SAIA JUSTA.

Para deleite de nossos leitores, vamos reproduzir, na íntegra, matéria veiculada na última edição do jornal AQUI:
POLÍTICA: Roosevelt Brasil é acusado de improbidade administrativa
Saia justa
Por Vinícius de Oliveira
Desaparecido do noticiário desde junho, quando assumiu o cargo de conselheiro da Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro), o ex-prefeito Roosevelt Brasil reapareceu em grande estilo. Primeiro quando pegou carona no helicóptero do governo do Estado na viagem de Sérgio Cabral e Zé Renato, de Resende para Barra Mansa, no último dia 9 de dezembro E depois em duas festas: na de confraternização dos funcionários da prefeitura e depois na de Natal da Santa Casa de Misericórdia. Foi nessa última que ele teria confidenciado a amigos que poderia se candidatar nas eleições de 2012. Ou seja, seria o candidato do PMDB em detrimento da candidatura do atual prefeito Zé Renato.
O boato, é claro, se espalhou cheio de maldades. E repercutiu longe, bem longe. Mais precisamente no plenário da Assembleia Legislativa, onde o deputado Luiz Paulo, líder da bancada do PSDB, fez uma denúncia que pode atrapalhar as pretensões políticas de Roosevelt, se elas forem verdadeiras. “Sabemos que ele é ex-prefeito e é natural que faça parte de algum partido, mas, ao ocupar o cargo de conselheiro de um órgão regulador deve imediatamente se desligar de qualquer sigla política ou estará fugindo aos princípios legais”, disparou o parlamentar tucano em entrevista exclusiva ao aQui, na tarde de quarta, 21.
De acordo com Luiz Paulo, como a Agenersa é uma autarquia especial que tem como finalidade exercer poder regulatório, acompanhando, controlando e fiscalizando os atuais contratos de concessão dos serviços públicos, como o da CEG, por exemplo, seus conselheiros não podem estar filiados a partido político. “Conforme certidão obtida junto ao Tribunal Superior Eleitoral, o conselheiro da Agenersa, Roosevelt Brasil está filiado ao PMDB o que é incompatível com a função que exerce dentro da autarquia e completamente contrário ao papel de um conselheiro. Por tanto, fiz um pedido de informação junto à mesa diretora da Alerj para que Roosevelt esclareça esse fato. Cabe a ele (Roosevelt) confirmar ou não se está filiado ao PMDB”, disse Luiz Paulo, criando uma verdadeira saia justa para o ex-prefeito de Barra Mansa.
Ainda de acordo com o deputado Luiz Paulo, caso se confirme que Roosevelt continue filiado ao PMDB, o ex-prefeito poderá enfrentar uma ação de improbidade administrativa (o ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da administração, cometido por agente público, grifo nosso). “Se ele (Roosevelt) for filiado a um partido, conforme diz o TSE, estará fugindo completamente dos princípios legais e, com isso, cometendo improbidade administrativa”, atacou o parlamentar tucano, completando. “Mas, como ninguém deve ser acusado sem ter o direito de se defender, estamos esperando que Roosevelt possa esclarecer o fato. Basta que ele confirme ou não sua filiação”, disse.
Na manhã de quarta, 21, Roosevelt bem que tentou pôr um ponto final na polêmica. “Eu realmente fazia parte do PMDB de Barra Mansa e era, inclusive, presidente do partido, mas, ao ser nomeado como conselheiro da Agenersa, me desliguei da sigla, justamente por ser incompatível com o cargo”, se defendeu. Mais tarde, ao ser informado pelo aQui de que o TSE (http://filiaweb.tse.gov.br/filiaweb/filiacao/registro/resultadoLazy.seam?cid=4118), ainda o considera filiado ao PMDB (desde o dia 24 de setembro de 2003, grifo nosso), Roosevelt saiu pela tangente. “No site consta meu nome como filiado porque estou licenciado do PMDB e não desfiliado”, explicou. “Como estou de licença, posso ocupar o cargo de conselheiro da Agenersa, pois não exerço no momento nenhum cargo político”, completou, garantindo que até aquele momento não tinha recebido nenhum pedido de esclarecimento. “Não recebi nenhuma convocação para prestar esclarecimentos de nada”, disse.
O fato de garantir que estaria apenas de licença certamente vai dar panos pra manga. É que assim, raciocinam alguns politicos barramansenses, o ex-prefeito poderia voltar ao cenário eleitoral caso seja demitido ou se pedir demissão do cargo que ocupa na Agenersa. “O período para filiação a partidos políticos com vistas às eleições de 2012 terminou em outubro, mas como está de licença, Roosevelt pode voltar a qualquer hora e se candidatar”, crê um deles.
Ao ser perguntado se realmente seria candidato a prefeito de Barra Mansa no lugar de Zé Renato, Roosevelt desconversou. “Como sou conselheiro-diretor da Agenersa não vou me manifestar sobre qualquer assunto político enquanto estiver ocupando esse cargo”, respondeu, fazendo questão de esclarecer que não tratou de assuntos políticos durante a festa de confraternização na Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa. “Eu não falei nada sobre isso na festa, pode ter certeza”, encerrou.
CPI
O boato de que Roosevelt poderia ser o candidato do PMDB nas eleições de 2012 teria a ver com os resultados de uma pesquisa de opinião, feita recentemente – em novembro - pelo Ibope junto aos eleitores de Barra Mansa. E nela a popularidade de Zé Renato estaria ladeira abaixo. “A rejeição do prefeito é superior a 51%”, dispara uma fonte do aQui, garantindo que a cúpula do PMDB teria feito uma reunião no Rio de Janeiro para discutir o assunto. Detalhe: com a presença de Sérgio Cabral, Jorge Picciani, Zé Renato e Roosevelt.
Ainda segundo a fonte, que pede para não ter seu nome revelado, o PMDB teria decidido dar um prazo ao prefeito Zé Renato para recuperar o prestígio. E os votos. “Se o Zé Renato não decolar até março, o candidato será o Roosevelt”, sentencia a fonte, garantindo que a decisão do partido não teria agradado a Jorge Picciani, ex-presidente da Alerj e presidente da estadual do PMDB. “Ele foi voto vencido” completou, dando a seguir outro dado curioso. “O que os assustou foi que o deputado Luiz Paulo chegou a pedir a abertura de um processo de improbidade administrativa do ex-prefeito Roosevelt Brasil na Agenersa”, analisou, dando a entender que também vão aguardar o desenrolar do caso na Assembleia Legislativa.
Voltando à pesquisa do Ibope, que parece até enterro de anão, os números mostram que, se as eleições fossem hoje, o barbudão Jonas Marins, do PCdoB, poderia levar a melhor. “O Zé tem 11%, a Inês tem 14% e o Jonas tem 17% das intenções de votos dos eleitores”, revela a fonte, referindo-se à pesquisa induzida, quando os nomes dos candidatos são apresentados pelos pesquisadores. Tem mais. O pré-candidato do Partido Comunista teria ainda a menor rejeição. “O Zé ganha fácil nesse quesito: tem 51% de rejeição contra 48% da Inês e 38% do Jonas”, acrescenta de forma irônica.
Quanto aos nomes que aparecem como prováveis candidatos à sucessão de Zé Renato, a maior novidade está relacionada à rejeição aos nomes de Paulo Cosenza, Cláudio Manes e Ruth Coutinho. É que em termos de intenção de votos, os três vão de 4% a 8%, no máximo. “A rejeição ao nome do juiz Paulo Cosenza é de 18%, contra 45% de rejeição para a vice-prefeita Ruth Coutinho e 50% para o empresário Claudio Manes”, revela a fonte.
Quanto ao nome do ex-prefeito Roosevelt Brasil, que ele não comemore os números da pesquisa. É que ao ter seu nome incluído entre os prováveis candidatos, só foi lembrado por 6% dos entrevistados. Prova que desde julho seu nome só vem descendo a ladeira. No sentido inverso encontra, subindo a ladeira, o nome do juiz Paulo Cosenza, que cresceu 10%, segundo a fonte, ao se comparar as pesquisas feitas de julho com a de novembro. “Em julho, o percentual dos que citaram o nome do juiz era de 36%, agora já são 46%”, afirma a fonte. “O Paulo Cosenza ainda não é candidato, mas seu nome pode estar crescendo junto ao eleitorado pelas palestras que ele está fazendo nas escolas de Barra Mansa” acredita. É. Pode ser. Ah, Tuca, provável candidato do PR de Garotinho só conseguiu um pontinho na pesquisa.
“Só se eu não quiser”
Entrevistado na manhã de quinta, 22, o prefeito Zé Renato reagiu com humor e ironia aos boatos sobre a possível volta de Roosevelt Brasil e a sua intenção de ser o candidato do PMDB em 2012. “Só se eu não quiser ser o candidato”, disparou, garantindo ainda que não participou de nenhuma reunião com a cúpula do partido na cidade maravilhosa. “A última vez que eu estive com o Roosevelt e com o Cabral foi na viagem de helicóptero de Resende para Barra Mansa”, disse, referindo-se à visita que o governador fez à região para inaugurar obras em diversas cidades. “Isso é papo furado. Não tem fundamento”, completou, negando ter conversado a respeito tanto com o ex-prefeito quanto com Cabral ou quem quer que seja.
Para jogar uma pá de cal em cima do boato, Zé Renato lembrou que as relações entre ele e Roosevelt Brasil estão acima das fofocas e dos comentários plantados pelos adversários. “Aposto que isso é coisa da Inês”, alfinetou, referindo-se à deputada estadual Inês Pandeló (PT). “Ela nos viu junto com o governador e como eu levei o Roosevelt à festa de confraternização dos funcionários da prefeitura, deve ter ficado enciumada e aí soltou este boato”, analisou.
“O nosso relacionamento (dele com Roosevelt) é muito claro. Sempre foi assim desde que nos conhecemos. Nós estabelecemos a estratégia para as eleições e ela será cumprida. Se eu não quiser ser candidato à reeleição, o que não é o caso, nós ainda discutiríamos o assunto. Mas o candidato serei eu”, disparou Zé Renato, garantindo não ter conhecimento das rusgas entre Roosevelt e o deputado estadual Luiz Paulo, do PSDB.
Quanto à pesquisa do Ibope, Zé Renato mostrou ser bom de ironias. “Já ouvi falar, será que é do Ibope mesmo? Será que não é falsificada?”, disparou, garantindo ainda ter dados que comprovam que ele tem tudo para ser reeleito em 2012. “Meus adversários comemoram os números de rejeição atribuída a mim nessa pesquisa, mas eles não sabem que tenho tudo para ser reeleito. Estamos trabalhando para isso e quando eu for às ruas para mostrar o nosso trabalho e apresentar os nossos argumentos, as pesquisas sérias vão mostrar a realidade de Barra Mansa”, analisou.
Para Zé Renato, as eleições do ano que vem serão difíceis não pela sua rejeição, mas por diversos fatores característicos de Barra Mansa. “A eleição em Barra Mansa sempre tem mais de dois candidatos e quem vence nem sempre tem ampla maioria de votos. Eu venci a de 2008 com quase 40%. Aliás, eu saí de 4% a 40%”, comparou, explicando a seguir sua tese: “Quando o meu nome foi lançado pelo Roosevelt o Ibope fez uma pesquisa e o Montenegro, quando o resultado saiu, me perguntou: ‘você mora em Barra Mansa?’ É que ele estava assustado, pois eu só tinha 4% das intenções de voto. Respondi que sim, que era secretário de Obras e aí ele me disse: “então você tem tudo para ganhar as eleições” e eu ganhei com quase 40%. Sai dos quatro aos quarenta”, declarou, rindo do episódio.
Zé Renato lembra ainda que sua administração tem credibilidade. “Se essa rejeição existe é porque a população não está me vendo nas ruas. O povo gosta de conversar com o prefeito, gosta de apresentar seus problemas, de pedir obras. E se eles não me veem, ficam tristes. Deve ser por isso. Mas vamos mudar, vamos sair do gabinete e vamos parar um pouco de viajar em busca de recursos. O que precisávamos para Barra Mansa nós já conseguimos. Agora vamos às ruas. Vamos mostrar as obras, vamos falar com o povo. Nosso governo não tem carimbo nenhum. Não é desonesto. Não aumentou o IPTU em 400%. Nosso governo tem credibilidade”, sentenciou.
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