A CABINE DO INFERNO.
Conforme prometido, narrarei passo a passo, minha saga para ser atendido em uma vistoria de meu carro no DETRAN de Barra Mansa. Me comprometo a expressar os fatos exatamente como vivi e relatar exatamente o que vi e sofri. O relato se dará em duas partes, pois ainda não sei se esta história terá um fim.
CAPÍTULO 1. DIA 19.09.2013. QUINTA-FEIRA.
14:50- Chego ao DETRAN e percebo que o horário de agendamento não quer dizer absolutamente nada. Fila imensa para entrar. Ligo o ar condicionado do carro na sua frequência mais potente pois o calor está insuportável. Prenúncio de chuva. Começo a leitura de um livro espírita estrategicamente escolhido para o evento.
15:00- Exatamente no horário agendado, via Internet, percebo que ainda não saí do lugar onde cheguei, no meio da rua. Abro a janela e acendo um cigarro. No CD recorro a Pink Floyd.
15:05- Ainda não saí do lugar mas percebo que já existem quatro carros atrás de mim, inclusive um Chevette caindo aos pedaços carregando sobre o teto diversas ferragens de forma totalmente irregular e perigosa. Não acredito que ele pretende vistoriar o carro mesmo assim. Será que passa? O calor aumenta e percebo que sou um asno de ainda estar de paletó. Jogo-o no banco de trás com certo ódio da roupa.
15:10- Ainda estou imóvel mas dois transeuntes passam comentando que até que hoje a fila está pequena. Isso em nada me consola. Desabotoo dois botões da camisa. Nesse ritmo em breve estarei fazendo um "streap-tease".
15:15- Ainda nada e fico pensando se não haveriam embargos infringentes que pudessem ser interpostos que me garantissem o direito de adiar a vistoria. Na qualidade de avô, chego a sábia conclusão que não seria de bom tom me despir mais. Pelo retrovisor já vejo seis carros.
15:16- Primeiro movimento. Aproximadamente 6 metros de avanço. Vejo um caminhão de uma famosa transportadora local entrar direto, sem fila. Me pergunto qual seria a razão. Percebo que o Chevette desistiu da aventura. Acendo mais um cigarro. Péssimo vício e exemplo, mas o que estou vendo também não é nada recomendável.
15:22- Segundo pequeno movimento. Quatro metros. Já me sinto arrependido de não ter oferecido quantia financeira facilitadora para algum despachante. Jurei que depois do julgamento do mensalão mudaria os meus conceitos. Já poderia ter começado a nova prática de vida. Já vejo seis carros atrás de mim, inclusive o do meu colega de legislativo, Douglas, que está nessa maratona desde o meio-dia pois o estepe de seu carro fora reprovado e ele teve que voltar sem direito a preferência.
15:28- Outro movimento. Este ainda mais longo. Já estou fora da rua mas vislumbro uma boa fila em minha frente. Doravante não terei mais o consolo de me comparar com os veículos que chegaram depois de mim. O calor está infernal. Penso que desabotoar mais um botão da camisa ainda não me fará responder por atentado ao pudor.
15:31- Um vendedor ambulante me oferece camarão. Gosto muito, mas virei alérgico a esse crustáceo maravilhoso. Lá no meu íntimo imagino um bom local para o vendedor armazenar o camarão que me ofereceu.
15:33- Mais um passo a frente. Rômulo Delgado passa por mim e comenta que o julgamento do mensalão é ruim para a reeleição de Dilma. Ele aposta suas fichas na Marina. No momento, nada disso me interessa e educadamente engulo um "foda-se".
15:34- Mais três metros a frente. Estamos "voando baixo". Parece até a Ferrari do Massa. Comemoro com mais um cigarro. Preciso parar com isso.
15:40- Apago o cigarro pois preciso percorrer mais cinco metros. Já estou a oito do portão do DETRAN. Escuto alguém dizer que a emissão dos documentos finais está muito demorada. Porra, esqueci desse segundo inadiável drama. Já deu para todos perceberem que o livro que comecei a ler já está jogado em cima do inconveniente paletó no banco traseiro e não me auxiliou em nada.
15:43- Um camarada tenta me colocar medo para tentar me vender um extintor novo. No local, existem uns três ou quatro vendedores oportunistas desse acessório. Algo me diz que com a benção dos vistoriadores e diretores do órgão. Prefiro correr o risco sem me dar o trabalho de conferir a validade do meu. Não mostro meu extintor vermelho para nenhum estranho no primeiro encontro. Agradeço o serviço do camelô, mas no íntimo também fico imaginando um bom lugar para ele enfiar o seu extintor.
15:50- Uma hora após a minha chegada, enfim entro no pátio do DETRAN e recebo o primeiro atendimento na guarita. A mocinha simpática e sorridente atendente lembrou de mim no ano passado e me escalou para a linha 1, que segundo ela, era a melhor. Sem falsa modéstia, o charme do cinquentão velho de guerra visivelmente havia me favorecido. Sabia que de alguma forma, valeria a pena ter me esforçado para perder alguns quilinhos.
15:52- Do lado interno do DETRAN, percebo os vendedores de extintor pendurados nas grades "secando" os motoristas tal como urubus esfomeados. O vistoriador da minha fila me fita com os olhos e algo me diz que ele não foi com a minha cara. Só tem um carro a minha frente. A recepcionista quebrou muito o meu galho e vejo que carros que estavam a minha frente estão em filas maiores e mais demoradas. Não fico constrangido. Não fui eu quem fez a opção e o STF não me fez ficar nenhum pouco arrependido.
15:57- Percebo que está chegando a minha hora!
16:00- Começa enfim a vistoria. de cara, o vistoriador afirma que meu extintor estava vencido e eu teria que comprar outro. Explico didaticamente a ele que meu extintor vence no segundo semestre de 2013, portanto, só perderá a validade em dezembro. Ele, contrariado, concorda. Ele bem que tentou. Vai que cola!
16:20- Após intermináveis perguntas e movimentos, percebo que minha intuição mais uma vez não tinha me enganado. O vistoriador criou diversas dificuldades e falou que reprovaria o meu carro por uma falha quase imperceptível na constância de funcionamento da minha lanterna esquerda traseira. Tenho certeza de que se tivesse comprado um novo extintor, mesmo de forma desnecessária, essa eventual falha passaria desapercebida. Falou para eu aguardar na recepção a minha senha para voltar e que estacionasse o carro. Disse que no dia que eu retornasse, desde que fosse nos próximos cinco dias úteis e a tarde, quando é o seu turno, eu não precisaria enfrentar fila, mas não me explicou como faria para passar por cima da montanha de carros que ficam na porta. Procurei vaga para estacionar tal como palhaço e percebi que não existia. Acabei parando em frente a outro carro e vi que dezenas de outros assim também procederam.
16:26- Entro no escritório do DETRAN para reaver meu documento vencido e pegar o tal boletim de ocorrência. Contabilizo 25 pessoas à minha frente.
16:30- O comentário geral dos "clientes" é que jamais votarão no Cabral e no Pezão. A partir desse momento, faço coro com o clamor.
16:33- Olho para a parte interna do escritório e vejo oito moças, duas delas catando milho nos teclados, aparentemente indiferentes a tudo.
16:38- Somente agora me informam que eu deveria ter pego uma senha do lado de fora numa janela de má sinalização. Retorno ao local indignado e ganho uma senha de número 418. Retorno ao escritório e vejo que o contador digital ainda está no número 405. Solto o primeiro palavrão involuntário sonoro.
16:45- Vou tomar uma Coca-Cola na cantina. Minha pressão deve estar na casa dos 20 por 15. Desnecessário falar que nesses interrvalos mais uns quatro cigarros foram literalmente queimados dentro de mim.
16:47- Volto para o escritório. Decepção total ao perceber que o contador ainda está paralisado no número 405.
16:48- O sorriso das funcionárias do escritório me lembram o do Ministro Celso de Mello ao aliviar o seu ex-vizinho de república universitária, José Dirceu. O calor é intenso e o ar condicionado da autarquia não atende a necessidade.
16:50- Agradeço a lembrança de ter trazido o tablet. Fazer esse relato de certa forma minimiza o meu ódio, mas a porra do contador ainda não sai do 405. São oito atendentes que conversam entre si amenidades e cores de esmalte sem esboçar a menor preocupação. O bate papo começa a revoltar o público.
16:53- Um "cliente" ao meu lado ao atender o celular disse que estava na cabine do inferno. Tem sentido. Não deve diferir muito.
16:55- O bate papo das atendentes continua animado mas a merda do numerador ainda está congelado no número 405.
16:57- Outro colega de "inferno" ao meu lado disse que tinha enorme vontade de jogar uma bomba dentro da sala das atendentes. Começo a enxergar o lado humano do Bin Laden.
16:58- Um conhecido entra na sala e me pergunta se estou tranquilo. Reajo com um imediato "puta que pariu".
16:59- Percebo que aqui a única vantagem é que não tem fila preferencial para gestante ou idoso. Tá todo mundo democraticamente fudido junto.
17:00- Excluindo o falecimento de meu pai, mau grave acidente de carro e minha operação na coluna, percebo que estou vivendo as duas piores horas da minha vida. E a porra do cacete do numerador ainda está empacado no 405.
17:03- Outro cliente manifesta a vontade de chutar o vidro da janela que nos separa das atendentes. A revolta com o visível atendimento privilegiado que os despachantes recebem começa a desesperar o público. É vergonhoso.
17:05- A impaciência me incendeia. Preciso fazer algo inusitado.
FIM DO PRIMEIRO CAPÍTULO.
Eu ja sofri isso k vc ta relatando, e niguem faz nada e a cada dia ta pior no fim do ano piora + com todo mundo querendo viajar...
ResponderExcluirDuas coisas eu tenho certeza - 1 - A Pandeca nunca mais vai indicar ninguém, pelo meno por cinco anos, já que aquela turma de fdp é toda indicação dela.
ResponderExcluir2 - Vale a pena emplacar carros em São Paulo ou Minas, porque em Passa Vinte e Bananal não tem vistoria.
Arnaldo
tatinho!
ResponderExcluireu não vi nada de anormal
ResponderExcluirO Detran não muda mesmo.
ResponderExcluirFalta o capítulo 2 , quero saber se você conseguiu o Documento do Carro.
Se conseguiu parabéns. Eles inventam tanto documento e fazem voltar depois.
Estão surpresos porque, só não encara fila quem tem costa quentekkkkkkkk
ResponderExcluirjulio este dilema que você passou é para ver como funciona essa porra de detran no estado rio.
ResponderExcluiressa filha da puta de ines pandelo,ainda continua mandando e desmandando nesta merda.
o chefe do posto e outro filho da puta e ainda por cima e crente.
esse tal de pesao e sergio cabral,nao ganhao me voto nem para gari.
agora julio se o jonas tivesse culhao, ele peitava e resolveria este grande problema de vistoria.so não faz porque e conivente.,e não quer.
julio a única coisa que não concordo com você, é querer desmerecer os despachantes de nossa cidade,no meu ponto de vista, são pessoas honestas e todos pagam impostos,para exercer a profissão.
á respeito dos vendedores de extintores,sao pessoas que estão ali debaixo de sol e chuva,para defender seu ganha pao de cada dia.errado e chefe do detran deixa-los ficarem ali na parte interna do detran.
julio quero lhe deixar claro.nao sou politicooo,nao trabalho no detran,nao trabalho em órgãos públicos,tenho raiva de todos os políticos,pelo motivo de pensarem nos seus bolsinhos e não no povo.etc...
julio não tiro sua razão,e o mesmo sofrimento seu foi o mesmo que eu passei e ainda pagando despachante.
fora ines pandeca,fora petistas que nunca prodizirao nada.
abracos
Julio
ResponderExcluirO pior é o prefeito trazer a pandeca debaixo do braço....que tristeza.
Geraldo magela
Fiquei ontem 4 horas no Detran.
ResponderExcluirRealmente é uma zona, pagamos caro e não temos service.
E nào tem nenhum politico FDP que ressolva alguma coisa.
Sr. Jonas a cidade é sua, tire a bunda da cadeira, deixe de ir tanto para Brasilia e veja o que passa a população que votou em vc.
Vamos fazer uma campanha Julinho para emplacarmos os carros em Bananal.
JULIO VEM SE COMO NOIS FAZER UMA MANIFESTACAO PASSIFICA, PARA QUE TOS EMPLAQUEM SEUS VEICULOS FORA DE BARRA MANSA.
ResponderExcluirCADE OS VEREADORES QUE NAO FAZEM NADA,VAMOS TIRAR AS BUNDINHAS DAS CADEIRINHAS AI NA CAMARA E VAMOS AGIR.
ABRACOS
QUEM IMPÔS ESTA VISTORIA RIDÍCULA, SÓMENTE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, POIS NÃO EXISTE EM MAIS NENHUM ESTADO DO BRASIL, FOI O GAROTINHO, A FIM DE ARRUMAR UM DINHEIRO EXTRA, AINDA ASSIM ESTÁ EM PRIMEIRÍSSIMO LUGAR NAS PESQUISAS PARA 2014, ETA POVINHO BURRO.
ResponderExcluirBem... se até agora não teve o capitulo 2 é porque vc ta com medo, ou fez o que a maoria faz... deu cem reais para liberarem seu documento... heheheheh
ResponderExcluirEu me recusei a pagar e tive que esperar 3 semanas pelo verdinho...
Detran é uma vergonha!!!
Deviam fechar aquela porcaria, e mandar os documentos pelo correio com pedidos de desculpas por existir um órgão tão imundo, ruim e corrupto como aquele.
De forma alguma, mas infelizmente ainda não posso contar o capítulo 2 para não interferir no desfecho. Aguardem...
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