quinta-feira, 22 de outubro de 2009

LARANJA - LEÃO DO SUL - RECANTO - DENÚNCIA

Hoje vi uma postagem no estacaobm.blogspot.com efetuada por meu amigo Figurótico. Falava a brilhante e sentimental coluna sobre o fim do Barra Mansa, mais precisamente se reportando a demolição da antiga sede do Barra Mansa Futebol Clube. Sobre este assunto polêmico e extremamente blindado pela Prefeitura da cidade, finalmente vou desabafar.
No início deste ano ao analisar os balancetes da Prefeitura e suas autarquias em 2008, resolvi pela primeira vez, ver o conteúdo da FEBAM, antiga Fundação de Cultura e Esporte e Lazer da cidade, e aí começou a novela que certamente demorará a ter um desfecho.
Constatei que no mês de abril de 2008, a Febam repassou ao “CLUBE DO RECANTO” uma quantia expressiva e não entendi o porque, e para minha espécie, tais procedimentos continuaram a ser observados nos meses de maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro.
Somando-se o valor dos repasses, se chegou quantia de R$575.000,00 (Quinhentos e setenta e cinco mil reais).
Imediatamente procurei o assessor legislativo do prefeito na Câmara Municipal e o indaguei a respeito, assim como fiz com alguns vereadores da base de sustentação de governo.
Todos eles informaram que nada sabiam do assunto.
Intrigado, perguntei por telefone sobre a origem dos repasses ao falecido Secretário de Governo de Barra Mansa, Lúcio Teixeira, e ele só me afirmou que estava tudo dentro da legalidade, mas não se aprofundou na resposta. Evidentemente insatisfeito, procurei o vereador Guto Nader, e lhe informei do fato estranho e insólito.
Prontamente ele redigiu um pedido de informação ao prefeito Zé Renato, que na mesma semana fora aprovado por unanimidade no plenário da Camara.
Isto posto, o prefeito teria quinze dias para responder as indagações a respeito dos repasses e anexar os documentos pertinentes.
Para nossa surpresa, em apenas três dias ele respondeu laconicamente o pedido de informações do vereador, sem anexar documento algum, apenas informando que os valores repassados ao CLUBE DO RECANTO foram para fazer face as despesas do campeonato de futebol amador da cidade, a participação da cidade na Copa TV Rio Sul de Futsal e para ajudar a participação do BARRA MANSA Futebol Clube nos campeonatos estaduais de futebol da terceira divisão, nas categorias junior e profissional. Nada mais disse a não ser informar que tal colaboração era advinda do clamor popular e faziam parte das comemorações do centenário do leão do sul.
Em toda a minha vida pública, jamais vi uma confissão de culpa e crime tão rápida e evasiva. Configurou-se claramente na resposta do prefeito, a quem respeito e tenho carinho, a criação oficial do termo “laranja”, pois o CLUBE DO RECANTO estava desta forma sendo “laranja” do BARRA MANSA FUTEBOL CLUBE, segundo as próprias informações do prefeito Zé Renato.
Faço uma pausa na linha de raciocínio para informar que o Barra Mansa disputou apenas doze jogos no campeonato, tinha vários jogadores com salários pagos por empresários e suas despesas de transporte, alimentação e hospedagem eram parcialmente pagas pela própria prefeitura e alguns beneméritos do time, enquanto o Fênix, que não teve nenhum apoio deste porte, jogou dezoito partidas e sua despesa ficou em um quinto dos valores repassados via terceiros para o Leão.
Não demorou muito para eu me lembrar, que justamente na época do início dos repasses até hoje suspeitos, o presidente do Clube do Recanto era o Sr. João Luiz Cuntin Rezende, o popular Jojô, que coincidentemente foi nomeado pela prefeitura no mesmo período como Assessor Especial de Esportes. Também recordei que durante este período o próprio Jojô, assim como o Sr. Celestino Rezende e o Sr. Renine Oliveira, foram presidentes do Barra Mansa Futebol Clube. Vale lembrar que o Sr. Renine era e ainda é Diretor Executivo do SAAE e o Dr. Celestino era e ainda é Assessor Jurídico da Prefeitura. Também recordei que o Procurador Jurídico da Prefeitura, Dr. Ronaldo Barbosa, é um dos conselheiros do Clube do Recanto, isto sem contar outras personalidades que tem vínculos com as dois ou três dos órgãos mencionados: Recanto, Prefeitura e Barra Mansa F.C..
Para o leitor ficar ainda mais encafifado, informo que o último ato do ex-prefeito Roosevelt Brasil, no dia 31 de dezembro, foi VETAR uma emenda dos então vereadores Rodrigo Drable e Ademir Melo, que concediam no orçamento público, de forma legal, a doação de quase quatrocentos mil reais ao Barra Mansa Futebol Clube.
Para botar ainda mais pimenta neste vatapá temperadíssimo, também informo que a primeira mensagem do prefeito atual, foi a criação de diversos cargos na prefeitura, sendo dois deles a nível de primeiro escalão, e coincidentemente os dois nomeados para tais cargos foram o Sr. João Luiz Cuntin Rezende e o ex-prefeito Roosevelt Brasil.
Quando descobri este arranjo, era sócio e freqüentador habitual do Recanto, onde ainda tenho inúmeros amigos, mas de lá para cá, não me senti mais a vontade para continuar essa rotina. Me senti, como muitos sócios, usado e abusado.
Fiquei sabendo que a atual direção do Clube, colocou em seus murais internos a informação que nenhum centavo destas verbas ficou no Clube, foram todas repassadas a Barra Mansa Futebol Clube. Se isto procede, só vem a acentuar a improbidade, mas deixemos a justiça analisar.
Quando assumi a Presidência do PSC de Barra Mansa, partido de meu Deputado federal Delei, visitei junto com meu “staff” partidário as dependências o jornal “A Voz da Cidade”, e municiado de todos os documentos alusivos que comprovam as afirmações acima, dei uma entrevista que seria publicada imediatamente. Estranhamente nada foi publicado e dois dias após recebi a visita em meu Gabinete do amigo Vivaldo Ramos, dono do Transporte Generoso, e famoso benemérito do Barra Mansa Futebol Clube. Gentilmente ele me doou um livro sobre a nova ortografia e disse que tal livro seria importante para minhas bem escritas linhas futuras. Concomitantemente narrou a sua trajetória de vida e seu amor por Barra mansa, do qual nunca duvidei. Mas veio junto o pedido para não tocar no assunto polêmico visto que isto poderia prejudicar o Barra Mansa Futebol Clube. Infelizmente não pude atende-lo e no dia seguinte fui no programa Café no Bule, do Paulinho Lima, onde achei ser o único espaço radiofônico que ainda não estava contaminado com as verbas publicitárias da prefeitura. Peguei-o de surpresa, mas em poucos minutos fiz o relato da denúncia e coloquei-me a disposição para processos e ações movidas por qualquer um que se sentisse prejudicado com minhas colocações, inclusive fornecendo meus dados pessoais, endereço e números de documentos. Até hoje, apesar de algumas ameaças indiretas, ninguém ousou me acionar na justiça sobre o tema, mas continuo a disposição.
Coincidentemente, e hajam coincidências, passei a ver no jornal “AVoz da cidade” propagandas coloridas e amplas da Transporte Generoso.
Informo que entre as pessoas citadas, infelizmente, por várias delas sinto respeito e carinho, e rogo para eu não se sintam ofendidas, mas Barra Mansa é maior do que as minhas satisfações pessoais.
O leitor deve me perguntar se imagino a origem deste imbróglio. Imagino, sim. O Prefeito da época, Roosevelt Brasil, pessoa a quem não confio nem respeito como ser humano nem como político, é um homem de inteligência privilegiada e dotado de um maquiavelismo sem precedentes na cidade. Com sua sagacidade, não faz nada que não seja monitorado por pesquisas que algo me diz que são financiadas com o nosso suado dinheirinho, mas isto é outra conversa.
Por estar atento as informações, ele percebeu que no início do ano, o seu adversário Ademir Melo, liderava com folga todas as pesquisas relativas a eleição de outubro e seu candidato Zé Renato não emplacava de jeito algum. Percebendo o quadro político, Roosevelt notou que entre os jovens e os esportistas, para quem seu governo pouco ou nada fez, a liderança de Ademir era ainda mais acentuada. Precisava então Roosevelt, adentrar no segmento de forma rápida e objetiva. Nada mais conveniente que o Barra Mansa Futebol Clube estar comemorando centenário de vida. Mesmo após sete anos de total abandono ao clube, Roosevelt resolveu ser o grande benemérito do Leão, e colocou a máquina a disposição do clube tentando reverter as posições eleitorais.
Infelizmente, a necessidade falou mais alto que a ética, e os dirigentes do leão, que há pouco tempo defenestravam o prefeito, passaram a lhe abrir as portas e os braços. O resto foi conseqüência, pois como diz o ditado: “A ocasião faz o ladrão!”.
Tentei de todas as formas receber informações e relatórios claros e objetivos da origem legal e do destino de tais verbas, evitando se fosse possível, possíveis injustiças, mas infelizmente, ate agora nada.
Mas a novela ainda tinha mais capítulos.
Em abril deste ano, a própria prefeitura repassou vinte e poucos mil reais ao Clube do recanto, mas segundo me informaram, o Clube desejou abocanhar uma fatia e a parceria melou.
Porém, no dia 28 de agosto de 2009, a prefeitura de Barra Mansa pagou ao Barra Mansa futebol clube, a quantia de R$500.000,00 (Quinhentos mil reais).
As informações obtidas dão conta que tal valor é referente a desapropriação do imóvel mencionado pelo Figurótico. Dizem ainda que o valor proposto era de duzentos mil, mas a justiça achou pouco e recomendou quinhentos, o que a Prefeitura concordou sem hesitar nem contestar judicialmente.
Dias após o Leão foi novamente eliminado do campeonato da terceira divisão e o Fênix segue seu vôo em céu de brigadeiro.
Está aí, Figura, o motivo do desabamento, vai servir para construção do Vieira da Silva, que se você lembra, foi razão de recente embate técnico da Maçonaria com a PMBM, Maçonaria esta que tem nos seus valorosos quadros, as figuras do Vivaldo e do Ronaldo, entre outros.
Infelizmente, não deu mais para segurar, e o vereador Guto Nader, adentrou com esta denuncia no Ministério Público. Lá no MP, as verbas públicas não dizem nada, só a verdade satisfaz. Lá no MP, reside minha esperança de que esta história seja colocada em pratos limpos e os inocentes se assosseguem e os culpados, se houverem, paguem na forma da lei. Lá no MP, existe a esperança de que a gente não veja nossos valores morais serem derrubados sem piedade.
Agora, caro amigo, independentemente desta lambança, temos que discutir o mérito social. O Barra Mansa Futebol Clube é de seus associados ou é da cidade? É justo uma cidade que não tem saúde nem educação de qualidade, alicerces principais de uma sociedade, despender tantas verbas para o deleite de alguns torcedores mal sucedidos? O apoio ao esporte ao nosso ver, tem que ser feito dentro da legalidade, com criatividade e inteligência, assim como fez o prefeito Neto de Volta Redonda, que agindo sempre como um embaixador do Voltaço, construiu legalmente um dos estádios mais modernos do mundo, não só para a prática do esporte bretão, mas para serviços sociais de longo alcance que fazem o orgulho diário dos volta-redondenses.
Lá valeu a luta, pos os resultados foram semeados em terra frondosa e sob o sol da legalidade. Aqui dificilmente prosperará uma ação por baixo dos panos, onde nem os sócios proprietários do Clube do Recanto foram informados da negociata e do trampolim para qual serviram, financeira e politicamente.
Vale ressaltar que a ajuda financeira ao Barra Mansa Futebol Clube de forma direta, era vetada face as dívidas previdenciárias e fiscais do Leão do Sul. Agora certamente com a verba da desapropriação a situação deve ser regulamentada e novos repasses deverão vir por aí.
Sei que esta polêmica desagrada a muitos, inclusive a diletos amigos meus, mas tenho o sonho de ver esta cidade passada a limpo, e que seu futuro seja em caminho fértil para como diz meu amigo Beto Guedes, possamos merecer quem vem depois. À juventude sofrida e castigada de Barra Mansa, ofereço este depoimento, esperando que seus valores sejam melhores do que os da minha geração, que nasceu e foi criada sob o chicote implacável da corrupção.

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