O SUICÍDIO AGONIZANTE DE UM MITO.

foto: FOCO REGIONAL.

VÍTIMA DE SI MESMO.

Volta Redonda é uma grande cidade e toda grande cidade brasileira carrega invariavelmente altos índices de violência urbana, mas o que estamos assistindo na Cidade do Aço é algo assustador, atípico e muito abaixo do razoável. Crimes e execuções sumárias viraram rotina e perfil corriqueiro da paisagem da cidade, agora triste, insegura e suja. 

Hoje, o blogueiro Sergio Boechat reporta com absoluta propriedade e feliz oportunismo a fragilidade do sistema de segurança pública da Cidade do Aço, que apesar de ter investido milhões em câmeras e equipamentos, sendo inclusive um dos motes de campanha da reeleição do prefeito Neto, se mostra, na prática, obtuso e ineficaz.

Lemos e assistimos todos os dias prisões de motoristas supostamente embriagados, bares, clubes e boates interditadas e detenções de menores usando drogas em Volta Redonda. Não que isso não mereça atenção especial, mas é muito pouco quando vemos os grandes traficantes e assassinos frios e covardes  circulando livremente nas ruas, gozando de franca impunidade e executando diuturnamente vítimas indefesas de forma inexplicável e irracional.

Há muito tempo disserto que o tráfico de drogas é a mola propulsora da violência no Brasil, e concomitantemente atesto convicto que os traficantes e quadrilhas do crime organizado se estabelecem mais facilmente onde o Poder Público se ausenta. Volta Redonda se encontra atualmente acéfala e vem perdendo a sua identidade por falta de autoridade e competência do Poder Executivo. Neto está fragilizado e seu desgaste político a cada dia se evidencia, fazendo de Volta Redonda um palco fértil para a proliferação da bandidagem e da criminalidade. Não quero aqui, em hipótese alguma, vincular Neto com atos de violência física pois sei que o prefeito jamais seria capaz de compactuar com o crime organizado ou fazer apologia da violência, mas fato é que há uma total inversão de valores no sistema administrativo da cidade a qual ele é o maior responsável há quase duas décadas. O Poder Público tem dedicado especial combate a barzinhos ou boates. O Poder Público prioriza seus atos no combate a mesinhas nas calçadas. O Poder Público é muito rigoroso com motoristas que deixam carros estacionados em vagas não permitidas. Mas muito pouco se combate, de forma racional e inteligente, as raízes primordiais da violência. Acho muito estranho e peculiar o prefeito Neto ter forte votação em áreas onde a marginalidade impera, e isso, coincidentemente nos remete à cumplicidade e anuência, embora repita enfaticamente que atesto que Neto não faz conluio tácito com marginais, mas, pelo menos, mostra-se omisso e fraco no combate ao crime. Neto é violento e rude com seus adversários e opositores mas não apela para a violência física, pois é pródigo de usar outros meios mais sutis, psicológicos e drásticos. Eu mesmo fui vítima disso, todos sabem, por isso afirmo sem medo de ser injusto: Neto erra a mão em suas prioridades. O vício pelo poder eterno lhe cega, inebria, embevece e prejudica a população, que por puro medo, implantado por ele mesmo, lhe concedeu mais quatro anos de condução de destino, porém a alto e insano preço. Chegou a fatura e a conta é demasiadamente cara para ser liquidada por um simples afã pessoal.

A violência de Volta Redonda está fazendo a sua mais importante vítima fatal. Morre lentamente, agonizante e suicidado pela própria vaidade e obsessão: o mito político. Aquele que foi sem nunca ter sido.