COMENTÁRIO SOBRE A GOLEADA.

6 X 0.

Como era esperado, ontem, o TRE-RJ rejeitou, POR 6 X 0, o embargo de declaração do prefeito Neto, de Volta Redonda-RJ, contra o processo que desencadeou a sua cassação por iguais 6 votos a 0. Como era previsto, e nem poderia ser diferente, a liminar que lhe fora concedida para sua manutenção no cargo enquanto não forem esgotados todos os recursos possíveis em esfera superior, fora mantida e é o que o bom senso recomenda. Isso sequer entrou em pauta. Tudo era muito previsível e não teria o menor sentido os desembargadores do Egrégio Tribunal retrocederem sua decisão alicerçada em farta documentação que comprovou que houve desequilíbrio no pleito pelo uso indevido e abusivo da máquina pública, inclusive em período vedado, em favor da candidatura de Neto. Como era lógico, as matérias da imprensa que sistematicamente tentam denegrir o seu adversário, Zoinho, não pesaram absolutamente nada na avaliação do TRE. Uma coisa não tem nada a ver coma  outra. Não está se julgando quem é o mais honesto ou probo, o que está sendo avaliado é crime eleitoral, e isso, na visão unânime do TRE-RJ, foi cometido por Neto.

Como disse, não houve surpresa alguma no julgamento, mas a surpresa veio depois. Usando os veículos "oficiais" que servem aos seus interesses às custas do erário, Neto disse que ficou "satisfeito" com o resultado e suas esperanças estão renovadas, pois fora cassado simplesmente por ter feito campanha para doação de sangue e órgãos. Neto, que esteticamente já é uma folclórica figura patética, agora incorpora "de corpo e alma" o personagem e torna também patéticas as suas palavras eivadas de falsidades. Primeiramente, tanto ele como todos que têm acesso ao processo, sabem perfeitamente que essa declaração mentirosa e demagógica que ele fora cassado por propagar a doação de sangue e órgãos para transplante, não se sustenta nem na mesa dos seus advogados. Neto fora cassado por uso da máquina pública em prol de sua candidatura, registrada em várias fotos, cartazes, faixas, depoimentos e outdoors. Esse procedimento leviano de tentar de fazer de vítima perante a população é uma tentativa torpe e venal de querer jogar o cidadão contra a justiça e seus fidedignos representantes.

Porém, o mais engraçado, se engraçado pudesse ser, é Neto declarar que o resultado lhe fora positivo e que a situação é passível de reversão no próximo "round", no TSE. Neto é prefeito no estado no Rio de Janeiro, onde sofreu uma acachapante derrota de 6X0, com direito a revanche e derrota por igual escore, e disse que o resultado fora bom para ele reverter o quadro em Brasília, onde Zoinho é deputado. Usando similaridades futebolísticas, recomendável em nossa tradição para esclarecer casos complicados, é como uma final em mata-mata, quando um time leva uma goleada em casa, de 6X0, e ficasse satisfeito em confiante em reverter o resultado na casa do adversário.

Apesar de Neto já estar se notabilizando pelo festival de mentiras propagadas e promessas não cumpridas, além do flagrante desrespeito perante determinações judiciais, chego a suspeitar que Neto, do alto da sua arrogância e megalomania esquizofrênica, de fato acredita no que fala, ou então, aturdido pela inesperada consequência de seus atos, até então impunes, desatinou de vez e deixou a gordura queimar os seus neurônios lúcidos.

A briga agora, e não tem mais fuga nem protelação, é no Tribunal Superior Eleitoral, última instância. Neto vai a Brasília com três fatos desfavoráveis em sua bagagem:

1. As decisões do TSE estão muito mais céleres que em recente passado, e tentativas de postergar o julgamento do mérito não são mais bem sucedidas.

2. O TSE raramente altera resultados regionais de origem quando não caracterizada falta de garantia da ampla defesa e do contraditório, e ninguém questionou o assunto pois não houve o menor indício para tal.

3. Time grande quando leva duas goleadas de 6X0 para o adversário em casa, cai técnico, presidente e diretoria. No caso em questão, prefeito e vice.

O único trunfo que Neto tem em seu favor é a veemente solidariedade do governador Sérgio Cabral, mas hoje em dia, apoio de Cabral é igual abraço de tamanduá ou beijo de Judas.

Porém, estamos no Brasil, é verdade, mas também é verdade que o Brasil mudou.

Em tempo: Se Zoinho, por ventura, for condenado pela justiça (não apenas pela imprensa) de tal forma que não tenha condições de exercer o cargo, que se marque outro pleito, como reza a lei, pois um crime não justifica o outro.