DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS.

CAPA ARTIFICIAL.

Todos os órgãos de imprensa no Brasil tem as suas preferências políticas, especialmente quando a afinidade é fortalecida por verbas públicas. É assim. Sempre será. Compreendo. Cliente tem sempre razão. É ele quem patrocina e possibilita o pagamento de funcionários e impostos e o que é bom para o cliente, geralmente, é bom para o "fornecedor". Apesar de entender o mecanismo, têm casos que extrapolam os limites da racionalidade, e cabe ao leitor, ouvinte ou telespectador, saber separar o joio do trigo e formar as suas opiniões pautadas na lógica e no bom senso. Faço esse preâmbulo para registrar o antagonismo de certas posturas do Diário do Vale, que é, certamente, o jornal de maior circulação na região sul-fluminense, e tal fato, evidentemente, foi construído por méritos que não me cabem questionar e nem pretendo fazê-lo.

Em Barra Mansa, evidente que o Diário do Vale "torce" por Zé Renato. Em Volta Redonda, é explícito que o Diário do Vale "torce" por Neto, em Piraí é natural que o Diário do Vale "torça" por Luiz Antônio, e assim por diante. Normalmente, o jornal acompanha as tendências oferecidas pelos atuais governantes e as razões apontadas acima são mais do que suficientes para entendermos a simpatia recíproca, porém, algumas incoerências nos chamam a atenção.

Hoje, na coluna "Mosaico", o jornal esclarece que tem o costume de divulgar apenas pesquisas do IBOPE, mas o festival de baixarias que está sendo atirado contra o candidato Luiz Antônio, de Piraí, justifica a abertura de uma exceção, e logo após, divulga números de uma pesquisa MIND que aponta a virtual vitória de seu favorito. Quer dizer então que o Instituto MIND só é confiável quando aponta vitória dos preferidos do jornal? Por que a pesquisa MIND em Barra Mansa não merece o mesmo crédito?

Já no site do mesmo jornal, se enaltece a decisão da Justiça Eleitoral em Volta Redonda, que mandou tirar de circulação um tablóide ofensivo à candidatura e a pessoa do prefeito Neto. Antes de registrar o contra-senso, esclareço que sou absolutamente favorável a apreensão e punição de todos os responsáveis pela veiculação de factóides apócrifos e covardias do gênero, que assaquem covardemente contra a moral de quem quer que seja sem provas ou fatos contundentes, mas fico perplexo ao lembrar que, recentemente, o mesmo jornal se solidarizou com seu "concorrente", aQui, quando reproduziu, na íntegra, uma matéria que já foi condenada pela Justiça eleitoral e uma nota de repúdio do mesmo "concorrente" contra Jonas Marins, alegando que a ação de supostos cabos eleitorais ou simpatizantes de Jonas ao solicitarem a apreensão da distribuição gratuita e tendenciosa do jornal, constituia "um atentado contra a liberdade de imprensa e a livre manifestação popular". Ora, o mesmo expediente contra Jonas pode? Contra Neto não pode? Dois pesos diferentes para duas medidas iguais?

Não quero questionar nem colocar em foco a credibilidade do jornal Diário do Vale, pois o leitor tem o soberano direito de acreditar no que lhe parece real ou lhe convém, mas seria de bom alvitre que esse importante veículo de imprensa manifestasse de forma clara, cristalina e contundente, as suas preferências, o que é legítimo, e não queira cobrir o seu livre posicionamento com uma capa de isenção artificial e enganosa no intuito velado de formar opinião favorável aos seus exclusivos interesses pessoais.