O CAROÇO DO ANGÚ - 2.

ESSE PAPO SEU JÁ TÁ DE MANHA.

Na edição de hoje do jornal "A VOZ DA CIDADE", lemos uma matéria entitulada "EXONERAÇÃO DA SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO É VISTA COMO REPRESÁLIA", e como sub-título: "RUTHINHA COMENTA MUDANÇA NA PASTA E NEGA POSSIBILIDADE DE DEIXAR O CARGO DE VICE-PREFEITA", fazendo alusão a uma visita que a vice-prefeita de Barra Mansa fez a sede do periódico. No escopo da matéria, Ruthinha disse que sua irmã foi vítima de represália política por causa de seu lançamento como pré-candidata ao Executivo, afirma que não participa mais de palanques com o prefeito, que não abrirá mão de seu cargo de vice-prefeita, que continuará "trabalhando pela cidade" e que sua oposição ao Governo não será ferrenha.

Novamente precisamos analisar as entrelinhas do fato.

O prefeito ao exonerar a secretária Vitória, assume claramente que a escolha dela foi meramente política. Lamentamos que tal ato ocorra numa pasta de suma importância no Governo, senão a mais importante. Implícitamente o prefeito assume que seus interesses políticos pessoais estão acima do interesse do futuro de nossas crianças e gerações vindouras de cidadãos. Todo mundo já sabia disso, mas agora ele confessa.

Precisamos ponderar também que jamais alguém imaginou que Ruthinha abriria mão se seu polpudo salário, legal e constitucional, de vice-prefeita. Ela ganhou esse direito nas urnas e ninguém é inocente de achar que ela teria a decisão altruísta de dispensá-lo. Gostar de dinheiro fácil não é crime, mas dizer que não gosta é engodo.

Porém o que fica torpe é a vice-prefeita declarar que na condição de vice-prefeita ela vai "continuar trabalhando pela cidade", grifo nosso. Ora, todo mundo sabe que o papel de vice-prefeito é apenas substituir o prefeito nas suas vacâncias, e ela mesma assumiu que o prefeito em nenhum momento de seu mandato abriu mão do exercício do cargo nem para o gozo de férias, ou seja: se ele não o fez até agora quando a tinha como suposta aliada, não será agora, na declarada condição de adversários, que ele irá fazê-lo. O segundo e último papel do vice-prefeito, segundo a Lei Orgânica do Município e a Constituição Federal, é auxiliar o prefeito, sempre que convocado por ele, em missões especiais. Novamente somos remetidos ao raciocínio óbvio de que se nesses 34 meses ele não convocou a vice para tal, não seria doravante que irá fazê-lo, ou seja: se a vice não substitui o prefeito, não o auxilia, não é convocada e não tem função na prefeitura, somando-se o fato explícito de que nem em palanques comuns sobem e não travam mais diálogos e cientes de que a vice-prefeita não tem nenhuma função administrativa no Governo, em nada, absolutamente nada, ela pode amparar-se para dizer que vai continuar trabalhando pela cidade. É preciso frisar que a própria vice-prefeita afirmou, na mesma matéria, que não tinha espaço nem participação no Governo e que estava totalmente isolada do centro das decisões. Imaginem agora.

Reitero que o recebimento de seus vencimentos é legal e constitucional e não somos tolos em esperar que ela os devolva ao erário, mas também não somos tolos para crermos na afirmação demagógica de que ela vai continuar "trabalhando pela cidade". Campanha política pessoal não é trabalho público, e é preciso que a vice-prefeita saiba que ninguém é tolinho ou senil para cair nessa ladainha.