UMA ROSA NA TERRA E UMA LUZ NO CÉU.
Não tenho muito apreço por datas comercializadas. Amor não pode ter hora marcada nem data específica. Amor não se mede nem se tabela em preços de presentes. Mas o mundo capitalista gira assim e se a maioria adere, não há o que se questionar. Mas não vejo muita graça vendo amigos viajando para visitar as mães como se fosse um enfado. É o tal vício da obrigação tão bem narrado em uma das inúmeras obras-primas do saudoso Gonzaguinha, desta feita na música Ponto de Interrogação. E isso de certa forma prejudica o amor. Amor é incondicional, não pode ter regras específicas nem rituais obrigatórios. Porém, todavia, domingo será o Dia das Mães. A minha vai bem obrigado, lutando sempre contra seus desafios e medos, e hoje ela pode dividir o seu amor com meus filhos e neta e eu gosto que seja assim, pois fui abençoado, pois tive duas mães, na verdade três, se considerar a minha vó que me teve como um filho, mas vó é assim mesmo. A segunda mãe que tive foi num período muito curto mais muito significativo na minha vida. Estávamos no Rio Grande do Sul quando completei quinze anos e viemos de mala e cuia para Barra Mansa. Meu tio, irmão de minha mãe, era superintendente da Petrobrás e acreditava que Barra Mansa não tinha um bom curso preparatório para o vestibular e insistiu com meus pais para levar-me para o Rio de Janeiro, onde moraria com ele, minha tia e primas na sua cobertura na Visconde de Pirajá, em Ipanema. Meus pais, que sempre viam-me como prodígio, abriram mão de seus afetos para comigo e me liberaram para a capital visando o meu exito no vestibular. Nesse período convivi intensamente com minha tia Lúcia, mulher forte de personalidade idem, palavras soltas e furor no olhar. Minha mãe, assim como todas as mães zelosas, me ensinou a ter medo das coisas. E medo faz a gente evitar muitos desacertos. Mas minha tia, complementando-a, me ensinou a ter coragem, a não temer desafios, a acreditar em mim, a ser ousado, a ser até mesmo rebelde. No meio do ano, Deus subitamente a levou. Foi minha primeira convivencia significativa com a morte. Até hoje, vez por outra, lembro-me dos seus carinhos e das suas palavras, francas, diretas e no alvo, sempre. Foram poucos meses de convivência, mas intensos. Creio que minha tia não poderia ter ido embora sem realizar essa missão, e creio que minha vida seria muito menos válida se não tivesse a oportunidade de vivenciar o mesmo ar que ele respirou. Lucia, luz, lucidez, tia-mãe que Deus me doou. Tenho uma mãe na terra e outra nos campos espirituais. Uma rosa na terra com seu perfume e espinhos e uma luz no céu a me guiar nos meus caminhos.
Anos e anos se passaram e estou aqui, graças a Deus, sem medo da vida ou da morte e sem medo de ser feliz. Então, só me resta agradecer as bênçãos que jorraram e jorram abundantemente na minha vida e desejar as minhas, onde elas tiverem, e a todas dos Universos: UM FELIZ DIA DAS MÃES.
Uma beleza !!
ResponderExcluirForte abraço.
P.E.
Agora que eu já sei a identidade do meu grande amigo P.E. os elogios ficam muito mais valorizados. Um grande abraço, irmão, e estou muito feliz em te ver muito feliz.
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