PATATIVA, PROFESSORA NEM TANTO.

PREFEITURA SEM PREFEITO.

Passando ao lado da manifestação do SEPE e dos professores da rede pública municpal de Barra Mansa, recebi uma carta aberta à população, que começa com um trecho do cordel "Prefeitura sem Prefeito" de autoria do poeta Patativa do Assaré, que através da foto acima, prestamos nossa homenagem póstuma:

Ainda que alguém me diga
Que viu um mudo falando
Um elefante dançando
No lombo de uma formiga,
Não me causará intriga,
Escutarei com respeito,
Não mentiu este sujeito.
Muito mais barbaridade
É haver numa cidade
Prefeitura sem prefeito.
Não vou teimar com quem diz
Que viu ferro dar azeite,
Um avestruz dando leite
E pedra criar raiz,
Ema apanhar de perdiz
Um rio fora do leito,
Um aleijão sem defeito
E um morto declarar guerra,
Porque vejo em minha terra
Prefeitura sem prefeito.

E a carta continua, conforme esta reprodução:

Este poema de domínio público do eterno poeta, Patativa do Assaré, retrata bem o que o povo desta terra chamada Barra Mansa está passando. Estamos a beira da barbárie devido aos desmandos do (des)governo municipal. Qualquer cidadão dessta cidade sabe apontar os problemas porque passa "nossa" Barra Mansa. Nós profissionais da Educação(professores e funcionários), das escolas públicas municipais, queremos expressar nossa indignação com os rumos da educação nesta cidade. O prefeito e seu grupo - Cargos de Confianças(inclui-se aí as diretoras das escolas)-muito bem gratificados, juntamente com a maioria da Câmara de Vereadores, são os culpados pelo CAOS NAS ESCOLAS (sem telhados, rede elétrica danificada, mofo e sem aulas). A conta quem paga são os professores, funcionários e os nossos filhos(as), alunos das escolas públicas, que mal formados terão como futuro o desemprego, o subemprego ou trabalho excessivo e mal remunerado(semi-escravo) São as "migalhas" que lhes restarão. Enquanto os "amigos" do prefeito estão se fartando. A educação em Barra Mansa virou um bom negócio para algumas empresas(COC NAME, NUTRI SAÚDE, outras), enquanto os trabalhadores da educação são tratados como "peões" e inimigos pelo governo que comete assédio moral ameaçando e perseguindo esses profissionais. Enfim, a política do prefeito Zé Renato ataca a educação, promovendo a desvalorização do ensino. Sabemos que a valorização profissional é a essência para uma escola de qualidade por isso, como parte desta resistência ESTAMOS FAZENDO UMA PARALISAÇÃO PARCIAL de nossas atividades. Exigimos: REAJUSTE EMERGENCIAL DE 26%; DESCONGELAMENTO DO NÍVEL/REFERÊNCIA; PLANO DE CARREIRA; ELEIÇÃO DIRETAS PARA DIRETORES E CARGA HORÁRIA DE 30 HORAS PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS ADMINISTRATIVOS; MELHORIAS NA ESTRUTURA FÍSICA DAS ESCOLAS.

Mesmo percebendo alguns erros de pontuação e concordância, reproduzi fielmente a carta do SEPE, para não correr o risco de ser acusado de adulteração, porém, compreendo tais erros, pois nós quando escrevemos com paixão, as vezes nosso raciocínio fala mais rápido do que a regra.

Bem, sobre a carta, mesmo percebendo um certo fundo político desnecessário na empreitada, haja vista que a discussão é de tema grandioso, só resta-me solidarizar-me com o SEPE, principalmente no tocante às justas reivindicações.

Lamentei um pouco o número reduzido de participantes, que enfrentando o frio e a chuva, lutam dignamente pelos seus direitos. É preciso que os outros profissionais de educação, mesmo que conformados com tal estado de coisa e desesperançosos de melhorias nesse governo, não sucumbam no marasmo de suas vidas.

A minha preocupação não é somente com a remuneração desses profissionais. É muito mais grave. A minha neurose é com as crianças que estão a mercê dessas pessoas, que podem ter toda a sua vida e seu futuro alterados por falta de informação ou por informação de má qualidade. São decisões e rumos que esses pequenos jovens tomarão tendo como base a sua formação, e caso os profissionais que as ministrem estejam desqualificados ou desmotivados para faze-lo, sombrio destino os espera e toda uma geração sofrerá.

Pensem nisso, professores e administradores.

Há muita coisa em jogo, muito mais do que o Poder que a política proporciona ou o que um bom salário pode oferecer. Está em jogo nossa missão e o destino de nossos pequeninos semelhantes, que na sua incapacidade física de reagir e entender, colocam seus futuros em nossas mãos.