Para começar a semana, reproduzo, mesmo sem prévia autorização, dois textos inseridos neste final de semana no Blog Estação BM, que retratam, em outro angulo, duas facetas muito comentadas em nosso Blog: O fim do carnaval em Barra Mansa e a lenga-lenga da retirada do pátio de manobras. Seus autores são nossos amigos Valério e Bujão, que com seus estilos próprios e poéticos abordam o tema e comprovam que não é só a gente que está descontente com os rumos que nossa cidade tomou nas mãos das últimas administrações. Vamos primeiro ao texto do Valério:
O último dia do último Carnaval ou Uma desculpa esfarrapada e surrealista para o declínio de uma cidade.
Por Valério Cortez
Não me é possível precisar o dia, muito menos a hora. Talvez fosse algum daqueles instantes perdidos entre a hora passada e a hora porvir. Talvez fosse carnaval. E era carnaval. E era noite. E também era dia.
Nesta época, muito antes do início das obras, se você descesse a Mário Ramos e dobra-se a direita, iria dar de cara com o Jardim Botânico, se dobra-se a esquerda, pegaria a Avenida Nossa Senhora de Copacabana e se seguisse em frente, chegaria ao Cais do Porto.
Antes da construção do Pio XXII, ainda era possível, da Praça da Matriz, ver os Arcos da Lapa, próximos ao Parque Centenário, onde o samba se misturava as preguiças e as putas do local.
E como era carnaval, a Rosa dos Vergéis estava tomada por turistas americanos fantasiados de Super Homens, por turistas argentinos fantasiados de argentinos e por muitos e muitos caipiras mineiros fantasiados de caipiras mineiros.
Enquanto nós, que tínhamos nas veias o sangue do Barão de Aiuruoca, nos fantasiávamos de Marias Bacias, de Nônos do Reco-Reco, de Girões e Malocas.
Todos bebiam. Todos bebiam muito. Eram taças enormes de Gim-Tônica, Grapette e Red Bull, tudo em meio a uma espessa e adocicada névoa de marijuana e Lança Perfume paraguaio.
Todos bebiam e dançavam ao som do Big boy, dos Batokens, do Blue Angels, do Pôr do Sol, dos Brothers e da banda Coronel Antonio Bento.
Das enormes janelas do Municipal era possível ver O Deixa Falar, o Bar do Zé Maria, as Marrecas, o Ilha Clube, o Bar do Kalil, o Cana, a Esquina do Castelinho, o Balsa Bar, o Postinho e o Bloco do Boi, tendo a frente o Omar Careca.
E todos eram felizes, mesmo que não houvesse tanto motivo para tanto.
Mas como não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe, acabou. Pois todo carnaval tem seu fim, e os homens e as cidades também.
Ninguém sabe ao certo porque nunca mais houve carnaval em Rosa dos Vergéis. Alguns acham que foi por causa das obras do Pátio de Manobras, outros, que foi por causa da passagem do Trem Bala, mas eu, sinceramente, continuo achando que nossa decadência começou no dia em que se inaugurou a Boate Porão em Volta Redonda e prosperou por todos esses os anos, nas liquidações no Sider Shopping.
Parece que depois disso, os americanos e os argentinos foram embora, há quem diga que eles nunca estiveram aqui, e os caipiras mineiros, ao que se sabe, voltaram todos para as suas Passa Vintes e Andrelândias.
Depois que tudo e todos foram embora, a Rosa dos Vergéis foi tomada de lojinhas de R$ 1,99, de Pet Shops de banho & tosa e de Estacionamentos a R$ 2,00 a hora.
E hoje, se descermos a Mário Ramos e dobrarmos a direita, iremos em direção a Rodoviária, se seguirmos em frente, alcançaremos a Dario Aragão e se dobramos a esquerda, provavelmente seremos multados.
No mais, é como disse monteiro Lobato - Aqui tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito
Como será amanhã?
Por Valério Cortez
Não me é possível precisar o dia, muito menos a hora. Talvez fosse algum daqueles instantes perdidos entre a hora passada e a hora porvir. Talvez fosse carnaval. E era carnaval. E era noite. E também era dia.
Nesta época, muito antes do início das obras, se você descesse a Mário Ramos e dobra-se a direita, iria dar de cara com o Jardim Botânico, se dobra-se a esquerda, pegaria a Avenida Nossa Senhora de Copacabana e se seguisse em frente, chegaria ao Cais do Porto.
Antes da construção do Pio XXII, ainda era possível, da Praça da Matriz, ver os Arcos da Lapa, próximos ao Parque Centenário, onde o samba se misturava as preguiças e as putas do local.
E como era carnaval, a Rosa dos Vergéis estava tomada por turistas americanos fantasiados de Super Homens, por turistas argentinos fantasiados de argentinos e por muitos e muitos caipiras mineiros fantasiados de caipiras mineiros.
Enquanto nós, que tínhamos nas veias o sangue do Barão de Aiuruoca, nos fantasiávamos de Marias Bacias, de Nônos do Reco-Reco, de Girões e Malocas.
Todos bebiam. Todos bebiam muito. Eram taças enormes de Gim-Tônica, Grapette e Red Bull, tudo em meio a uma espessa e adocicada névoa de marijuana e Lança Perfume paraguaio.
Todos bebiam e dançavam ao som do Big boy, dos Batokens, do Blue Angels, do Pôr do Sol, dos Brothers e da banda Coronel Antonio Bento.
Das enormes janelas do Municipal era possível ver O Deixa Falar, o Bar do Zé Maria, as Marrecas, o Ilha Clube, o Bar do Kalil, o Cana, a Esquina do Castelinho, o Balsa Bar, o Postinho e o Bloco do Boi, tendo a frente o Omar Careca.
E todos eram felizes, mesmo que não houvesse tanto motivo para tanto.
Mas como não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe, acabou. Pois todo carnaval tem seu fim, e os homens e as cidades também.
Ninguém sabe ao certo porque nunca mais houve carnaval em Rosa dos Vergéis. Alguns acham que foi por causa das obras do Pátio de Manobras, outros, que foi por causa da passagem do Trem Bala, mas eu, sinceramente, continuo achando que nossa decadência começou no dia em que se inaugurou a Boate Porão em Volta Redonda e prosperou por todos esses os anos, nas liquidações no Sider Shopping.
Parece que depois disso, os americanos e os argentinos foram embora, há quem diga que eles nunca estiveram aqui, e os caipiras mineiros, ao que se sabe, voltaram todos para as suas Passa Vintes e Andrelândias.
Depois que tudo e todos foram embora, a Rosa dos Vergéis foi tomada de lojinhas de R$ 1,99, de Pet Shops de banho & tosa e de Estacionamentos a R$ 2,00 a hora.
E hoje, se descermos a Mário Ramos e dobrarmos a direita, iremos em direção a Rodoviária, se seguirmos em frente, alcançaremos a Dario Aragão e se dobramos a esquerda, provavelmente seremos multados.
No mais, é como disse monteiro Lobato - Aqui tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito
Como será amanhã?
Responda quem puder
O que irá me acontecer?
O meu destino será
Como Deus quiser
Como será?...
Valério Cortez
Coloquei no Facebook o seguinte post:
Vocês conhecem o grito de carnaval em Barra Mansa? É mais ou menos assim: SOOOOOOOOOOOCCCCOOOOOOORRRRRROOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!
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