sexta-feira, 27 de novembro de 2009

EPOPÉIA DE UM SONHO ESPORTIVO


AO BRUNO ASSIS, QUE SUPEROU OS LIMITES DAS LIMITAÇÕES FÍSICAS, DEDICO ESTA POSTAGEM.


Este segredo tem muitos anos e será contato quase que integralmente agora.

O Clube Municipal de Barra Mansa representava a cidade na Copta Tv Rio Sul de Futsal. Era tricampeão consecutivo do certame. Paralelamente ao sucesso da equipe de Futsal, o Clube se encontrava em total decadência financeira. Alguns sócios pediram ao então vereador Ademir Melo que assumisse a presidência do Clube. Antes, ele me falou que aceitaria se eu colaborasse na diretoria. Favor para amigo não se nega, muito embora eu sempre fosse avesso à Diretorias de Clubes. Causam muito desgaste e não oferecem nenhum retorno. É uma atividade específica para abnegados. Mas, enfim, aceitei e com plenos poderes fui assumir meu posto.

Ao chegar no Clube, ás vésperas de mais um campeonato da TV, o atleta Bruno Assis, a quem reputo ser um dos maiores talentos nesse esporte no Brasil em todos os tempos, estava ansioso pela minha chegada e me informou que o Sr. Edílson Silva, representante do Clube Náutico de Volta Redonda, tinha levado quase todos os nossos atletas para a cidade vizinha, e ele tinha ficado por fidelidade a terra natal e pelo fato de muitos considerarem-no condenado para a prática do esporte em face de uma trombose em uma das pernas.

Eu ainda não tinha dimensão da importância deste torneio para a cidade. Era e ainda é um dos poucos orgulhos que Barra Mansa teve nas últimas décadas. Mesmo sem ter experiência na direção esportiva, comecei a engendrar estratégias para reverter a situação. Usando da influencia que os abnegados diretores do time tinham na cidade e perante os atletas, fizemos um lobby irresistível para atraí-los de volta e me comprometi a leva-los a disputar o campeonato estadual. Tivemos 90% de êxito e recuperamos a base do nosso time. Mesmo assim, com sobra de caixa financeira, Volta Redonda montou uma seleção, contando com alguns dos maiores expoentes do esporte no estado do Rio.

O campeonato começou e o desfecho era quase inevitável: Volta Redonda e Barra Mansa fariam a final do torneio. Antes deste fato realmente se concretizar, já tinha me dado como satisfeito em fazer uma campanha honrosa visto que o Náutico de VR, estava com uma estrutura quase imbatível.

Porém, quis o destino, que uma bela noite, dias antes da esperada decisão, atletas da minha cidade junto com o Edílson Silva, sentaram-se na minha mesa de bar, e começaram a jorrar elogios à estrutura de Volta Redonda e a capacidade de Edílson Silva para gerenciá-la. Ele mesmo não se fez de rogado, e indiretamente deu-me conselhos soberanos e aulas esportivas à revelia.

Cutucaram onça com vara curta.

Quando Edílson foi ao banheiro do bar, mandei meus atletas embora, sob o risco de não mais jogarem se permanecessem participando daquela encenação humilhante. Quando Edílson retornou e estranhou o fato de só ficarmos nós dois na mesa, lhe disse; - Professor, sua arrogância me encheu o saco. Eu já estava conformado com o título de vocês, mas agora ainda não sei, confesso, o que vou fazer, mas até amanhã, tomo providências e vou ser tetracampeão em cima da sua seleção.

Passei a madrugada em claro, pensando.

Antes mesmo de nascer o sol, graças a informações prestadas pelo Deonil da Costa, a quem abordei, já estava na casa de um alto comandante da TV, esperando-o sair de casa na tentativa de abordá-lo.

Quase às 9 da manhã, ele saindo de sua garagem, levou um susto ao me ver interrompendo a saída de seu carro. Mesmo com os seguranças da área, arrisquei. Tive sorte em não ser confundido com ladrão, e consegui abordá-lo. Ao me identificar como um dos diretores do time de Barra Mansa, ele gentilmente me convidou a ingressar no seu carro.

Era hora de arriscar tudo.

Blefei, mas sabia que não tinha outra alternativa.

Para continuar o relato, é preciso dar alguns detalhes sobre o campeonato. A torcida do Volta Redonda, tinha como base a torcida jovem vascaína, que absorveu o time e o apoiou como se fosse o esquadrão cruzmaltino. Volta Redonda, pela melhor campanha nas fases classificatórias, tinha direito de fazer o segundo jogo da final em casa, mais precisamente no Clube Náutico, que era um verdadeiro caldeirão, e que ainda não tinha conhecido uma derrota do time da casa. E os juizes escalados ainda não eram conhecidos.

Pois bem, alegando falta de segurança para jogar na sede do Clube Náutico, e citando antecedentes de incidentes acontecidos, blefei ao informar que estava retirando o meu time do campeonato. Nenhum atleta ou dirigente nosso sabia disso, nem poderia imaginar tal situação.

O dirigente da Tv, que não posso mencionar o nome, me perguntou, acreditando na firmeza da minha decisão, o que poderia ser feito para reverter minha postura.
Falei-lhe que a Ilha São João tinha capacidade para abrigar a final com segurança. Solicitei-lhe que a final fosse marcada em hora coincidente ao clássico Flamengo e Vasco, para que parte da torcida mais hostil, não estivesse presente, e por fim consegui escolher os dois juizes que apitariam a final.

Voltei com metade da vitória nas mãos, pois todos os meus pleitos foram prontamente aceitos. A Tv não poderia correr o risco de ficar desmoralizada perante seus patrocinadores, e meu pedido tinha amparo racional.

No dia da decisão, pouco após eu exibir um vídeo em sala fechada para nossos atletas que emocionou a todos e armou o espírito para a batalha, invadimos o Ginásio da Ilha São João com mais de 20 ônibus e centenas de carros. Nossa torcida chegou a tomar bandeiras e instrumentos da torcida vizinha, que evidentemente foram devolvidos por nós em tempo hábil.

Ao final do jogo, para surpresa de muitos, sagramo-nos tetracampeões na casa dos adversários, com um show de raça, disciplina tática e talento. E ao Edílson só sobrou o desmoronamento estrondoso da empáfia.

Não tenho nada contra a pessoa dele, mas para dirigir o Barra Mansa Futebol clube, na qualidade de vice-presidente, seu passado compromete.

No final do jogo épico, envolto em lágrimas, fui para fora do ginásio com meu segredo guardado e a sensação de uma vitória pessoal.

Porém, se não fosse Nelsinho, Beto Dodô, Sebolla (dirigentes apaixonados), Mário Jorge (treinador), Canguinha, Junior, Vitor, Gleidson, Cristiano, Luizinho, Paulão, Cubatão, Murilo, Marquinhos, Paulinho, Tiago, Fusquinha, entre outros brilhantes atletas e especialmente Bruno Assis, a quem dedico esta postagem, pela superação pessoal e o talento inenarrável, nada disso seria possível.

Fizemos a nossa parte fora de campo de forma brilhante, mas dentro de quadra eles foram heróis.

Cumpri minha promessa e coloquei-os no campeonato estadual de Futsal, com a indispensável participação do Nelsinho, e fomos a segunda melhor campanha da primeira fase, ficando a frente de Botafogo, Flamengo, América, Fluminense, etc...

A melhor campanha era de um time que tinha Manoel Tobias, Schumacher, Índio, ou seja, Vasco da Gama, base absoluta da Selação Brasileira de Futsal, campeã do mundo.

Este time foi e é até hoje, á única equipe a ter um jogo transmitido ao vivo para todo o Brasil, representando Barra Mansa. O jogo foi no Ginásio do Olaria e transmitido pelo SPORTV. Resultado: Botafogo 2 x Barra Mansa 2. Em vídeo-tape o SPORTV também transmitiu a nossa vitória frente ao América por 2x1.

Ninguém jamais tirará essas vitórias do meu peito, mas o segredo, a partir de hoje, divido honrosamente com vocês.

Bruno Assis, contrariando todas as lógicas médicas, ganhou mais uma penca de Copas Tv Rio Sul, mas tenho certeza que nenhuma com o mesmo significado.

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