordar comigo. Respeito se adquire com respeito.