QUEM BANCA A DILMARAJÁ?
João Vaccari Neto, o novo tesoureiro do PT e responsável pelas finanças da candidata-ministra Dilma Rousseff, está envolvido em um nebuloso esquema de desvio de recursos que lesou pelo menos 400 famílias de trabalhadores, clientes da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), entre 2001 e 2008.
De acordo com as investigações, o dinheiro pingando ia parar no caixa dois do PT, irrigando, inclusive, a campanha que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva presidente, em 2002. Mês passado, Vaccari foi escolhido pelo próprio Lula para cuidar dos recursos de campanha de dona Dilma. Ele sabe das coisas...
Fica cada vez mais claro que os petistas são capazes de recorrer a quaisquer artifícios espúrios para se perpetuar no poder.
Da Bancoop, fundada por Ricardo Berzoini em 1997, podem ter saído algo como R$ 100 milhões para bancar as campanhas petistas. O Ministério Público encontrou R$ 41 milhões desviados por meio de cheques – uma parte nominais a dirigentes da empresa – e suspeita agora do destino de R$ 43 milhões levantados através de FDIC (Fundos de Direitos Creditórios) lançados pela empresa no mercado. É possível que a cooperativa de Vaccari tenha sido até a principal, mas não é a única fonte de dinheiro escuso por trás das ações petistas.
Os documentos do processo em que o STF investiga o mensalão, revelados pela revista IstoÉ na semana passada, já haviam deixado claro que recursos públicos também foram utilizados pelo PT para comprar parlamentares. A Visanet, do Banco do Brasil, resta cabalmente envolvida no esquema. Como protagonista destas operações à margem da lei aparece um outro expoente da campanha de Dilma Rousseff: Fernando Pimentel, um dos principais coordenadores do grupo em torno da candidata-ministra e ex-prefeito de Belo Horizonte.
O caso da Bancoop é mais dramático porque envolve o desvio, para o PT, do dinheiro suado de trabalhadores. É o cúmulo da lesão. A ganância eleitoral petista transformou o sonho de centenas de famílias em pesadelo, dor e angústia. Cidadãos que procuraram a Bancoop foram enganados pelas promessas de comprar um imóvel com o preço 40% abaixo do valor de mercado. Para muitos, a pechincha saiu caríssima: muitos prédios não saíram do chão. Sabe-se agora por quê.
Os promotores do Ministério Público de São Paulo concluíram que os recursos da cooperativa iam parar não só nos caixas paralelos do PT, mas também no bolso de dirigentes do partido. As complicadas operações envolviam notas frias e superfaturadas emitidas por empreiteiras responsáveis pelas construções. Milhões de reais foram sacados na boca do caixa para evitar o rastreamento do destino do dinheiro. O déficit na cooperativa é estimado em R$ 135 milhões.
O agora tesoureiro de Dilma era diretor financeiro da Bancoop quando ocorreu o grosso das fraudes. O MP também suspeita que saíram das contas da Bancoop as cédulas apreendidas com petistas, em 2006, no episódio que ficou conhecido como escândalo dos aloprados. Tudo isso está descrito em reportagem publicada na edição desta semana da revista Veja.
A estratégia do governo, como de praxe, já foi posta em marcha: tentar desqualificar a revista como órgão “golpista” e buscar varrer os fatos para debaixo do tapete. Mas não é preciso nem mesmo invocar os meios de comunicação, tidos como inimigos pela cúpula do PT, para ter acesso ao ocorrido. Precavidos, os próprios cidadãos lesados pela Bancoop há meses montam um histórico do caso. As informações estão disponíveis neste fórum, formado por 669 membros, clientes da cooperativa.
Nele, há documentos sobre o caso, atas de assembleias, situação dos prédios da cooperativa, notícias de jornal, acompanhamento da trajetória dos envolvidos, entre outras informações tão relevantes quanto ilustrativas.
Reportagem publicada em junho de 1998 mostra, por exemplo, que desde então Vaccari já se imiscuía nas finanças da Bancoop. É possível encontrar uma publicação da própria cooperativa com a foto de um sorridente Vaccari estampada na capa. No texto, o atual tesoureiro do PT garantia aos cooperados que “seus recursos estavam bem empregados”. Ele sabe das coisas... Outro documento mostra que dezenas de trabalhadores roubados não puderam nem mesmo entrar em uma assembléia geral da cooperativa realizada em setembro do ano passado. O assunto foi parar na delegacia.
Como evidência de que os dirigentes da Bancoop não eram, digamos, gente que se possa convidar para um convento, há o depoimento de um engenheiro segundo quem só construíam prédios para a cooperativa empreiteiras que dessem um dinheirinho extra para o caixa da campanha de Lula em 2002. Se, mesmo com essa avalanche de traquinagens, a estratégia do governo for dizer que tudo não passa de perseguição contra a candidata-ministra, terá que combinar com o Poder Judiciário: já chega a 70 o número de juízes que proferiram decisões contrárias à Bancoop.
O bloqueio das contas da cooperativa e a quebra de sigilo do tesoureiro de Dilma já foram pedidos pelo MP. Resta agora fazer com que a lei seja cumprida e lutar para que este grupo político não se perpetue no poder com suas mãos sujas de dinheiro roubado de trabalhadores.
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