MAIS UMA SACUDIDA NO VESPEIRO.

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR.

O Brasil é um país maravilhoso mas constituído de um povo que aprecia a demagogia e venera falso moralismos, sendo de forma contumaz, conduzido infantilmente pelos modismos implantados pelos oportunistas de plantão. Meus comentários a respeito das declarações do deputado federal Zoinho geraram diversas manifestações de repúdio e total incompreensão. O assunto é desgastante e controverso, mas mesmo a contragosto, abordarei o tema mais uma vez. 

Milhões de pessoas país afora se declararam indignadas pelo fato do deputado ter falado, em matéria inserida no FANTÁSTICO, que não é 100% honesto e que ninguém em Brasília o é, afirmado que 100% honesto somente Jesus Cristo. Antes de tudo, quero esclarecer que não votei no deputado e não tenho procuração dele para defendê-lo e em nenhum momento objetivei fazê-lo, apenas expressei meu ponto de vista sobre a polêmica e mantenho cada linha e palavra escrita. 

Vamos aos fatos: Eu não conheço ninguém 100% honesto em toda a minha vida. Não conheço um empresário sequer que pague a risca, conforme determinada a legislação tributária voraz que engana a si própria, os impostos e tributos devidos. Neste país, de política fiscal corporativista e insana, agir assim seria prenúncio de falência e falta de competitividade no mercado. Todo mundo sabe disso, inclusive os órgãos fiscalizadores e arrecadadores. Não conheço ninguém que não tenha tido tentação à traição conjugal e a tenha explicitamente confessada ao seu par. Não conheço ninguém que jamais tenha omitido uma verdade, por conveniência, respeito, medo, covardia ou prudência. Não conheço ninguém que tenha confessado a todo instante todas os seus pensamentos mais impuros e carnais. Até Jesus Cristo, o Deus vivo e meu Ídolo Maior, excluído na declaração de Zoinho, segundo a Bíblia, também, por conveniência e perspicácia, não foi 100% honesto em todas as suas abordagens, vide o caso de quando foi inquirido maliciosamente sobre a legitimidade do pagamentos de tributos aos romanos, e pela tangente solicitou aos questionadores que citassem o nome do homenageado na efígie que ornamentava a moeda romana, e ao lhe responderam "César", Jesus politicamente afirmou: "Dai a César o que é de César e dai a Deus o que é de Deus". Evidentemente que não era o Seu pensamento explícito sobre a questão, mas não Lhe restava outra alternativa prudente perante a armadilha dos hipócritas. 

Ora, se nem em um santuário, encontraremos uma pessoa 100% honesta, não seria na classe política, onde grande parte do povo negocia o seu voto por vantagens pessoais, que encontraríamos santos em carne e osso. A política, bem ou mal, é uma necessidade da sociedade para sua organização e convivência harmoniosa, mas pelo poder que ela representa perante a ambição inerente ao ser humano, é ladeada por todas as vias, por corrupções, mentiras, falácias e artimanhas. Admitir que uma campanha para uma vaga no Congresso circunde em média, gastos de 5 milhões de reais e que o mandato propicia, de forma bruta, pouco mais de R$1,2 milhão em subsídios, esperando receber em troca, absoluta transparência e decoro, é atestar a própria ignorância e tendência ao ilusionismo. 

Creio que politicamente Zoinho foi infeliz, pois tem verdades absolutas que o povo não gosta de ouvir, mas mesmo sem querer, Zoinho acabou dando um tapa na cara da hipocrisia imperante na sociedade brasileira e magoado os "puritanos" da Pátria. O povo brasileiro, via de regra, é assim mesmo: gosta de justiça rigorosa para os atos do vizinho vizinho, mas para si próprio, permite e requer todo o tipo de concessões e privilégios. Ao invés de se debruçarem sobre o que ele disse e o que isso representa, preferem jogá-lo aos leões para saciarem os seus falsos imaculados caráteres. 

Do alto de meus trinta anos de vida pública, apesar de nunca ter me candidatado a cargo eletivo, posso afirmar: Conheço muitos políticos corruptos, mas como o perfil do cidadão mediano brasileiro, conheço nenhum. Sei que muitos vão se doer e e se rebelar, mas não estou aqui para agradar ninguém nem falar o que convém.

Errar continua sendo e sempre será, uma característica humana. Se querem santos, os sejam primeiro e cobrem depois.