UMA ALIANÇA E MUITAS PERGUNTAS.

BRIGANDO CONTRA A HISTÓRIA.

Evidentemente que o assunto que baila nos meios políticos da cidade de Barra Mansa no dia de hoje, é a entrevista coletiva concedida por três lideranças políticas do munícípio. Ontem, no Sindicato dos Bancários de Barra Mansa, o presidente do diretório municipal do PC do B, Jonas Marins, a deputada estadual Inês Pandeló(PT), e a vice-prefeita e presidente do diretório municipal do PP, Ruthinha Coutinho, anunciaram para a imprensa que seus partidos estarão juntos nas eleições do ano que vem, porém não afirmaram quem seria o candidato nem como seria o processo de escolha, assim como nenhum projeto foi apresentado ou desistência anunciada, como muitos esperavam ouvir.

Antes de mais nada, quero deixar translúcido e cristalino que apoio incondicionalmente qualquer junção de forças que vise oferecer para Barra Mansa uma alternativa de mudança administrativa nos rumos da cidade, e seria incoerente de nossa parte não aplaudirmos a tentativa, mas amparados nos dados históricos que observamos na vida política de Barra Mansa, inúmeras dúvidas nos assaltam o pensamento, e é sobre elas que pretendemos dissertar nessa postagem.

1. Qual seria o processo de escolha? Uma pesquisa pura e simples? Uma pesquisa de rejeição? Uma pesquisa qualitativa? Qual órgão será escolhido para realizar a pesquisa? Quando será realizada? Quais os critérios? Existirá uma comissão neutra e técnica para avaliar? Quam seriam ou neutros?

2. Caso o escolhido seja o Jonas, Ruthinha seria candidata ao legislativo? Inês seria vice? Ruthinha seria vice de novo, porém de outro candidato diferente do que ela ajudou e compôs chapa no pleito passado?

3. Caso Ruthinha seja a escolhida, Jonas seria o vice contra tudo que já falou? Inês aceitaria largar a Assembléia para desempenhar papel inferior? Jonas seria candidato ao legislativo? Jonas teria apoio para o Congresso Nacional? Mesmo em caso de derrota?

4. Caso Inês seja a escolhida, Jonas seria vice contra tudo que já falou? Seria Ruthinha? Jonas teria apoio ao Congresso? Mesmo em caso de derrota?

5. Será que realmente os dois preteridos aceitarão de bom grado a exclusão do quadro sucessório ou o acordo só vale veladamente em caso de consenso em torno do próprio nome?

6. No caso da escoha recair sobre Inês, como os funcionários públicos municipais, que são a base de sustentação política de Jonas, reagirão ao vê-lo apoiando a ex-prefeita Inês, que carrega na sua passagem pela administração um período de achatamento salarial e demissões? Como os correligionários da vice-prefeita vão entender uma aliança em torno de uma recente e voraz rival?

7. No caso da escolha recair sobre Jonas, como as facções da igreja católica que apoiam Inês vão compreender uma aliança em torno de um partido que prega o ateísmo e tem uma deputada de peso que defende a prática do aborto? Como os partidários do PP, oriundos da extrema direita (ARENA E PDS), vão subir num mesmo palanque de um candidato majoritário comunista?

8. No caso da escolha recair sobre a Ruthinha, como os funcionários públicos e professores municipais que apoiam Jonas vão se sentir apoiando a vice-prefeita que é irmã da secretária de educação que foi tão questionada neste governo? Como os petistas oposicionistas vão desfraldar bandeiras com o nome da vice-prefeita de um governo que já perdura onze anos na cidade?

São apenas algumas perguntas de outras que certamente surgirão no decorrer dessas negociações e que aparentemente não tem respostas muito factíveis.

É importante frisar que na política a matemática não segue os padrões convencionais e puramente aritméticos. Lembro de alguns beócios oportunistas que na eleição passada convenceram Ademir a apontar Guto Nader, e depois sua esposa, como vice. O cálculo desprovido de conhecimento era o seguinte: Ademir tem 26 mil votos, Guto tem uns 15, somando-se os dois, chegamos a 41 e ganhamos a eleição. Pura bobagem. Históricamente está comprovado que em cidades de médio porte, vice não soma voto, soma rejeição. A não ser os mais íntimos e familiares, ninguém vota num prefeito que não gosta por causa do vice, mas muitos deixam de votar no candidato que gostam se o vice não for do seu agrado. Essa aliança exemplificada, tornou-se um alvo fácil nas mãos do BEM, que facilmente estigmatizou Ademir como um homem do MAL, e o povo acreditou.

Outros exemplos bem sucedidos de vice quase anônimos são constatados na história recente da cidade. Luiz Amaral ganhou com pessoas de vice que não carregavam rejeição acentuada, como por exemplo, Oswaldo Porto e Claudio Meirelles. Ismael de Souza ganhou com o desconhecido padeiro Nilson Carreiro. Roosevelt Brasil ganhou, duas vezes, com o desconhecido empresário Arnaldo Borges. Inês Pandeló ganhou com o pouco conhecido empresário Darquinho. Zé Renato ganhou com a quase iniciante Ruth Coutinho.

Já quando o favorito Marcello Drable se aliou com o emergente Ricardo Maciel, perdeu. Ismael de Souza quando escolheu o ex-deputado e ex-prefeito Moacyr Chiesse, perdeu. O próprio Moacyr quando escolheu o radialista da moda, Sebastião Alves, perdeu, e por aí afora.

Vice em Barra Mansa, quando não tira voto, já faz um grande negócio para o candidato. É assim a história. Aliança, quando discreta e inteligente, é eficaz, mas não é discrição que estamos vendo no caso em tela.

Não tenho bola de cristal, nem a petulância de ser dono da verdade e posso estar totalmente equivocado, mas os argumentos e os dados passados corroboram com o meu raciocínio. O resto é paixão e volúpia de poder.

Do jeito que as coisas estão caminhando, se não houver mudança de rumos e de práticas, a tendência é que a rejeição do Governo atual e a rejeição somada desse possível bloco anunciado, possam abrir claras brechas para a entrada galopante e avassaladora de uma terceira via, que a princípio podem atender pelos nomes do Dr. Paulo Cosenza ou do empresário Claudio Manes, e numa hipóetese mais remota, pelo garotista Tuca.

As pesquisas de hoje podem desabonar este raciocínio, mas é válido lembrar, também amparado na história política contemporânea do município, que as vitórias para o Executivo em Barra Mansa jamais foram diagnosticadas um ano antes do pleito. No final de 1987, Ismael não alcançava nem 1% e ganhou. No final de 1995, Inês era uma vereadora deconhecida e não era escolhida nem por 0,5%, e ganhou. No final de 1999, Roosevelt era um franco atirador com sucessivas derrotas nas costas e ganhou. No final de 2003, o próprio prefeito em exercício, Roosevelt, estava em terceiro lugar entre apenas três candidatos e ganhou. No final de 2007, Zé Renato era um Zé Ninguém (Era???) e levou. Só em 1991, o favorito foi o vitorioso, Luiz Amaral, numa eleição tão disputada e conturbada, que o resultado só saiu do Fórum às portas trancadas depois de semanas.

Mas para concluir, quero registrar mais uma vez que essas são apenas as minhas impressões pautadas nos fatos que vivenciei na história da cidade. Mas a história é sempre pródiga em desafiar os analistas e posso estar totalmente enganado a respeito.

E finalizando, quero crer na boa fé dessa aliança, e parabenizo entusiásticamente, caso seja sincero e real, o despojamento desses três líderes políticos que hoje se abraçam em nome de um projeto maior para Barra Mansa.

Se tudo que foi falado na mídia a respeito dessa junção é verdadeiro e desprovido de interesses puramente pessoais, só me resta dizer:

Parabéns, meu amigo Jonas Marins.

Parabéns, brilhante deputada Inês Pandeló.

Parabéns, Ruthinha Coutinho, pessoa que há muito não falo por desentendimentos políticos e pessoais, mas humildemente peço perdão se realmente as boas intenções para com a cidade estiverem por trás desse empreendimento.

Sucesso para todos, e viva Barra Mansa.

O tempo é o senhor da razão.