INVERSÃO DE VALORES.
Nessa semana li uma carta do amigo advogado Silvio Francisco para a "Voz da Cidade" demonstrando a sua indignação quanto ao fechamento do Clube Municipal em Barra Mansa, efetuado pela Prefeitura Municipal. Hoje no mesmo, espaço, vejo o mesmo autor em outra missiva publicada pelo jornal, enaltecendo a sua passagem e gestão na presidência do Conselho Deliberativo do Barra Mansa Futebol Clube. Essa por sua vez, tem tres tônicas: A primeira generalizada, agradecendo o esforço de dirigentes, atletas, comissão técnica, imprensa, torcedores, etc... pelo trabalho realziado pelo time. A segunda é enviar loas ao prefeito de Barra Mansa pelo "apoio" incondicional prestado ao time através da prefeitura de Barra Mansa, e por fim, a terceira tônica é um agradecimento irônico aos que fizeram críticas caluniosas com mensagens falsas, querendo afetá-los, e satirizando concomitantemente a suposta condição de barramansenses dessas pessoas.
Sobre essa carta gostaria de dedicar o espaço desta postagem em nosso Blog.
Em primeiro lugar, deve-se considerar que o advogado é pessoa do círculo íntimo de amizades do dono do jornal e talvez por isso, tenha tido tamanha deferência em espaço tão nobre para tratar de assuntos de fôro íntimo, visto que Silvinho era frequentador diário da sauna do Clube Municipal, onde sempre jogava seu inseparável baralhinho, e sempre foi simpatizante e ativista do Leão doSul, nas mais diversas correntes, seja como atleta, dirigente, torcedor, frequentador, etc... Vê-se que Silvinho usa de fôro privilegiado para dissertar sobre assuntos de seu lazer pessoal, e para tal, usa de pesos e medidas diferentes. Apesar do respeito que nutro por ele, acho que Barra Mansa tem que ser comentada sob outra ótica, a ótica do bem estar coletivo, e não somente, do interesse de grupos ínfimos e quantitativamente diminutos, mesmo porque, mesmo com a altivez de alguns abnegados desportistas, o clube em momento algum, nessa nova fase, atraiu um contingente respeitável de adeptos ou admiradores.
Voltando ao teor da carta, a impressão que se passa é que o Barra Mansa Futebol Clube realizou uma campanha compatível com seu passado, o que de fato não ocorreu, visto que sua classificação na tabela da fase final foi lastimável e sua própria classificação foi obtida graças a irregularidades cometidas por seus concorrentes que não contaram com o aparato público que o Leão do Sul recebeu. Por fim, apesar de jamais ter efetuado "críticas caluniosas" ou "mensagens falsas", vesti a carapuça oferecida pelo autor da missiva, pois fui o único que questionou, em espaço público, as operações realizadas entre o Poder Público e o Barra Mansa Futebol Clube, e para melhor esclarecimento, obrigo-me a fazer um pequeno retrospecto dos fatos, já notórios para quem acompanha nosso Blog desde a sua instalação na web.
Não tenho absolutamente nada contra o Barra Mansa Futebol Clube e sempre sonhei que a cidade tivesse um time a altura de suas tradições e das paixões de nosso povo pelo esporte bretão, mas ocorreram fatos nessa "parceria" com a prefeitura de Barra Mansa que nos colocaram, por questões éticas, na qualidade de permanentes questionadores desse tipo de convênio.
O que houve, à luz da verdade, é que analisando os balancetes da prefeitura municipal de Barra Mansa, no início da gesstão do governo atual, percebi que a FEBAM, autarquia da prefeitura, havia repassado para o Clube do Recanto, entre abril e dezembro de 2008, ano eleitoral, a quantia de R$570.000,00. Na época, como frequentador diário do Clube do Recanto, não consegui vislumbrar qual a razão deste dispêndio, visto que não havia percebido a entrada de um níquel sequer no sede do Clube, da origem mencionada, e por conseguinte, não conseguia entender a legalidade desta despesa.
Após tentar por meios amigáveis uma explicação plausível para esse "fenômeno" contábil, e não obtendo êxito, encaminhei os documentos pertinentes ao vereador Guto Nader, que imediatamente formulou um pedido de informação à prefeitura, que graças ao cochilo da bancada de situação, foi aprovado sem delongas. A partir daí, o prefeito atual teria quinze dias para explicar o feito de seu mentor e antecessor. Qual não foi a nossa surpresa, quando em apenas tres dias, o prefeito Zé Renato assinou a resposta ao legislativo, informando que os valores repassados ao CLUBE DO RECANTO, foram para fazer jus as despesas do BARRA MANSA FUTEBOL CLUBE, no campeonato estadual da terceira divisão, categorias profissional e júnior, para a participação do time de Futsal da cidade na COPA TV RIO SUL, e para despesas com o campeonato amador de futebol municipal. Pela primeira vez em toda a minha carreira pública, vi um atestado de culpabilidade assinado prontamente. O Prefeito dessa forma reconheceu que seu antecessor, usou de uma prática da qual ele também corroborou no início de seu governo, de desvio de dinheiro, usando um "laranja" para receber verbas públicas de instituição irregular, pois, o motivo dessa operação era que o Barra Mansa Futebol Clube, na época inadimplente perante o INSS, não poderia receber essas doações do poder público. Independentemente do fato dos valores repassados supostamente terem sido muito superiores a demanda calculada, pois a prefeitura arcou com diversas despesas de forma direta, e para isso, o MP do RJ está se empenhando em apurar, o que ficou cristalinamente COMPROVADO foi a confissão de um CRIME DE RESPONSABILIDADE. Coincidentemente, durante o perído dos meses de repasse, o então presidente do Clube do Recanto, foi nomeado para uma assessoria especial de esportes e hoje ocupa o cargo de Secretário Municipal de Juventude, Esporte e Lazer. Coincidentemente, essa mesma pessoa também ocupou o cargo de presidente do Barra Mansa Futebol Clube. Outras coincidencias ocorreram neste episódio que conta com mesmos nomes ocupando cargos na diretoria do Clube ou no seu conselho deliberativo e nomeados para importantes funções comissionadas na prefeitura, especialmente nas afetas à Procuradoria do Município. Todos esses fatos, somados a documentos e provas foram encaminhados ao Ministério Público do estado do Rio de Janeiro, me remetendo à plena convicção que os responsáveis pelas ilicitudes serão chamados às suas devidas responsabilidades. Infelizmente a justiça é morosa, mas batom na cueca não permite defesa dentro de casa.
A partir daí, deixei de frequentar o Clube do Recanto, abrindo mão de um espaço de lazer que sempre apreciei, e amizades queridas foram abaladas, mas em nenhum momento me arrependi de ter agido como um servidor público ciente de suas obrigações perante à sociedade.
O que me magoa, é o fato da gente perceber que uma sociedade podre e falida, quando pega em flagrante delito, ao invés de curvar-se perante às evidências, tenta promover inversões de valores e desqualificações morais dos denunciantes.
Não há herói nessa história, e não quero sê-lo, existem apenas vítimas, principalmente os contribuintes municipais logrados e nossos alunos, professores e dependentes da rede municipal de saúde, que tiveram seus benefícios adulterados para o bel-prazer de poucos e operações fraudulentas de fins políticos.
Quero sim um BARRA MANSA FUTEBOL CLUBE FORTE, mas jamais pagando o caro preço de um MUNICÍPIO DE BARRA MANSA FRACO. Os dois são apenas homônimos. Enquanto o patrimîonio lesado da cidade é de toda uma coletividade e população, o patrimônio do Barra Mansa Futebol Clube é de pouquíssimos sócios-proprietários, portanto, eles é que invistam seus rendimentos e bens para valorização se seu Clube e não fiquem na aba de um povo combalido nas suas necessidades essenciais de pleno direito.
VIDA LONGA AO BARRA MANSA FUTEBOL CLUBE.
VIDA ETERNA AO MUNICÍPIO DE BARRA MANSA.