Como ilustração da postagem anterior, reproduzimos integralmente a matéria publicada pelo jornal aQui, em 2004, que serviu como ponto de partida para a ação do MP e a condenação da deputada Inês Pandeló, mas que na opinião da presidente do PT de Barra Mansa, é apenas uma "invenção".
"Inêsoduto"
Ex-assessor denuncia Pandeló
Por Chrystine Mello
Depois de quatro anos, mais um deputado de Barra Mansa volta ao noticiário político acusado da prática de “rachidi” – aquele em que os assessores são obrigados a dividir seus salários com os parlamentares. O primeiro foi Ismael de Souza que, segundo sua própria sobrinha, Ana Cláudia Teixeira Marcos, abocanhava todo mês 74% do salário que recebia da Alerj onde trabalhava como assessora parlamentar. Um cargo “fictício”, já que na verdade ela dizia trabalhar no consultório particular de Ismael. O caso terminou em pizza. Mesma sorte pode não ter a deputada estadual Inês Pandeló (PT) que está sendo acusada de ter montado um esquema de “rachidi” para criar um caixa dois desde que assumiu o mandato em 2003.
A denúncia partiu do ex-assessor adjunto de Pandeló, Edson de Almeida Costa, que trabalhava na Alerj, à disposição da Casa de Cultura de Barra Mansa, onde funciona o gabinete da deputada no município. Ele, que há um mês deu entrada numa ação na Justiça do Trabalho contra Inês Pandeló, denunciou ao jornal A Voz da Cidade de Barra Mansa que era obrigado a repassar desde fevereiro de 2003, mais da metade do seu salário para uma conta particular de uma pessoa que trabalharia como ‘tesoureiro do mandato da parlamentar do PT’.
Ao aQui, Edson apresentou algumas provas. Como um depósito que fez, no dia 6 de junho deste ano, dois meses antes de deixar o cargo, na conta 09971-4, agência 6105, do Banco Itaú, em nome de Neide Maria, que seria a tesoureira de Pandeló. “Depositei R$1.768,00 nesta conta”, diz Edson, mostrando através de seu contracheque, que neste mês recebeu R$3.741,71 (bruto) e R$2.978,03 (líquido) como assessor adjunto. Ou seja, ficou com apenas R$1.210,03.
Dizendo-se arrependido de ter feito parte do esquema, Edson quer agora reaver o que depositou para Pandeló. “O total que estou pedindo na Justiça, referente a 30 meses que eu repassei para o caixa dois, é de R$44.142,00. É isso que eu estou tentando reaver”, frisou, lamentando a sua própria atitude. “Isso é ilegal e imoral. Com certeza me arrependo, porque desde o início fui contra isso. Sempre que ia depositar voltava triste para casa, porque estava depositando um dinheiro que era meu”, lamenta-se, aproveitando para atacar a deputada do PT. “Ela acha que o dinheiro é todo dela, que nós não temos capacidade nenhuma de ser um grande assessor”, frisou.
A prática do ‘rachidi’ teria começado em fevereiro de 2003 e terminado em junho deste ano, dois meses antes de Edson deixar o cargo. “Não repassei mais nos meses de julho e agosto. Fiquei com o dinheiro todo para mim”, confessa. Por conta disso, frisou, a tesoureira de Inês Pandeló teria passado a lhe cobrar a parte que deveria ser depositada no caixa dois. “A Neide ficou ligando para mim dizendo que tinha que repassar o dinheiro. Quando fui assinar o cartão de ponto, me falaram que ela tinha mandado dizer para eu deixar o dinheiro lá. Mas eu disse que esse dinheiro ia ficar como indenização pela sacanagem que fizeram comigo”, contou, referindo-se a sua exoneração.
O ex-assessor contou que foi mandado embora por não ter apoiado o candidato de Pandeló para a presidência do diretório municipal do PT em Barra Mansa, José Afonso. “Ela impôs um candidato para nós, que era o Zé Afonso, só que ele não era o meu candidato e fui contra. Queríamos lançar o Zé Raimundo, que depois desistiu”, disse, registrando que depois disso, antes mesmo das eleições no diretório, a deputada teria lhe informado de que ele seria exonerado. “Ela chegou para mim, na cozinha da Casa de Cultura, para você ver a falta de respeito que ela teve comigo, botou a mão no meu ombro e disse que a partir do dia 1° de agosto eu estava exonerado”, lembrou, contando que ficou surpreso. “Eu branquiei, não sabia o que falar, fiquei boquiaberto. Ela falou que eu ia ficar como assessor não nomeado, porque ia colocar outra pessoa no meu lugar, mas não quis”, completou.
“Disse que clandestino dentro do mandato eu não queria ser, porque perderia o meu INSS, minha restituição do Imposto de Renda. Nós lutamos tanto tempo, o PT, para sair da clandestinidade e não ia ser um clandestino não”, desabafou, acusando Inês Pandeló de tê-lo exonerado como forma de represália. “Foi retaliação da parte dela. É lógico que ela não disse porque ia me exonerar, mas foi porque não apoiei o candidato dela”, reafirmou.
No tempo em que trabalhou no gabinete de Inês, Edson, em entrevista gravada ao aQui, disse que os valores, ao longo dos meses, chegaram a ser feitos em três contas diferentes. E que os valores oscilavam por causa das gratificações pagas pela Alerj. “Sempre tinha uma diferença”, contou, destacando que começou a receber R$900,00 de um total de R$2.096,41 que recebia oficialmente da Assembléia Legislativa. Depois, R$1.210,03 de um total de R$2.978,03. Valores líquidos, ressalta.
Dois meses antes de ser exonerado, Edson diz que resolveu não repassar mais nenhum real para o caixa dois de Inês Pandeló. Ficou com R$2.965,31 líquidos. E revela para onde ia o dinheiro do “rachidi”: “A primeira conta era no nome do tesoureiro Ricardo, que mora em Vassouras. Era para a agência 3538, conta 05447-3 do Banco Itaú. Ele ficou 15 meses com a gente. Como ganharam (o PT) a prefeitura em Vassouras ele foi nomeado secretário de Planejamento lá. Aí entrou a Neide, uma pessoa de Pinheiral, e passei a depositar na agência 3506, conta 22876-0, e depois para a agência 6105, conta 09971-4 também no nome dela”, detalhou.
Segundo Edson, a Alerj lhe pagava pontualmente, via Banco Itaú, até o quinto dia útil. Detalhe: tinha que repassar a quantia do “rachidi” até dois dias depois. “Eu tinha 48 horas para fazer o depósito. Se não depositasse a tesoureira vinha em cima de mim”, disse, lembrando que um dia chegou a demorar três dias para efetuar o depósito. “Se eu depositava um valor a menos, ela cobrava no outro mês”, registrou.
Como cada mês o valor oscilava, Edson informou que a tesoureira ou outra secretária de Inês Pandeló ficava com uma lista com os valores que cada um, dos 20 assessores nomeados, tinha que depositar. “A gente falava que era nosso dever de casa”, ironizou. Cada um dos assessores, segundo Edson, depositava uma quantia, de acordo com o salário que recebia. O valor era calculado pelo contracheque de cada um que era entregue na Casa de Cultura para ser aberto pelo tesoureiro. “O contracheque eu pegava na Casa de Cultura já aberto, um absurdo. Em lugar nenhum do mundo se abre um contracheque de um trabalhador”, informou.
Caixa doisDe acordo com Edson a prática do caixa dois existe desde o início do mandato de Inês Pandeló como deputada, em fevereiro de 2003. E, afirma, foi criado pela própria parlamentar do PT. “Dentro da assessoria da Inês tem um caixa dois, eu chamo até de Inêsoduto. Tem o Valerioduto do PT nacional e tem o Inêsoduto que ela mesmo criou”, brinca, garantindo, entretanto, que a deputada estadual do PT não chegou a receber nenhum dinheiro do caixa dois de Brasília. “Ela criou um próprio caixa, não tem nada a ver com o Valerioduto, pois que eu saiba o nome de nenhum assessor saiu nesta listagem nacional”, afirmou, emendando. “Ela criou o próprio caixa dela, o Inêsoduto, onde as vinte pessoas nomeadas depositam um valor tal na conta do fulano de tal”, completou.
O ex-assessor contou que ficou sabendo do esquema assim que foi chamado para trabalhar com Inês. Através dela mesma. “Quando ela chamou a gente para trabalhar marcou uma reunião e falou para todos juntos, os 20 assessores nomeados: o salário de vocês é esse e o que vier no contracheque vocês repassam para uma conta que depois vai ser entregue para vocês”, lembrou, acrescentando que na reunião, que aconteceu na sede do PT, ninguém contestou a determinação. “No momento ninguém questionou”, frisou, registrando que, depois, ele contestou. “Quando veio o primeiro salário eu questionei. Meu salário vai ser só de R$900,00? Não é R$2.096,41?, relembra, informando ter depositado, nesta ocasião, no caixa do tesoureiro do mandato a importância de R$1.511,00.
Por ter questionado, Edson contou que o então tesoureiro Ricardo, o chamou para conversar. Para explicar onde era aplicado o dinheiro repassado pelos 20 assessores nomeados. “Ele (Ricardo) colocou que era para pagar o salário dos não nomeados, que são 21, e as despesas da Casa de Cultura”, disse, contando que colocou no papel e viu que era dinheiro demais. “Com os não nomeados ela gasta hoje uma faixa de R$15 mil, inclusive para esses não nomeados ela não paga INSS, eles é que tem que se virar e pagar. A Casa de Cultura tem uma despesa mensal de R$1,5 mil. Calculo que esse caixa do mandato seria de R$30 a R$50 mil por mês. Então você tira as despesas dos R$15 mil e dos R$1,5 mil, o restante é caixa dois, que fez a campanha de 2004 e vai fazer a campanha do ano que vem”, afirmou.
Edson garante que todo mundo que trabalha com Inês sabe do esquema de caixa dois, mas tem medo de dizer. “Existe uma pressão, alguns são covardes e outros têm medo de ser exonerados. Pode ser que depois que ela perca o mandato alguém tente alguma coisa contra ela, mas antes disso não”, disse garantindo ainda que todos os 20 nomeados depositam o dinheiro na tal conta do Banco Itaú. “Tenho certeza, mas não posso provar”, acentuou, desafiando a Justiça a descobrir o esquema. “Se quebrar o sigilo bancário dela (Neide) é que vai ver a quantidade de dinheiro que tem na conta dela”, argumentou o ex-assessor, que espera que sua denúncia faça com que outros assessores botem a boca no trombone. “Pode até ser. Eu até espero que alguém tenha coragem porque a Inês não pode mais posar de boa moça por aí fazendo o que faz”, atirou.
Quanto as declarações de Inês ao jornal A Voz da Cidade de que ele teria que provar a o que está dizendo, Edson desafia a deputada. “Ela está dizendo que eu tenho que provar que tem caixa dois, eu não tenho que provar. Ela é que tem que provar que não tem. Eu tenho como provar que tem”, frisou, dizendo não ter medo de ser processado por Pandeló. “Ela pode me processar, é um direito dela, mas eu tenho como provar isso, ela não tem como provar nada”, afirmou, contestando ainda as declarações da deputada de que ele teria pedido demissão. “Mentira dela, além do mais é uma mentirosa”, disparou, garantindo que, se houver traição, não foi por parte dele. “Traição foi o que ela fez comigo, ter me exonerado por eu não ter apoiado o candidato dela. Isso foi traição e não se faz. Isso não é ser democrático”, ressaltou.
Já sobre a possível existência de um caixa dois na época em que Inês foi prefeita de Barra Mansa, Edson afirmou não ter nenhum conhecimento a respeito disso. “Não tenho essa informação. Não ouvi falar porque estava bem mais distante, no Saae, na secretaria de Obras, depois no Governo, onde fiquei um pouco mais perto, mas não tinha acesso a isso”, contastou.
Como tudo começouEdson contou que conheceu Inês na Igreja de Santo Antônio, em Saudade, onde militaram juntos. “Desde 89 conheço a Inês, entrei e saí do PT por causa dela”,revelou, informando que mandou sua carta de desfiliação há uns 15 dias. Em 1992, o ex-assessor disse que começou a trabalhar com Inês, quando ela foi eleita vereadora, e depois continuou quando ela assumiu a prefeitura, em 97. No Centro Administrativo ele trabalhou como motorista, com cargo comissionado no Saae, na secretaria de Obras e na secretaria de Governo, ganhando R$840,00. Quando Inês saiu da prefeitura, em 2001, Edson informou que ficou desempregado. “Passei por dificuldades e minha família me ajudou muito”, lembrou. Em 2002, na eleição para Alerj, o ex-assessor participou da campanha e em 2003, ao tomar posse, ele passou a trabalhar com ela como assessor, onde permaneceu por 30 meses.
InêsEm entrevista ao aQui, a deputada estadual Inês Pandeló negou que tenha montado qualquer esquema de caixa dois. E lamenta a atitude do ex-assessor. “Não sei o que motivou isso. Ele foi meu cargo comissionado, portanto, de confiança, como vereadora, como prefeita e agora como deputada estadual. Foi ele que pediu para sair e o que saiu no jornal foram coisas que já tinha chegado até mim porque ele havia comentado com outras pessoas. Então, não foi nenhuma novidade. Eu me senti traída porque era meu cargo de confiança, uma pessoa que conheço a família há muitos anos, que vi crescer, inclusive, então não dá para entender”, defendeu-se, passando a responsabilidade para seus assessores.
“O que ele mostrou é que havia repasse para uma pessoa que é assessora do meu mandato. Ele mesmo disse que esse valor era para contribuir com outros assessores. Isso deve ser perguntado aos assessores. Da minha parte, não houve nenhuma determinação, mas posso afirmar que não houve nenhum caixa dois”, garantiu Pandeló.
Por Chrystine Mello
Depois de quatro anos, mais um deputado de Barra Mansa volta ao noticiário político acusado da prática de “rachidi” – aquele em que os assessores são obrigados a dividir seus salários com os parlamentares. O primeiro foi Ismael de Souza que, segundo sua própria sobrinha, Ana Cláudia Teixeira Marcos, abocanhava todo mês 74% do salário que recebia da Alerj onde trabalhava como assessora parlamentar. Um cargo “fictício”, já que na verdade ela dizia trabalhar no consultório particular de Ismael. O caso terminou em pizza. Mesma sorte pode não ter a deputada estadual Inês Pandeló (PT) que está sendo acusada de ter montado um esquema de “rachidi” para criar um caixa dois desde que assumiu o mandato em 2003.
A denúncia partiu do ex-assessor adjunto de Pandeló, Edson de Almeida Costa, que trabalhava na Alerj, à disposição da Casa de Cultura de Barra Mansa, onde funciona o gabinete da deputada no município. Ele, que há um mês deu entrada numa ação na Justiça do Trabalho contra Inês Pandeló, denunciou ao jornal A Voz da Cidade de Barra Mansa que era obrigado a repassar desde fevereiro de 2003, mais da metade do seu salário para uma conta particular de uma pessoa que trabalharia como ‘tesoureiro do mandato da parlamentar do PT’.
Ao aQui, Edson apresentou algumas provas. Como um depósito que fez, no dia 6 de junho deste ano, dois meses antes de deixar o cargo, na conta 09971-4, agência 6105, do Banco Itaú, em nome de Neide Maria, que seria a tesoureira de Pandeló. “Depositei R$1.768,00 nesta conta”, diz Edson, mostrando através de seu contracheque, que neste mês recebeu R$3.741,71 (bruto) e R$2.978,03 (líquido) como assessor adjunto. Ou seja, ficou com apenas R$1.210,03.
Dizendo-se arrependido de ter feito parte do esquema, Edson quer agora reaver o que depositou para Pandeló. “O total que estou pedindo na Justiça, referente a 30 meses que eu repassei para o caixa dois, é de R$44.142,00. É isso que eu estou tentando reaver”, frisou, lamentando a sua própria atitude. “Isso é ilegal e imoral. Com certeza me arrependo, porque desde o início fui contra isso. Sempre que ia depositar voltava triste para casa, porque estava depositando um dinheiro que era meu”, lamenta-se, aproveitando para atacar a deputada do PT. “Ela acha que o dinheiro é todo dela, que nós não temos capacidade nenhuma de ser um grande assessor”, frisou.
A prática do ‘rachidi’ teria começado em fevereiro de 2003 e terminado em junho deste ano, dois meses antes de Edson deixar o cargo. “Não repassei mais nos meses de julho e agosto. Fiquei com o dinheiro todo para mim”, confessa. Por conta disso, frisou, a tesoureira de Inês Pandeló teria passado a lhe cobrar a parte que deveria ser depositada no caixa dois. “A Neide ficou ligando para mim dizendo que tinha que repassar o dinheiro. Quando fui assinar o cartão de ponto, me falaram que ela tinha mandado dizer para eu deixar o dinheiro lá. Mas eu disse que esse dinheiro ia ficar como indenização pela sacanagem que fizeram comigo”, contou, referindo-se a sua exoneração.
O ex-assessor contou que foi mandado embora por não ter apoiado o candidato de Pandeló para a presidência do diretório municipal do PT em Barra Mansa, José Afonso. “Ela impôs um candidato para nós, que era o Zé Afonso, só que ele não era o meu candidato e fui contra. Queríamos lançar o Zé Raimundo, que depois desistiu”, disse, registrando que depois disso, antes mesmo das eleições no diretório, a deputada teria lhe informado de que ele seria exonerado. “Ela chegou para mim, na cozinha da Casa de Cultura, para você ver a falta de respeito que ela teve comigo, botou a mão no meu ombro e disse que a partir do dia 1° de agosto eu estava exonerado”, lembrou, contando que ficou surpreso. “Eu branquiei, não sabia o que falar, fiquei boquiaberto. Ela falou que eu ia ficar como assessor não nomeado, porque ia colocar outra pessoa no meu lugar, mas não quis”, completou.
“Disse que clandestino dentro do mandato eu não queria ser, porque perderia o meu INSS, minha restituição do Imposto de Renda. Nós lutamos tanto tempo, o PT, para sair da clandestinidade e não ia ser um clandestino não”, desabafou, acusando Inês Pandeló de tê-lo exonerado como forma de represália. “Foi retaliação da parte dela. É lógico que ela não disse porque ia me exonerar, mas foi porque não apoiei o candidato dela”, reafirmou.
No tempo em que trabalhou no gabinete de Inês, Edson, em entrevista gravada ao aQui, disse que os valores, ao longo dos meses, chegaram a ser feitos em três contas diferentes. E que os valores oscilavam por causa das gratificações pagas pela Alerj. “Sempre tinha uma diferença”, contou, destacando que começou a receber R$900,00 de um total de R$2.096,41 que recebia oficialmente da Assembléia Legislativa. Depois, R$1.210,03 de um total de R$2.978,03. Valores líquidos, ressalta.
Dois meses antes de ser exonerado, Edson diz que resolveu não repassar mais nenhum real para o caixa dois de Inês Pandeló. Ficou com R$2.965,31 líquidos. E revela para onde ia o dinheiro do “rachidi”: “A primeira conta era no nome do tesoureiro Ricardo, que mora em Vassouras. Era para a agência 3538, conta 05447-3 do Banco Itaú. Ele ficou 15 meses com a gente. Como ganharam (o PT) a prefeitura em Vassouras ele foi nomeado secretário de Planejamento lá. Aí entrou a Neide, uma pessoa de Pinheiral, e passei a depositar na agência 3506, conta 22876-0, e depois para a agência 6105, conta 09971-4 também no nome dela”, detalhou.
Segundo Edson, a Alerj lhe pagava pontualmente, via Banco Itaú, até o quinto dia útil. Detalhe: tinha que repassar a quantia do “rachidi” até dois dias depois. “Eu tinha 48 horas para fazer o depósito. Se não depositasse a tesoureira vinha em cima de mim”, disse, lembrando que um dia chegou a demorar três dias para efetuar o depósito. “Se eu depositava um valor a menos, ela cobrava no outro mês”, registrou.
Como cada mês o valor oscilava, Edson informou que a tesoureira ou outra secretária de Inês Pandeló ficava com uma lista com os valores que cada um, dos 20 assessores nomeados, tinha que depositar. “A gente falava que era nosso dever de casa”, ironizou. Cada um dos assessores, segundo Edson, depositava uma quantia, de acordo com o salário que recebia. O valor era calculado pelo contracheque de cada um que era entregue na Casa de Cultura para ser aberto pelo tesoureiro. “O contracheque eu pegava na Casa de Cultura já aberto, um absurdo. Em lugar nenhum do mundo se abre um contracheque de um trabalhador”, informou.
Caixa doisDe acordo com Edson a prática do caixa dois existe desde o início do mandato de Inês Pandeló como deputada, em fevereiro de 2003. E, afirma, foi criado pela própria parlamentar do PT. “Dentro da assessoria da Inês tem um caixa dois, eu chamo até de Inêsoduto. Tem o Valerioduto do PT nacional e tem o Inêsoduto que ela mesmo criou”, brinca, garantindo, entretanto, que a deputada estadual do PT não chegou a receber nenhum dinheiro do caixa dois de Brasília. “Ela criou um próprio caixa, não tem nada a ver com o Valerioduto, pois que eu saiba o nome de nenhum assessor saiu nesta listagem nacional”, afirmou, emendando. “Ela criou o próprio caixa dela, o Inêsoduto, onde as vinte pessoas nomeadas depositam um valor tal na conta do fulano de tal”, completou.
O ex-assessor contou que ficou sabendo do esquema assim que foi chamado para trabalhar com Inês. Através dela mesma. “Quando ela chamou a gente para trabalhar marcou uma reunião e falou para todos juntos, os 20 assessores nomeados: o salário de vocês é esse e o que vier no contracheque vocês repassam para uma conta que depois vai ser entregue para vocês”, lembrou, acrescentando que na reunião, que aconteceu na sede do PT, ninguém contestou a determinação. “No momento ninguém questionou”, frisou, registrando que, depois, ele contestou. “Quando veio o primeiro salário eu questionei. Meu salário vai ser só de R$900,00? Não é R$2.096,41?, relembra, informando ter depositado, nesta ocasião, no caixa do tesoureiro do mandato a importância de R$1.511,00.
Por ter questionado, Edson contou que o então tesoureiro Ricardo, o chamou para conversar. Para explicar onde era aplicado o dinheiro repassado pelos 20 assessores nomeados. “Ele (Ricardo) colocou que era para pagar o salário dos não nomeados, que são 21, e as despesas da Casa de Cultura”, disse, contando que colocou no papel e viu que era dinheiro demais. “Com os não nomeados ela gasta hoje uma faixa de R$15 mil, inclusive para esses não nomeados ela não paga INSS, eles é que tem que se virar e pagar. A Casa de Cultura tem uma despesa mensal de R$1,5 mil. Calculo que esse caixa do mandato seria de R$30 a R$50 mil por mês. Então você tira as despesas dos R$15 mil e dos R$1,5 mil, o restante é caixa dois, que fez a campanha de 2004 e vai fazer a campanha do ano que vem”, afirmou.
Edson garante que todo mundo que trabalha com Inês sabe do esquema de caixa dois, mas tem medo de dizer. “Existe uma pressão, alguns são covardes e outros têm medo de ser exonerados. Pode ser que depois que ela perca o mandato alguém tente alguma coisa contra ela, mas antes disso não”, disse garantindo ainda que todos os 20 nomeados depositam o dinheiro na tal conta do Banco Itaú. “Tenho certeza, mas não posso provar”, acentuou, desafiando a Justiça a descobrir o esquema. “Se quebrar o sigilo bancário dela (Neide) é que vai ver a quantidade de dinheiro que tem na conta dela”, argumentou o ex-assessor, que espera que sua denúncia faça com que outros assessores botem a boca no trombone. “Pode até ser. Eu até espero que alguém tenha coragem porque a Inês não pode mais posar de boa moça por aí fazendo o que faz”, atirou.
Quanto as declarações de Inês ao jornal A Voz da Cidade de que ele teria que provar a o que está dizendo, Edson desafia a deputada. “Ela está dizendo que eu tenho que provar que tem caixa dois, eu não tenho que provar. Ela é que tem que provar que não tem. Eu tenho como provar que tem”, frisou, dizendo não ter medo de ser processado por Pandeló. “Ela pode me processar, é um direito dela, mas eu tenho como provar isso, ela não tem como provar nada”, afirmou, contestando ainda as declarações da deputada de que ele teria pedido demissão. “Mentira dela, além do mais é uma mentirosa”, disparou, garantindo que, se houver traição, não foi por parte dele. “Traição foi o que ela fez comigo, ter me exonerado por eu não ter apoiado o candidato dela. Isso foi traição e não se faz. Isso não é ser democrático”, ressaltou.
Já sobre a possível existência de um caixa dois na época em que Inês foi prefeita de Barra Mansa, Edson afirmou não ter nenhum conhecimento a respeito disso. “Não tenho essa informação. Não ouvi falar porque estava bem mais distante, no Saae, na secretaria de Obras, depois no Governo, onde fiquei um pouco mais perto, mas não tinha acesso a isso”, contastou.
Como tudo começouEdson contou que conheceu Inês na Igreja de Santo Antônio, em Saudade, onde militaram juntos. “Desde 89 conheço a Inês, entrei e saí do PT por causa dela”,revelou, informando que mandou sua carta de desfiliação há uns 15 dias. Em 1992, o ex-assessor disse que começou a trabalhar com Inês, quando ela foi eleita vereadora, e depois continuou quando ela assumiu a prefeitura, em 97. No Centro Administrativo ele trabalhou como motorista, com cargo comissionado no Saae, na secretaria de Obras e na secretaria de Governo, ganhando R$840,00. Quando Inês saiu da prefeitura, em 2001, Edson informou que ficou desempregado. “Passei por dificuldades e minha família me ajudou muito”, lembrou. Em 2002, na eleição para Alerj, o ex-assessor participou da campanha e em 2003, ao tomar posse, ele passou a trabalhar com ela como assessor, onde permaneceu por 30 meses.
InêsEm entrevista ao aQui, a deputada estadual Inês Pandeló negou que tenha montado qualquer esquema de caixa dois. E lamenta a atitude do ex-assessor. “Não sei o que motivou isso. Ele foi meu cargo comissionado, portanto, de confiança, como vereadora, como prefeita e agora como deputada estadual. Foi ele que pediu para sair e o que saiu no jornal foram coisas que já tinha chegado até mim porque ele havia comentado com outras pessoas. Então, não foi nenhuma novidade. Eu me senti traída porque era meu cargo de confiança, uma pessoa que conheço a família há muitos anos, que vi crescer, inclusive, então não dá para entender”, defendeu-se, passando a responsabilidade para seus assessores.
“O que ele mostrou é que havia repasse para uma pessoa que é assessora do meu mandato. Ele mesmo disse que esse valor era para contribuir com outros assessores. Isso deve ser perguntado aos assessores. Da minha parte, não houve nenhuma determinação, mas posso afirmar que não houve nenhum caixa dois”, garantiu Pandeló.
E agora Inês ? Cade a ética, a seriedade, a vergonha na cara, sua...?
ResponderExcluirO imposto de renda da Receita Federal é mais barato que a proprina da Inês Pandeló.
Mas tem o lado bom da história! é! Inês agora não vai ser conhecida como 400%, ela subiu pra 468%! KKKKKKKKK.
Fora Pandeca e todo o bando dos PTralhas.
PROFESSORA VINGADA.
Só incautos que essa deputada enganou....A ética, transparência, humildade, democracia passaram longe da mesma....Ela e o atual prefeito já estão na história de Barra Mansa como os piores prefeitos de todos os tempos, não respeitam servidores, alunos, povo pobre e humilde...Se o povo reclama da carga tributária no País como pode essa deputada descontar 68% do salário de um assessor?
ResponderExcluirA pior forma de exploração é a exploração do semelhante, essa Senhora deveria voltar para sua cidade e deixa Barra Mansa em Paz, já seria o início de seu arrependimento pelas maldades contra o povo!
Professor Jefferson Marinho
Inês...legível. Quem diria...
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