ATÉ QUANDO, BARRA MANSA?

UMA BARRA DE DESABAFO CONTRA UMA CIDADE MANSA.
postagem nº 4.000.

Ontem, pela noite, estive rapidamente na ACIAP de Barra Mansa para testemunhar a Audiência Pública promovida pelo Prefeito Jonas Marins para elucidação de fatos sobre o projeto de readequação ferroviária em Barra Mansa. Permaneci enquanto meu estômago suportou. Saí de lá, provavelmente como a maioria dos participantes, com a sensação desagradável de me sentir um idiota por ser barramansense de coração e moradia.

Na ocasião, ficamos oficialmente cientes de que aquele projeto megalômano apresentado ilegalmente na campanha de reeleição do então prefeito Zé Renato, posto que fora pago pelo erário municipal, tratava-se de um embuste inominável e de um flagrante engodo. Na realidade, com total anuência do prefeito anterior e sua corja, não existem aquelas ciclovias no projeto, não existe a tão propalada passagem de nível subterrânea, não existem as várias passarelas prometidas e até o cronograma da obra fora adulterado. O que consta no projeto, de fato, são apenas esses dois viadutos que até agora só nos deram transtorno, sem nenhuma praticidade factível, e apenas mais três passarelas de pedestres. Com essas pequenas investiduras, o Governo Federal, através do DNIT, para deleite das vorazes concessionárias do transporte ferroviário, pretende cercar a cidade em dois blocos, sul e norte, e assassinar no coração toda nossa já frágil mobilidade urbana.

Esse crime social contou com a aquiescência do prefeito Zé Renato, que em campanha, com toda a cara de pau possível, foi para a televisão, com face de padre, voz de vovô, olhos de vítima, e expressão de caridade, vender um ludíbrio incomensurável para todos os cidadãos desta cidade. Sabia ele, muito bem, que já haviam sido cortadas abruptamente as grandes benesses urbanísticas do projeto. Aceitou, como sórdida raposa felpuda e sanguinária, os termos criminosos dessa supressão de nossos sonhos. Cínico, sonso, venal e ambicioso, pretendia manter a omissão e a ignorância para tentar, por mais quatro anos, malograr o nosso povo e continuar promovendo ardis, desvios e negociatas para bel prazer de seus apaniguados e comparsas.

Nossos leitores sabem que jamais esperei grande coisa desse espectro de homem, todavia, confesso-me surpreso ao perceber que aquele modesto engenheirinho químico que anos atrás somente galgava aposentar-se chefiando uma ineficiente estaçãozinha de tratamento de água, com o passar do tempo, e moldado pelas mãos do maquiavélico Roosevelt Brasil, tenha se transformado num obsessivo perigoso e contumaz mentiroso em sua recente ânsia gulosa de poder e verbas.

Enquanto neste país ações como essas não levarem de pronto seus mentores e praticantes para as barras das grades das mais frívolas cadeias, esses facínoras das finanças públicas continuarão a praticar esses sórdidos expedientes. É bom ressaltar que certamente ele não agiu sozinho, visto que não percebi nenhum colaborador direto de seu governo na assembleia, certamente porque há muito já sabiam do que se tratava, com exceção de uma senhora sem noção que já foi petista de primeira hora, depois virou adesista do Zé, pois reza em qualquer cartilha que lhe ofereça uma reles boquinha, e ontem ainda teve a insolência de pedir a palavra para proferir um pronunciamento ignóbil, quando, como expressei no início deste texto, meu estômago pediu licença para se retirar ao lembrar que ela mesma ofereceu depoimento na TV querendo nos convencer que Zé Renato era um homem generoso e portador de princípios éticos ilibados.

Estelionato político, fraude social, logro eleitoral, embuste ideológico, desacato público, ou todas essas expressões alternadas ou somadas ainda são pouco para definir ou descrever esse acinte covarde que resume o legado deixado por Zé Renato para nossa cidade: mentiras, mentiras, e mais mentiras.

O ex-prefeito só me causa revolta. Os secretários que mancomunaram com esse golpe também. Os marqueteiros que ajudaram na concepção dessa tramoia, idem. Os políticos que vestiram a camisa da farsa e abraçaram o projeto político do anterior governo municipal, da mesma forma. Sérgio Cabral, Neto, Pezão, e todas as autoridades que vieram ao município para promover Zé Renato, mesmo cientes da patranha do projeto de retirada do pátio de manobras, deveriam ter vergonha ao pensarem em retornar a colocar os pés em nossa cidade. Enfim, todos aqueles que covardemente se omitiram quanto à sangria praticada em nossos sonhos merecem os infortúnios que suas consciências, caso ainda as tenham, possam causar nas suas almas. Revolto-me também com a deputada petista que dizia aos quatro ventos ser a grande interlocutora do município perante o Governo Federal e que estava a par de tudo que envolvia o processo de readequação urbana no município, pois se constata que era outra mentira, visto que agora alega que nada sabia.

Por essas e outras que a classe política está em tão baixa conta perante o cidadão. Não é para menos.

Após a compreensível repulsa que nos causa, só nos resta retomar a luta e pautar nossos atos com as seguintes premissas:

1. Não podemos permitir, de forma alguma, que nossa cidade seja murada enquanto não houver, de fato, acessos consistentes para a transposição ágil de um lado para outro da cidade.

2. Todo deputado federal que pleitear angariar um mínimo voto em nossas urnas, deverá, em ato contínuo, assumir essa bandeira de compromisso com nosso município, e desde já, comprovar ações producentes neste sentido.

3. É preciso que nosso Prefeito, cujo partido faz parte da base de sustentação do Governo da Presidente Dilma, exija que nossa cidade seja tratada com respeito e seja prontamente reparada em seu prejuízo. Não é mais possível nosso município servir para esgoto aéreo de minério sem nenhuma compensação. Não é mais suportável percorrer a cidade e constatar o estrago que esses vagões causam em nosso desenvolvimento e qualidade de vida.

Amo essa cidade, mas paradoxalmente me envergonho de ser mais um dos cidadãos que estão de braços cruzados assistindo passivamente esse festival de impropriedades sem tomar nenhuma atitude mais enérgica. Transformamo-nos num bando de bananas que aceita com resignação e fragilidade toda a sorte de desacatos contra a nossa cidadania e punhaladas em nosso direito.

Até quando, Barra Mansa?

Em tempo: Nunca pedi isto, mas desta vez,  se quiserem compartilhar, desde já agradeço.