segunda-feira, 24 de maio de 2010

FOLCLORE POLÍTICO – VIII.


COMEÇO DIFÍCIL.

Quando foi convencido pelos amigos a se candidatar à prefeito de Barra Mansa, Moacyr Chiesse sabia que com os poucos recursos que dispunha, teria que gastar muita sola de sapato e palavras. Sabia também que o início da trajetória seria difícil pois era pouco conhecido na cidade e seus supostos adversários já eram nomes tradicionais no páreo político. Mas Moacyr não desanimou. Sabia que sua campanha teria que ser construída voto a voto com paciência e humildade. Numa belo dia de domingo, resolveu ir com os poucos amigos que encamparam a batalha, ao bairro Vila Nova na tentativa de dissertar para eleitores em praça pública. Lá chegando, Moacyr percebeu que havia um tonel que seria perfeito para que ele ao subir nele e discursar, despertar a atenção dos transeuntes. Não titubeou, subiu no tonel e começou a proferir suas palavras de ordem, aliadas a críticas oposicionistas e promessas eleitoreiras. Passados mais de quinze minutos de sua oratória, Moacyr, quase desanimado percebeu que somente um cidadão da localidade ouvia as suas palavras. Em respeito a este solitário, porém fiel e respeitoso ouvinte, Moacyr não encurtou a linha de raciocínio e continuou com o seu discurso ensaiado que demandou mais vinte minutos, todos eles vividos com a atenção do solitário espectador. Ao final de sua prosa, Moacyr comovido com a fidelidade do eleitor atento, dirigiu-lhe a palavra nestes termos: - Quero agradecer penhoradamente ao ilustre concidadão que cônscio de suas obrigações civis e da imensa responsabilidade que nos pesa nos ombros diante do próximo pleito que poderá mudar os rumos de nosso amado município, ouviu atentamente a nossa mensagem numa demonstração soberana de ativa participação democrática e responsabilidade cívica. O Senhor, caro e honrado eleitor, gostaria de formular alguma pergunta sobre o teor de nossas propostas?
Quando o cidadão respondeu laconicamente: - Na verdade eu nem ouvi muito bem nem entendi o que o senhor falou, só estou esperando o senhor acabar para que eu possa levar o meu tonel embora, afinal ele é meu, e como todo político é ladrão, estou tomando conta para que o senhor não o leve consigo, já que nem sequer me pediu autorização para usá-lo. O senhor pode descer por gentileza?

Um comentário:

  1. Meu avô contava essa história,mas nunca soube dizer quem era o caro e honrado eleitor,que teve a coragem de dizer isto ao nobre candidato. Será que ainda é vivo?Será
    que não possue descendentes com a sua coragem e sinceridade para ir a inaugurações e comícios da turma do bem?

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