O ENGODO DA COTA PARA MULHERES.

ENGABELAÇÃO ELEITORAL.

A cota mínima de 30% de candidatas mulheres para o incentivo a participação feminina na vida política transformou-se num balela e um grande engodo. Em Barra Mansa, isso fica muito claro. Nas treze composições partidárias que disputaram o pleito visando o legislativo, percebeu-se que nenhuma atendeu as expectativas. Em vários partidos, identificamos candidatas "fantasmas" que obtiveram apenas um ou nenhum voto, comprovando a prática de se colocarem mulheres para se possibilitar maior número de candidatos homens. Analisemos um a um, e vejamos os resultados:

COLIGAÇÃO PR/DEM: Apenas 10 dos 35 postulantes que efetivamente disputaram a eleição eram mulheres, perfazendo um índice inferior ao que se determina a lei (28,57%). O desempenho das mulheres foi assim identificado: Paula Nader (720), Mimi (99), Maria da Lojinha (77), Sandra Guimarães (53), Eva Dutra (47), Danda Lelis (28), Maria de Lourdes (26), Mônica do Algodão Doce (26), Carminha (15) e Cintia Lira (14). Cida teve ZERO voto. Somente 17,22% dos votos nominais foram destinados as mulheres.

COLIGAÇÃO FORÇA DO BEM: Somente 5 dos 17 candidatos que disputaram a eleição eram mulheres perfazendo o quórum insuficiente de 29,41%. As mulheres obtiveram a seguinte votação: Zamira (262), Enfermeira Julita (180), Tina (47), Janete (35) e Dona Ângela (8). Márcia da Fazenda teve ZERO voto. O percentual de votos para as mulheres foi de apenas 6,43%.

COLIGAÇÃO JUNTOS SOMOS FORTES: Somente 5 dos 21 candidatos reais ao pleito eram mulheres, perfazendo o índice ilegal de 23,81%. O desempenho das mulheres foi compatível: Lusia Melchiades (785), Gracinha (265), Madalena (101), Perpétiua (24) e Angela do São Francisco (21). Leninha e Paula Melo tiveram apenas UM voto e Betinha ZERO voto. 24,82% dos votos foram destinados às mulheres, mas assim como a outra coligação (PP) que teve um índice razoável de votação feminina, foram as únicas que não consquistaram cadeira na Câmara Municipal.

COLIGAÇÃO RENOVAR PRA MUDAR: Apenas 9 dos 35 candidatos reais eram mulheres atingindo um índice irregular de somente 25,71%. As mulheres conquistaram os seguintes resultados: Rose Meire (122), Rosinha do Uniforme (86), Ivonete Vevete (66), Sandra do Postinho (64), Luara (63), Tia Lourdes (54), Euridice (52), Rose (50) e Clea Liz (31). Apenas 5,75% dos votos nominais foram dedicados as mulheres.

COLIGAÇÃO TEM QUE TER FÉ: Somente 7 dos 32 candidatos de fato ao pleito eram do sexo feminino, obtendo o índice irrizório e ilegal de 21,88%, O desempenho das mulheres foi: Professora Maria Lúcia (645), Prof. Fátima (528), Prof. Lúcia Meneghelle (260), Lúcia Fagundes (222), Anália (212), Alexsandra Beltrão (159) e Dra. Emília (92). Fernanda teve apenas UM voto e Angélica, Dayse Mara, Rosa e Sônia do Sindicato tiveram ZERO voto. 17,58% dos votos foram destinados às mulheres.

COLIGAÇÃO UNIDOS POR BARRA MANSA: Somente 8 dos 33 candidatos verídicos na eleição eram mulheres, totalizando apenas o índice de 24,24%. As mulheres obtiveram os seguintes resultados: Patrícia Araujo (68), Tia Cleia (66), Jennifer filha do Clementino (50), Silvia Instrutora (32), Fabiola Campelo (26), Vilma Medeiros (22), Cleide Coelho (6) e Seila da Boa Sorte (4). Ana Beatriz dos Santos Brite, Eni Maria, Cida do Mercado e Marlene Amora tiveram ZERO voto. Somente irrizórios e desprezíveis 4,10% de votos foram destinados às mulheres.

PMDB: Este partido alcançou o quórum mínimo de mulheres (37,5%), mas o desempenho foi pífio: Nádia (101), Tia Elza (81), Irmã Dina (54), Prof. Izaura (50), Sueli Machado (47), Noêmia (44), Selma Diniz (41), Tia Ana (33) E Heloisa (14). Apenas 5,60% dos votos nominais foram para mulheres.

PP: Essa foi outra legenda regular no tocante as mulheres (37,5%) e percentual de desempenho, porém também não conseguiu eleger ninguém, aliás, como previsto, passou longe, muito longe, de obter o coeficiente eleitoral mínimo para êxito. As mulheres obtiveram 41,85% dos votos nominais assim distríbuidos: Beth Melo (462), Josefa Rodrigues (159), Bárbara tec. de enfermagem (117), Rosangela Pasquinelli (87), Betinha do Jardim Guanabara (57) e Elessandra (Lelê) (53).

PSDB: Apenas 4 dos 16 candidatos eram mulheres, atingindo o irregular percentual de 25%. O desempenho das mulheres foi esse: Josefina do Buffet (48), Ritinha Brochado (47), Eliana Cardozo (44) e Prof. Izabel (28). Aretuza teve apenas UM voto e Maria Lúcia Xavier, ZERO voto. Somente 3,10% dos votos nominais foram oferecidos para as mulheres.

PSDC: Esse partido atendeu o limite mínimo legal (34,62%), mas o desempenho das candidatas também foi fraco: Lenimar (687), Vera Chaves (77), Regina da Dengue (63), Elizabeth Fernandes (48), Maria Assunção (30), Surama do CIEP (24), Lenita Gama (9), Fabiana Basílio (9) e Iara Acunha (5). Tânia teve ZERO voto. O percentual para votos femininos foi de 10,61% dos votos nominais para o partido.

PSL: Também, de fato, não respeitou o número mínimo de mulheres, inclusive, antes do próprio pleito. Apenas 5 dos 17 candidatos efetivos eram mulheres (29,41%). O resultado para elas foi: Rosana Gama (463), Licia Marassi (157), Tereza Castro (126), Marta da Moto (33) e Janaina Fieto (25). Somente 12,60% dos votos foram destinados a ala feminina do partido.

PT: O partido da candidata a prefeita, mulher, também não se adequaou a lei. Apenas 7 dos 26 candidatos reais eram mulheres, perfazendo o irregular índice de 26,92%. O desempenho delas foi: Zélia Amorim (480), Lígia de Cássia (300), Dulcinéia (222), Professora Clarice (200), Beatriz (143), Júlia do PT (126) e Clarina Costureira (77). 17,43% dos votos nominais foram para mulheres.

PV: Adequou-se a lei no tocante ao percentual mínimo (36,36%) mas os resultados foram fracos: Brasilina (103), Eliete Fonseca (73), Zilá Ferrreira (69), Elieuza (58), Tia Lea (58), Simonetti Balieiro (55), Sandra (49) e Izabella (30). Apenas 6,18% dos votos nominais para o partido foram direcionados para o sexo feminino.

Essas ilegalidades que passam às margens da observação da justiça comprovam a ineficácia da Lei que pretendia, em seu nascedouro, incrementar a participação feminina na vida pública. Em Barra Mansa, apenas 11,56% dos votos nominais foram dispensados para mulheres. Não teremos nenhuma representante feminina na Câmara Municipal nos próximos quatro anos. É absurdo que isso aconteça em uma cidade em que a sua única deputada é mulher e a vice-prefeita também seja. Porém, sem querer cometer injustiça, talvez sejam elas mesmas as maiores culpadas desta anomalia. Inês no seu partido ou nas suas bases, jamais demonstrou fomentar a participação feminina na vida pública. Rutinha, idem. Inês quando apresenta candidatos a deputados federais em suas dobradinhas políticas, invariavelmente são homens. Ruthinha, por sua vez, também trouxe um candidato homem de fora para cooptar votos na cidade. A própria única vereadora da atual composição legislativa, Sônia Coutinho, que se absteve de participar do pleito por compreensíveis obstáculos pessoais, ao invés de apoiar qualquer mulher, optou por dedicar o seu eleitorado para um homem. O discurso pela participação feminina cai por terra quando as atitudes não se coadunam com as palavras.

Já que existem cotas raciais e sexuais em tantos segmentos da vida pública, por que então a Lei não torna-se mais abrangente e estabelece que 30% dos ELEITOS sejam mulheres?

Enquanto isso, que creio ser uma grande utopia, não acontece, é preciso que as mulheres procurem se instruir mais sobre o processo político e façam valer a evolução feminina em todo o mundo e se organizem de forma a efetivamente conseguirem êxito. É preciso que as mulheres repudiem expedientes de oferecimento de nomes e documentos para composições ilícitas e fraudulentas. O genético senso maternal que Deus as deu é fundamental no dia-a-dia dos corredores do poder e creio piamente que elas podem muito mais. É preciso termos mulheres nas esferas do poder para debatermos políticas públicas direcionadas para o sexo feminino. Estamos no terceiro milênio e não podemos mais retroagirmos para uma época nefasta onde as mulheres não tinham voz nem vez.

Em Volta Redonda, dos 21 vereadores eleitos, apenas uma é mulher. Nos trinta candidatos mais votados, só constam duas mulheres. E na região, as coisas não foram muito diferentes, e creio que no Brasil também. Não está na hora de se repensar essa malsinada Lei?