ÚLTIMO CAPÍTULO. O FIM DOS CORONÉIS.
Ontem assisti o debate da BAND com os candidatos a prefeito de Volta Redonda, Zoinho e Neto. Assim como o debate da TV Rio Sul, foi sofrível. Ambos ficam extremamente nervosos em frente câmeras ao vivo. Realmente não é muito fácil. Tive a oportunidade de apresentar um jornalístico na mesma emissora, "ao vivo", e sei que é uma proeza difícil de ser cumprida, embora tenha gostado muito da experiência.
Ontem, se por um lado tínhamos um candidato com uma expressão melhor e mais determinado (Zoinho), ele demonstrou profundo nervosismo. Creio, com todo o respeito, que sua equipe de apoio para o debate lhe inflamou de dados técnicos, mas esqueceu de lhe orientar sobre respiração, "timing", gestuais, expressões e entonação de voz, tirando assim, a naturalidade com que Zoinho consegue interagir com todos os segmentos do eleitorado, especialmente os mais humildes. É preciso deixá-lo mais a vontade e deixá-lo ser que ele realmente é: um bom sujeito.
Porém, o que ficará inesquecível ao lembrarmos deste debate, transmitido e envergonhado Volta Redonda para 72 municípios fluminenses, foi a postura ofensiva, agressiva, raivosa, truculenta, irresponsável, leviana e desesperada do prefeito Neto. Já assisti a mais de uma centena de debates na história política brasileira e jamais vi nada parecido e tão vulgar. Neto, por reiteradas vezes, insistiu em associar Zoinho à grupos de extermínio e milícias. Neto, por reiteradas vezes, quis associar Zoinho com o nefasto governo Wanildo, que Baltazar enfrentou e derrubou para depois entregar-lhe a cidade enxuta e moralizada em suas mãos. Neto omite que era deputado à época e Zoinho era um modesto vereador. Neto repetiu, por incontáveis vezes, como um engordurado disco arranhado, que Volta Redonda sabe muito bem quem é Zoinho. Ora, deve saber mesmo, pois o elegeu vereador por duas vezes, elegeu-o como deputado federal e colocou-o num segundo turno da eleição para prefeito, mesmo contra uma ardilosa e compacta máquina administrativa enrijecida com dezesseis anos de poder.
Na mesma TV, Band, tive a oportunidade de entrevistar Neto por duas vezes, ao vivo, e várias vezes ele repetiu que eu era o melhor apresentador para quem ele tinha concedido uma entrevista. Da mesma forma, eu achei que ele se saiu muito bem nas duas, pois, na época, não carregava tanto ódio no coração nem se sentia ameaçado. Agora, na iminência de perder o poder, Neto talvez tenha se traído e demonstrado as verdadeiras garras. Costumo repetir e provar que não sou adepto a medos, porém, esse Neto, possesso e agarrado a matéria e ao poder, me intimida e me provoca temor. O que esse homem, agora desmascarado pelas próprias palavras, será capaz de fazer para tentar se perpetuar no comando da cidade que tantas oportunidades lhe deu?
Que direito, acima do bem, do mal e da justiça, Neto supõe que detém para dirigir-se a um metalúrgico de 32 anos de efetivo exercício laboral na Companhia Siderúrgica Nacional, casado, pai, criador de três filhos, ex-vereador, atual deputado federal, candidato a prefeito escolhido pelo povo para disputar o segundo turno, e tentar associar-lhe a milícias e a grupos de extermínio? Se Neto tivesse apenas uma evidência ou mínimo indício de prova contra Zoinho, certamente, há muito, já a teria oferecido para a justiça, a mesma justiça que espero seja acionada por Zoinho contra Neto, independentemente do resultado do pleito, por injúria, difamação, falsidade ideológica e calúnia.
Neto acusou tacitamente seu adversário de diversos crimes, bárbaros crimes, mas na realidade, quem foi criminoso na noite de ontem, foi Neto.
Neto acusou Zoinho de ter efetiva participação no governo Wanildo, que segundo ele, roubou e esvaziou os cofres públicos da prefeitura de Volta Redonda. Se isso fosse verdade, por que então Zoinho teve que partir para o exterior, trabalhar na construção civil, como mero operário, em troca de subsistência, ao final de seu mandato parlamentar?
Neto não sabe o que é necessidade financeira. Nasceu em berço de ouro e jamais teve uma carteira de trabalho assinada. Saiu de suas rodas sociais de jovens para um mandato de deputado estadual, depois virou prefeito, agarrou-se ao cargo e trai quem quer que seja para permanecer no deleite do desejo insaciável do poder. Suas vítimas de traição perfilam-se na história: Álvaro Valle, José Luiz de Sá, Marcello Alencar, Baltazar, Fernando Henrique, Gabeira, Garotinho, Rosinha, entre outros. Se conveniente for, chegará a hora de Dilma, Lula, Sérgio Cabral e Pezão, a quem veladamente, Neto sempre carregou uma ponta indisfarçável de despeito. Basta ser necessário e oportuno politicamente que Neto descarta antigas e inconfiáveis afeições.
Que moral tem esse homem de mãos finas e frágeis, tratadas esmeradamente por manicures, para assacar contra a honra de um metalúrgico aposentado que tem as suas mãos limpas e calejadas após anos a fio de alto forno e de obras da construção civil pelo mundo afora?
O único crime de Zoinho é enfrentar o poderio até então não "desafiável" do prefeito Neto. O único "pecado" de Zoinho é ter a empáfia de querer ousar sonhar e devolver a cidade de Volta Redonda para todos os seus munícipes e não apenas deixar permanecer o centro das decisões e benesses para um seleto e esgotado grupo de apaniguados do prefeito Neto, o absoluto.
Neto fez um bom trabalho durante anos. Continuou a linha de Baltazar e promoveu avanços sociais inquestionáveis. Mas seu tempo acabou. Um homem de bem, como ele se diz mas não prova ser, sabe a hora de passar o lugar e desapegar-se do poder. Esse Neto que ontem eu vi na TV, em nada se parece com o homem que um dia eu apreciei e defendi. Em nada lembra o cidadão supostamente humilde que governava com simplicidade e fugia de ataques torpes conta desafetos. Esse Neto atual, bruto e virulento, "imedido" com a oratória e irresponsável com palavras e atos, eu defenestro e abomino.
Espero que no debate de logo mais, na Tv Rio Sul, permitam que Zoinho fique mais a vontade. Permitam que Zoinho respire pausadamente e fale com suas próprias palavras e pensamentos. Permitam que Zoinho se dirija aos seus semelhantes e conterrâneos e olhando nos olhos do povo de Volta Redonda, e com calma e resignação, demonstre que A Cidade do Aço pode mais e melhor. Que Zoinho convença os indecisos que ao invés de Neto prometer trocar apenas alguns nomes de seus colaboradores (se é que vai trocar, pois eu não acredito), ele, por sua vez, trocará TODOS, e dará oportunidades para que outros cidadãos contribuam com o desenvolvimento da cidade e com o enriquecimento da nossa região.
O debate da Tv Rio Sul, será realizado e transmitido hoje, ao "vivo", logo após a apresentação do último capítulo da novela "Gabriela". Emblematicamente, nesse último capítulo, será decretado o fim do império político dos "coronéis" de Ilhéus. Espero que no debate e nas eleições de domingo, o mesmo final feliz aconteça em Volta Redonda.
Salve Jorge, Oliveira, Zoinho!