quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

UMA EXPLICAÇÃO EDITORIAL.



MEXENDO NA FERIDA.

Adotamos como rotina no nosso Blog, retratarmos as manchetes na imprensa regional, sejam nos veículos impressos, em sites ou blogs, sobre Barra Mansa. Evidentemente que desprezamos aquelas notícias "alvissareiras", já sem nenhum crédito popular, plantadas todos os dias pela mídia oficial do governo, pois todos percebemos à olhos nus que tratam-se de factóides alheios a verdade que vemos nas ruas, e que tais matérias e "ensaios" são regiamente remunerados por vias indiretas. Preferimos enfocar as mazelas, os dramas e principamente os atos de violência praticados na cidade. Tem gente que pensa que queremos estimular o caos e responsabilizar o prefeito pelos índices de violência. Isso não deixa de ser uma meia verdade. Queremos o paraíso, mas o caos já existe. Sabemos que o prefeito Zé Renato é um homem de bem no que tange a aspectos familiares e religiosos e jamais conseguiríamos enxergá-lo incentivando a prática de crimes contra a integridade física das pessoas. Mas nem por isso o isentamos de sua enorme parcela de culpa, extendendo a responsabilidades para os últimos recentes governantes, em especial, ao seu antecessor e mentor, o Pachá de Apiacá, que teve oito anos de mandato e continua muito "vivo" na administração municipal, visto que a ampla maioria do secretariado atual é herança inócua do mesmo.

O Poder Público Executivo em Barra Mansa tem responsabilidade direta na violência urbana quando não gera renda, quando não promove investimentos, quando não gera empregos, quando cerceia as manifestações populares e civis, quando sucateia o ensino público, e dentre outros aspectos, quando promove a pobreza.
A pobreza não é a única causa da violência. Mas quando aliada à dificuldade dos governos em oferecer melhor distribuição dos serviços públicos, torna os bairros mais pobres muito mais sedutores para a criminalidade e a ilegalidade. O terreno mais fértil para a dissiminação da bandidagem e o tráfico, é exatamente no mesmo local onde o poder público se faz mais ausente.

É notório e comprovado que nas periferias das cidades, sejam grandes, médias ou pequenas, onde a presença do Poder Público é fraca ou nula, o crime organizado consegue instalar-se e imperar mais facilmente. São os chamados espaços segregados, áreas urbanas em que a infra-estrutura de equipamentos e serviços (saneamento básico, sistema viário, iluminação pública, transporte coletivo, lazer, equipamentos culturais, educação pública, segurança e acesso à justiça) é precária ou insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho.
Também não é o desemprego o grande e único vilão. Mas o desemprego de acesso, quando o jovem procura o primeiro salário, objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e não obtém sucesso, remete a relação direta com o aumento da violência, porque torna o jovem mais vulnerável ao conluio com a criminalidade. Na verdade, o desemprego, ou o subemprego, abala a auto-estima do jovem e o faz pensar em outras maneiras de conseguir espaço na sociedade, de ser, enfim, reconhecido e "respeitado".
Sem conseguir adentrar no mercado de trabalho, recebendo um estímulo forte para o consumo (através das mídias obsessivas, covardes e influenciadoras na TV), sem modelos próximos que se contraponham ao que o crime organizado oferece (o apoio, o sentimento e a segurança de fazer parte de um grupo, o poderio que uma arma representa, o prestígio entre os pares), um indivíduo em formação torna-se totalmente vulnerável. Sem opções de lazer, formação, cultura e ocupação, nossos jovens tornam-se presas fáceis nas mãos das víboras do tráfico e para tornarem-se delinquentes e altamente passíveis de incorrerem em crimes violentos, existe apenas uma linha tênue que os defende, que seria um caráter firme adquirido através de uma rígida e sólida formação familiar, o que infelizmente, poucos possuem em seus berços.
O crescimento do tráfico de drogas, é o fator mais relevante no aumento de crimes violentos. As taxas de homicídio são crescentes pelos “acertos de contas”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais. E tudo isso impera onde a educação é tratada da forma como é conduzida em Barra Mansa, recebendo desprezo, sarcasmo, irresponsabilidade e má gestão.

Não ficamos felizes em retratar diariamente o mal que nos ronda nas ruas e focarmos as vítimas desse sistema podre, mas se nos omitirmos, pecaremos igualmente ao jogarmos a sujeira para baixo do tapete, e nao foi para isso que nosso Blog foi criado e jamais será a nossa missão.

Espero a compreensão de todos.

2 comentários:

  1. Julio,
    o esclarecimento é mais que pertinente! É evidente que nem você nem a ampla maioria dos seguidores do seu blog, assim como nossa população de um modo geral, querem alimentar, fomentar a violência que nos circunda, mas, ao retratá-la você revela nossa triste realidade, fruto, óbvio, de um contexto que vai além das responsabilidades de um Prefeito, perpassando pela competência (constitucional) dos Governos do Estado e Federal num primeiro plano, mas, como você bem detalha, as ações ou omissões de um Prefeito alimentam, sim, a violência.
    Uma administração que não promove a inclusão, através de ações de estímulo à geração de empregos, seja pela atração de novos empreendimentos, seja pelo estímulo interno aos nossos empresários, promove, sim, a violência! Uma administração que não promove ações culturais, o esporte, o lazer de uma maneira geral, também estimula a violência! Há um velho ditado que diz "cabeça vazia, oficina do..." Infelizmente, é isso que nossa juventudo vive: o ócio, a falta de perspectiva!
    Parabéns pela coragem e ousadia!

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  2. Violência.
    Júlio, a minha opinião vai de encontro ao do Roberto. Só acrescentando que a violência cotidiana é resultado também da violência do governo. Violência ou agressão não é só apontar uma arma na cara do sujeito, não é só agressão física: a ação de uma guarda municipal despreparada é violência, a publicidade oficial ao chamar os críticos de cachorros é violência; estigmatizar oponentes, usando a máquina publica, é terrorismo de estado; interferir no andamento normal de uma cidade para fazer festinhas o centro da cidade, causando prejuízos para todos, é violência.
    A promoção de um estado violento só leva ao aumento da violência em todos os níveis. Violência vem do latim “violentia” que significa “força que se usa contra o direito e a lei”.
    Onde está o direito à educação e saúde decentes? Onde está o direito de ir e vir? Quantas leis são descumpridas diariamente pela prefeitura?

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