O MUNDO DÁ VOLTAS. REDONDAS.

foto: FOCO REGIONAL.

DAONDE VEM O MAU CHEIRO?

Existem falsos mitos que duram muito tempo como existem mentiras que enganam muita gente, porém, a verdade, cedo ou tarde, reluz.

Volta Redonda teve uma enorme infelicidade ao eleger o sindicalista Juarez Antunes para a sua prefeitura em 1988. Mesmo que o pouco tempo de seu mandato, em face da sua morte prematura, não nos permita avaliá-lo como Chefe do Executivo, seu vice-prefeito, escolhido com sua total anuência, causou um enorme desastre para a cidade. Wanildo de Carvalho foi um dos piores prefeitos da região sul-fluminense e seu governo ficou marcado por atos libidinosos e improbidades administrativas que se tornaram folclóricas, assim como as propinas recebidas por seus "ilustres" secretários. Na outra eleição, Paulo Baltazar, vereador que tinha se notabilizado por denúncias contra o governo, venceu o pleito e fez um governo de reconstrução moral e administrativa. Como na época não era possível a reeleição, Baltazar elegeria até um poste para sucedê-lo, e poste escolhido foi Neto, então deputado estadual, eleito na carona do fenômeno PL de Álvaro Valle, com cerca de apenas 4 mil votos. Assim como fez na ALERJ, Neto, pródigo em factoides moralizadores, protagonizou posturas ainda mais severas e radicais, tornando-se o "antídoto" contra os pecados passados, mas na verdade, apenas colheu os frutos plantados por Baltazar e "surfou" no reaquecimento econômico da cidade. De pronto, jogou seu patrono para escanteio e colaborou para que essa sombra não mais lhe incomodasse em seus devaneios ambiciosos. Mais tarde, fez o mesmo com Gothardo, seus ex-pupilo e atual oponente.

Não chegou a ser governador nem vice, como pretendia, mas conseguiu, durante muitos anos, ser uma das maiores referências políticas do sul-fluminense. Eu mesmo, confesso, apesar de ser um de seus primeiros críticos vorazes através da coluna "Gente que Vale" do jornal "A Voz da Cidade", deixei-me ludibriar e fiz vista grossa para várias coisas inexplicáveis nas suas gestões, mas quando a PMVR pagou um cachê de R$50 mil para um grupo musical que tinha sido me oferecido por 15, abri novamente meus olhos. Logo depois, Neto teve a pretensão de tentar interferir drasticamente no pleito em Barra Mansa querendo nos convencer a reeleger Zé Renato. Não faltava mais nada para que meu respeito findasse. Neto conseguiu com Zé Renato jogar o seu lixo para cá, mas hoje é incapaz de recolhê-lo. Na merenda, outro contrato mal elaborado trouxe prejuízos para a cidade. O time de futebol da cidade, outrora a menina dos olhos de ouro do prefeito, agora é seu desafeto, simplesmente porque é presidido por adversário político. Os funcionários públicos foram mais uma vez ludibriados e sua suposta severidade perante a Câmara de Vereadores não passa de um engodo de fachada.

Se analisarmos bem, entenderemos que Neto foi criado assim, no meio de uma "panelinha" de amigos que até hoje ele se cerca e usa para se vingar de seus desafetos ou questionadores. Começou na galeria, viajou pelo Cervejinha e culminou no Comercial. Esse é o roteiro político de Neto e sua cartilha de convivência. Para seus amigos tudo, para os inimigos, nem os benefícios da lei. Julga os outros de forma covarde e não pensa um minuto antes de autorizar o achincalhe moral de seus opositores. Usa da máquina pública e do erário para encobrir os seus deslizes e tentar silenciar seus fiscais.

Infelizmente, no último pleito, não foi apresentado candidato ao executivo capaz de conquistar a confiança do povo voltarredondense. Zoinho, mesmo com seu carisma e apelo popular, demonstrou comprometedoras falhas pontuais para um pretenso gestor público, e Neto, aproveitou-se para difundir o "medo da mudança" perante o eleitorado. Aí onde a nefasta lembrança do governo Wanildo, a qual Neto estratégicamente lançou mão, fez a cidade titubear e mantê-lo no "Posto". Sem trocadilhos. Porém, nada  disso  encobre a cristalina observação de que o cidadão comum da Cidade do Aço não tem por Neto o apreço de outrora, senão não haveria sequer um segundo turno, dramático, por sinal.

Volta Redonda está afogada no lixo e Neto culpa a empresa contratada como se ele não tivesse coautoria no documento. Engraçado é que ninguém dá ouvidos para a empresa defenestrada. Gostaria muito de ouvir o que eles têm a dizer. Da mesma forma agiu com a Verdurama e da mesma forma ninguém perguntou aos seus diretores o porquê dos problemas na merenda escolar. Repito, Neto assinou os dois contratos e não pode simplesmente se julgar tolo ou inocente. Ele não está começando agora, e se encontra no 13º ano de exercício do mesmo cargo. Ano 13. Seria um mau presságio?

Volta Redonda está mergulhada no lixo e fedendo. Algo me diz que esse cheiro vem do Palácio 17 de Julho.