XEQUE-MATE.
Não tenho grande simpatia por gays. Pela minha criação a lógica dessa opção não encaixa muito na minha cabeça. Mas também não nutro preconceito ou homofobia, porém como já ficou registrado, seria muito difícil ter admiração por quem desfruta dessa estranha preferência. Até que um dia eu conheci um gay muito homem.
Na nossa sociedade, principalmente em cidades de médio porte, é muito difícil uma pessoa assumir de cara limpa uma preferência dessa monta. Quando isso acontece, geralmente a opção toma contornos meio bizarros e levam os gays a assumirem comportamentos femininos e até mesmo histéricos. Mas eu conheci um que assumia abertamente a sua opção homossexual, porém vestia-se como homem, falava como homem, respeitava os outros como homem, era cavalheiro como homem, e porque não dizer: era um homem em todos os aspectos sociais, apenas deixando a sua declarada homossexualidade para o interior das paredes de seus quartos. Nunca o vi importunar ou abordar ninguém de forma leviana ou interesseira.
Além de seus velados romances, ele tinha mais algumas paixões declaradas. Uma era pelo Fluminense, mas como bom comerciante que era, não tripudiava dos torcedores rivais. Outra era pela gastronomia e pelas bebidas. Tais paixões definiram a sua maneira de ganhar a vida, abrindo um simpático e simples bar no Centro da cidade chamado “A arte do encontro”. Na verdade para saber o nome desse estabelecimento, tinha que se prestar muita atenção no letreiro, pois seu bar, preferido da torcida tricolor, era conhecido simplesmente como o bar do dono.
Todos os dias, após guardar meu carro na garagem, esse bar era caminho para minha casa, e todas as noites, ele sempre me oferecia uma boa noite e um sorriso, mesmo sabendo que raramente freqüentava seu estabelecimento. Vez por outra ele me abordava para manifestar seu carinho e respeito pela minha pessoa e muitas vezes ele declarou sua admiração por mim, sempre de forma respeitosa e jamais insinuante.
Sentirei falta desses elogios. Sentirei falta de passar na “Arte do Encontro”. Sentirei falta do seu “boa noite”. Sentirei falta das vezes em que ele me abordava para filar um cigarro pois seus clientes já haviam detonado o seu estoque particular. Sentirei falta de ter um amigo gay que foi muito macho em todas as suas atitudes. Sentirei falta de não ter lhe falado isso.
Neste estranho tabuleiro no xadrez de nossas vidas, Roque levou um xeque-mate. O Rei caiu.
Ontem de manhã ele passou mal, e após idas e vindas atrapalhadas em Upas e hospitais que colocam em risco a todos que em nossa cidade não possuem planos particulares de saúde, ele veio a falecer por volta de oito e meia da noite.
Adeus, Roque.
Ontem de manhã ele passou mal, e após idas e vindas atrapalhadas em Upas e hospitais que colocam em risco a todos que em nossa cidade não possuem planos particulares de saúde, ele veio a falecer por volta de oito e meia da noite.
Adeus, Roque.
Leve a minha admiração e o meu respeito e Deus te dê a paz que você ofertou para tantos.
Excelente definição do amigo tricolor e petista simpatizante: ROQUE.
ResponderExcluirDeus lhe reservou um bom lugar por tudo que realizou nesta terra de ninguém.(Esquerdinha)
Caríssimo amigo,
ResponderExcluirA vida é algo muio conroverso. Lamantar a perda do Roque me fez merecer a honrada visita ilustre. Saiba, querido amigo, que a questão simpatizante petista é muito pequena perto dos laços de respeito por ti e laços de luto pelo Roque. A vida é muito mais abrangente do que nossas pequenas divergencias ideológicas.
Grato por te-lo conosco como sempre tive no meu rol de amigos admiráveis.
O PT passa, o meu anti-petismo (que afinal nem é tão radical assim) também. O que a gente leva da vida é a vida que a gente leva e os amigos que a gente conquista.
Obrigado, novamente, por merecer seu dispêndio de tempo.
Nosso Blog sente-se, embora enlutado, honrado com sua presença.
Amigo JULIO, VOU SER REDUNDANTE POIS A HISTORIA É A MESMA, GUARDO MEU CARRO NA GARAGEM AO LADO, TRICOLOR COMO O AMIGO ROQUE SEMPRE PARAVA PARA FALAR COM ELE, TAMBEM NAO FREQUENTAVA SEU BAR, MAS NUTRIA DE SUA SIMPATIA E SEMPRE DO SEU SORRISO E PALAVRA AMIGA. ROQUE VAI FAZER FALTA AO CENARIO DE NOSSA CIDADE JA TAO POBRE E ESQUECIDA, VA EM PAZ AMIGO E DEUS COM TODA CERTEZA VAI RESERVAR UM BOM LUGAR A VC. LUCIANO MELO.
ResponderExcluirCaro Júlio, eu, ao contrário de vc, nutro uma imensa simpatia pelos gays, são homens sensíveis e os que vão para o bizarro se tornam engraçados.Eu não acho que seja uma opção deles, pois quem optaria por viver tantas vezes discriminado, olhado de lado e rotulado como isso ou aquilo.Estou certa que eles optariam pelo normal, uma vida com o curso normal estabelecido por DEUS. E DEUS odeia o pecado, mas ama o pecador.O amor que tenho por eles é fruto do grande amor que DEUS colocou em mim pelas pessoas em geral. Sei que pra vcs homens é mais difícil romperem essa barreira e terem amizade com os "taxados" ou assumidos gays, porque a sociedade é hipócrita e passa a julgar e jogar todo mundo no mesmo "balaio", talvez pra não olharem bem dentro de suas vidinhas!Eu não me lembro do Roque, penso que não o tenha conhecido, mas tenho um profundo respeito pelos homens que conseguem despertar admiração em outros pelo simples fato de serem simples. Sinto muito Roque.
ResponderExcluirJúlio,
ResponderExcluirNum espaço, como parece ser o seu, democrático, permita-me alguns comentários: em sua intimidade, você até tem o direito de ter antipatia por homossexuais, mas, externá-la, da forma que o fez, compromete tudo que você vem construindo ao longo do tempo em seu blog!
É claro que, dizer que não há preconceito em nossa sociedade, é pura hipocrisia, principalmente, em Barra Mansa, sociedade por demais conservadora e, muitas vezes hipócrita! Por exemplo, quantos "homens" da alta sociedade barramansense, casados e influentes, não se comenta serem homossexuais, e, você os abraça, bebe junto, ri junto, em altas festas?!
Reflita, por favor, e veja se não há como melhorar sua postura no que concerne ao preconceito!
Provavelmente, você vetará este comentário (espero, sinceramente, que não!), mas, certamente, o lerá, o que já me vale!
Forte Abraço!
Caro anônimo,
ResponderExcluirO intuito da postagem foi homenagear o Roque sem hipocrisias tão comuns num "post-mortem". Não pretendi, e não pretendo, faZer desta postagem um palco de defesas homofóbicas ou homossexuais. Acusei a minha culpa, pela criação que a maioria dos homens da minha idade tiveram, em rotular preconceituadamente pessoas que não comungavam das nossas preferencias, mas hoje, principalmente nos ambientes onde frequento e trabalho, tenho a alegria de ter conquistado a simpatia de diversos amigos declaradamente gays, porém, continuo evitando os anônimos e recolhidos, e creio, pelo seu texto, que tal sentimento é comum. Desculpe-me se no teor da minha sinceridade lhe ofendi, e tenha a certeza que não foi a minha intenção, apenas desejei ser franco, algo tão raro nos dias de hoje. De qualquer forma, grato, e de qualquer forma, meu pedido de perdão. Mas só para deixar claro: Não nutrir simpatia não implica em ter antipatia. Mesmo assim, perdão, pois não só o Roque, mas vários simpatizantes me fizeram, com o decorrer do tempo, mudar minha opínião. Só não os cito nominalmente pois não pedi tal permissão, mas muitos deles me tem carinho e sabem que eu o mereço com minhas atitudes, que valem muito mais quer minha palavras.
Fico feliz com sua postura neste último comentário, pois, revela sensibilidade e, não, simplesmente, a dureza (aparente) de uma rocha, como tantos de nossa idade, por uma criação tão machista, como a dos anos 60 e 70!!!
ResponderExcluirFico feliz, também, por ter postado o meu comentário! Percebo que o Julinho que conheci há anos, não é mais o mesmo! Claro, as pessoas evoluem, o tempo passa...
Que bom!
Embora também tivesse pouco contato com o (reservado) Roque, nutria por ele admiração e respeito!
Um apresentador da TV (acho que "Leão Lobo") usa a frase "dignidade, já!"
É disso que nossa sociedade necessita: dignidade!!!
Seja no campo dos relacionamentos, livres dos preconceitos, seja na Política!!! Em Barra Mansa, principalmente, não acha?
Abraços