EM BARRA MANSA, POR TRÁS DO ÔNIBUS...

VIAJA UMA DEMAGOGIA...

A Câmara Municipal de Barra Mansa vai realizar outra Audiência Pública, desta feita para discutir a polêmica proposta da gratuidade no transporte coletivo para maiores de 60 anos de idade.

Esse tema, sempre muito mal conduzido que carrega na sua sombra velados interesses políticos/queiros pode gerar, ao invés de um suposto benefício social, um desastre para a classe trabalhadora mais simples e até mesmo o fim dos benefícios à classe estudantil.

A princípio, é tudo muito justo não é? Nossos idosos trafegando gratuitamente nos ônibus da cidade, que beleza...mas a coisa é mais complexa. Primeiramente porque os maiores de 65 anos já desfrutam dessa benesse, e neste caso só estariam sendo contempladas as pessoas de 60 à 64 anos. Mas o mais agravante é que as empresas de ônibus são concessionárias do serviço público e o preço do transporte coletivo é elaborado por um conselho que avalia toda a planilha de custos e de receita das empresas, por conseguinte, alguém terá que pagar por essa gratuidade.

Estudos preliminares apontam que a demanda dessa gratuidade diminui a receita direta das empresas em R$500.000,00 por mês, e tal valor será embutido no próximo aumento de passagem, e é bom que se relembre, que mesmo sem essa concessão, os usuários do transporte coletivo em Barra Mansa já pagam uma das tarifas mais caras do Brasil, e por quilômetro rodado creio que já seja a mais cara. Ou seja, para que as pessoas de 60 à 64 anos passem a andar de graça nos transportes coletivos, os estudantes e trabalhadores que usam ônibus vão ter que arcar com mais de R$500.000,00 por mês.

É bom que se afirme, que o prefeito não anda de ônibus, os secretários municipais também não, e os vereadores, com exceção de um, também não.

Os incautos poderiam me perguntar: Júlio, se as empresas não sofrerão prejuízo com tal gratuidade, visto que essa conta será repassada para o povo, por que eles estariam preocupados e contra essa medida? A resposta é simples e matemática: Em qualquer questão tarifária o primeiro princípio a ser observado é a capacidade contributiva do cidadão. Ora, se a passagem ficar num preço exorbitante, os usuários passarão a adotar outros meios de transporte, como vans, bicicletas ou até mesmo o próprio pé, e assim, as empresas terão suas cargas de usuários reduzidas drasticamente e sucumbirão, oferecendo para os usuários que não tenham outra alternativa, um serviço ainda pior e veículos ainda mais mal-conservados, com uma evidente redução de linhas e horários disponibilizados.

Por trás de uma bandeira política e chantagem emocional barata, pode estar residindo uma irresponsabilidade sem limites ou conseqüências. É bom que se atente para isso, pois geralmente os usuários de ônibus não tem acesso às informações verdadeiras e são facilmente ludibriados, tornando-se massa de manobra para demagogos e politiqueiros.

Um dia o Brasil vai acordar e excomungar essa gente que usa da inocência alheia para seu proveito próprio e projeção pessoal.