INVERSÃO DE VALORES.

LEI SECA.

A QUEM INTERESSA O CONSUMO DE DROGAS?

Uma das "teorias da conspiração" no Brasil que sempre desprezei foi a suspeita de que o tráfico no Brasil é tão forte que teria importantes representantes bem estabelecidos dentro do Congresso Nacional e nos poderes constituídos. Embora continue não acreditando nessa suposição, existem coisas que me fazem questionar a possibilidade desse boato ter fundamento.

Não estou aqui para fazer apologia do fumo (apesar de ser meu vício) nem da bebida alcoolica (apesar de ser um dos meus prazeres). Reconheço a minha ignorância em manter o hábito nocivo do tabagismo, mas alguns contra-sensos não se justificam. Hoje, vivemos numa repressão violenta ao uso de cigarros e às vezes, nós fumantes, sentimo-nos à margem da sociedade, mas entendo que isso se faz necessário, porém, combater o tabagismo concomitantemente com a propagação de marchas pela legalização ou descriminalização da maconha é algo que não me produz sentido.

Agora, estamos enfrentando um rigor ainda maior contra o uso de bebidas alcoolicas por motoristas. É uma Lei que se justifica, mas peca na sua aplicação. Sou absolutamente favorável a uma fiscalização rigorosíssima nas estradas e rodovias nacionais, especialmente nos pontos onde há maior estatística de acidentes, porém creio que nas ruas pacatas de cidades do interior onde acidentes fatais no trânsito são raros, tal fiscalização e combate só sirvam para propiciar corrupção ou incentivar o uso de drogas. A juventude, principalmente na sua parcela mais alienável, sentindo-se inibida ao uso do alcool nos caminhos para as suas baladas, tenderá a consumir drogas, essas sim, com alto potencial para desvirtuar o raciocínio, provocar violência e dependência química.

No final de semana passado, em Barra Mansa, houve uma portentosa "blitz" em frente a um hospital, porém, a poucos metros dali, num posto de gasolina, vários jovens, com sons de carros ligados em alto volume, consumiam abertamente bebidas e outras 'coisinhas' mais. Seria simplesmente um erro estratégico ou a polícia não se interessou, por motivos suspeitos, a enxergar o óbvio? No Rio de Janeiro e Niterói, grandes cidades do nosso estado, se paga num táxi para ir da Barra à Lapa, ou de Camboinhas à São Gonçalo, muito menos do que  aqui para ir do centro de Barra Mansa para o Centro de Volta Redonda, em distância muito menor. Enquanto não forem oferecidas opções viáveis para a população, essa Lei em nossa região só terá como crédito resultante a corrupção policial e o fortalecimento das máfias do tráfico de drogas.

Nos países desenvolvidos, essa Lei não vigora, porém, quem provoca acidente fatal por irresponsabilidade, ingestão excessiva de alcool ou drogas, responde duramente nas barras da lei. É assim que se conscientiza um povo: justiça e punidade exemplar.

No Brasil sensacionalista e hipócrita, quando o assunto é Lei Seca, colocam todos dentro do mesmo barco. A grande maioria dos apreciadores do alcool, toma um chopp ou cerveja após um dia de trabalho e volta para casa em paz. Não dá cavalo de pau, não prática pegas ou coisas do tipo. Deve-se punir o comportamento no trânsito, onde todo dia assistimos diariamente um festival de erros, desrespeitos, barbeiragens, sem que isto tenha relação alguma com o alcool. Fiscalizar e punir individualmente o comportamento, exige competência e capacidade de legisladores e autoridades, o que é muito raro em nosso País. É mais simples e menos arriscado punir condutores que não irão ameaçar policiais, juízes, promotores e demais autoridades e se gabar que a lei é severa e deve ser aplicada, do que mandar para cadeia BANDIDOS DE VERDADE, que roubam nossas casas, carros, traficam drogas e armas e que tiram a tranquilidade de todos nós. Hoje pela manhã, vi que na televisão que no estado de Santa Catarina, 19 pessoas morreram neste final de semana prolongado de Natal por acidentes de trânsito, constituindo a pior estatítica dos útimos anos. E aí? Cadê a eficácia da Lei Seca?

A ingestão de bebida alcoolica, desde que o cidadão se porte corretamente no trânsito, não colocando outras vidas em risco ou se envolvendo em acidentes, não é crime pois não há materialidade estampada em dano efetivo ou real risco de lesão ao bem da vida. A atual "Lei Seca", porém, não foi gestada nessa perspectiva, senão a de crime formal, bastando que o indivíduo tenha ingerido bebida alcoolica num grau mínimo para que possa ser enquadrado e até preso, caso não se submeta ao bafômetro.
Cada ser humano tem tolerância variada para consumos diversos e enquanto não for criado aparelho, similar ao bafômetro, que detecte o uso de drogas entorpecentes, essa lei caminhará na linha da hipocrisia e ineficácia. Liberdade para usuários de drogas e cadeia para quem toma três copos de ceveja não faz sentido e só tende a estimular o tráfico. A quem isso interessa?

Quero ver centenas de bafômetros funcionado a todo vapor nas estradas nacionais onde os números de acidentes fatais sejam alarmantes. Isso é muito mais efetivo e responsável do que proibir o Seu João de tomar uma cervejinha no seu botequim preferido num bairro vizinho a sua casa.

Que venham as críticas a meu ponto de vista. Sei que vão me chamar de cachaceiro, fumante, idiota, irresponsável, ou coisas do tipo, mas prefiro esses "elogios" a demagogia ululante do "politicamente correto". Enquanto o cigarro e o álcool se transformaram nos vilões da sociedade, o uso de drogas está virando "glamour". Está certo isso? Podem me rotular do que quiserem, mas no meu parco entender estamos invertendo valores. 

Devo ter ficado muito velho. Como diz uma frase do anedotário popular: "Eu sou do tempo que fumar era bonito e dar a bunda era feio".

Antevejo a polêmica. Fazer o quê? Nosso Blog é assim.