quinta-feira, 3 de março de 2011

SAUDADE DE NÓS MESMOS.


ALFAIATARIA UNIÃO.
Havia entre tantas pessoais especiais em Barra Mansa, uma que me chamava bastante atenção e me merecia especial carinho. Tratava-se do Sr. José Andrade, mais conhecido como Zé Caolho. Zé Caolho era proprietário da histórica Alfaiataria União, loja de roupas na Rua Duque de Caxias, no centro da cidade. Com essa loja, que funciona há ininterruptos 64 anos, Zé, mesmo sem muito estudo, conseguiu formar todos os seus cinco filhos, como os dois conceituados médicos Renan e Ramon, o arquiteto Rogério, o economista e advogado Magno e a professora Jeane, a sua caçula. Mas, além disso, Zé era um sábio popular. Pessoas de todos os níveis culturais gastavam prazerosamente horas sentadas ao lado da cadeira de Zé Caolho para ouvir seus conselhos e reflexões sábias sobre a vida. Eu mesmo, tive esse prazer por incontáveis vezes. A Alfaiataria União, era muito mais do que apenas uma loja comercial, era um ponto de encontro de amigos que tinham o hábito religioso de estar lá às 19 horas, horário de fechamento do estabelecimento, de segunda à sexta-feira. Várias amizades foram construídas ali. Vários projetos foram desenvolvidos graças as conversas preliminares ocorridas ali, assim como vários negócios foram entabulados com a testemunha viva de Zé Caolho. Há alguns anos, Zé morreu, mas seu filho Magno não deixou a peteca cair e a loja continuou funcionando e a tradição manteve-se viva.
Mas como em Barra Mansa tudo que é tradicional tem um fim nas mãos da turma do Bem, depois de 64 anos, a Alfaiataria União vai fechar as suas portas no final deste mês. Certamente, o próprio Magno, que já foi secretário municipal na gestão do Bem e foi presidente da CDL local, vai afirmar que o fechamento foi opcional e que ele vislumbra outros empreendimentos em sua carreira pessoal, mas para qualquer um que saiba ler concluirá evidentemente que se a economia de Barra Mansa estivesse aquecida e o comércio local valorizado, jamais ele optaria pelo fechamento da empresa.
Barra Mansa, a cada dia, infelizmente, fica mais triste e nesse passo não tardará para chegar o dia em que sentiremos saudades de nós mesmos, pois com nossa omissão perante tanto abandono, estamos virando sombras do que fomos e resquícios do cidadão que já tivemos o orgulho de ser.

5 comentários:

  1. Espera ai, Julio,O ex-Secretário Magno(que juntamente com Ana, e o Antonio Feris+CDL+Sicomercio)não foram juntamente com o capixaba, responsável pelo desenvolvimento econômico de B Mansa...

    Está provando do próprio veneno!


    Alicio

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  2. Lamentável. Barra Mansa definha paulatinamente.

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  3. E foi,justamente ali,que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez!!!!
    Que pena acabar!

    Beijos...

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  4. Ricardo Maciel disse...

    Oi Júlio, saude !

    Além de grande amigo, Zé Caolho tinha todas estas qualidades descritas e mais uma : ERA UM EXCELENTE PESCADOR !
    Ah ! na alfaiataria União a melhor hora era a "de lavar as mãos" ! Quem viveu sabe do que estamos falando.

    Bom Carnaval !

    RICARDO MACIEL

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  5. Foi trabalhando com o Zé Caolho que conheci a minha esposa. Infelizmente nessa cidade do Bem, só tem longevidade os buracos na rua, diga se de passagem cada vez maior.
    Concordo com o Ricardo Maciel, realmente o melhor momento era "lavar as mãos". Saudades do amigo e mentor Zé Caolho.

    Abraços a todos!

    Jacques

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