ESTELIONATO ELEITORAL.

foto: DIÁRIO DO VALE.

O PAPA NATO E O PAPO DO NETO.

Em 28 de outubro de 2012, Volta Redonda teve pela primeira vez a eleição para prefeito da cidade disputada em 2º turno. De um lado, o atual, Antônio Francisco Neto, querendo pela quarta vez, a titularidade do cargo. De outro, um deputado federal, Zoinho, homem de linguajar simplório, mas que carregava os auspícios de renovação da Cidade do Aço. Aparentemente, o povo de Volta Redonda pretendia a mudança e depositava novas esperanças num modelo diferente de governo, porém o prefeito Neto, alucinadamente apegado ao mandato, jogou todas as suas fichas para manter-se no poder. Enquanto Zoinho carregava a fé do funcionalismo público e protocolara em cartório a ousada proposta para a passagem de R$1 Real, Neto descredenciava o adversário e ridicularizava seu programa de governo e em contrapartida oferecera a promessa de imediato novo Plano de Cargos e Salários e o "bilhete único", comprometendo-se a não aumentar o preço das passagens de ônibus urbanos. Para dar um toque de crueldade na sua desenfreada ambição, conseguiu instalar o medo em Volta Redonda imputando ao seu concorrente supostas ligações com milícias e facções criminosas, assegurando paralelamente que seu sistema de segurança era perfeito e que a qualidade de vida na cidade era impecável e correria sérios riscos em caso de mudança de rumos administrativos, entre outros factoides infelizmente bem sucedidos e sendo assim, Neto mais um vez reelegeu-se.

Passados dois meses após a sua nova posse, a cidade enfrenta uma greve do funcionalismo em face de acordos não cumpridos. Enfrenta uma avalanche da criminalidade e a inércia de seu sistema de vigilância, notabilizado apenas por apreensões de motoristas supostamente embriagados. Enfrenta faltas de água pela fragilidade do seu sistema de abastecimento. Enfrenta o fedor e o acúmulo do lixo nas ruas graças à precariedade do contrato firmado pelo seu governo, provocando difusão de moléstias e epidemias. Enfrenta quebras de contrato oriundos de picuinhas pessoais e impontualidade de pagamentos. E para finalizar a sua rápida "obra" de embuste, além de não ter criado o prometido bilhete único, ainda autorizou recentemente o aumento do preço das passagens de ônibus das linhas das concessionárias do transporte coletivo municipal em mais de 8%, já em vigor.

Fica claro, translúcido e indiscutível, que Neto praticou um estelionato eleitoral, prometendo, sem critério nem responsabilidade, ações que sabidamente não tinha capacidade para executar.

É inconcebível que uma cidade do porte de Volta Redonda aceite passivamente ser dominada por um único ser, que se auto intitula um paradigma da moralidade incapaz de ser sucedido. É lastimável ver uma cidade progressista e vocacionada para o desenvolvimento ser dominada por rédeas de um grupo que se proclama como dono da vontade popular e adquirente do direito absoluto e instransponível ao governo.

Apesar de tudo, não adianta ficar reclamando, pois assim será durante os próximos quatro anos. O povo de Volta Redonda teve a oportunidade de alçar novos voos, mas sucumbiu pelo medo instalado pelo governo através de práticas politiqueiras bem coordenadas e pela inocência de seus adversários, porém, muitas coisas ainda podem ser feitas, e no nosso entender, o povo de Volta Redonda deve, para recuperar o tempo perdido e se reorganizar, adotar as seguintes práticas:
1. Rechaçar, de forma veemente, todo e qualquer candidato a cargo público abraçado por Neto nas eleições de 2014, sejam deputados estaduais, federais, governador, senador ou presidente da República.

2. Cobrar, de forma incisiva e producente, o direito às informações sobre os atos do governo e repudiar meios de mídia que tentem maquilar as mazelas da cidade.

3. Organizar grupos de discussão e participação na vida político-eleitoral do município.

4. Já que a cidade de Volta Redonda tem a prerrogativa de eleição para o Executivo em segundo turno, é necessária a criação e ativação eficaz do maior número possível de opções políticas e bandeiras ideológicas, mantendo sempre a abertura para alianças em grande instância pelo bem maior e a união das oposições.

5. Fortalecer todos as forças de resistência da cidade, sejam vereadores, deputados, líderes políticos ou sindicais, jornais, blogs, sites, portais ou movimentos.

6. Ajudar a conscientização da população, convencendo o eleitor e o cidadão da importância da militância social e da força do voto popular.

São pequenas medidas, mas essenciais e prementes para que a cidade e seu eleitorado não sejam novamente vítimas de logro ou má fé.

Como já é sabido, o maior castigo para aquele que se diz desafeto a política, é ser governado por quem é afeto.

Volta Redonda, a maior cidade de nossa região, não pode ser alvo de chacota nem palco de ditadura política. Neto, em determinado tempo, deu a sua fundamental contribuição para a cidade, porém hoje, fraco e desgastado, virou uma fantoche de si mesmo e uma marionete de seus associados. Não sabe mais distinguir o certo e o errado e deposita confiança irresponsável e demasiada somente naqueles que lhe afagam o ego e lhe cegam a visão política periférica. Os membros do alto escalão do governo, assim como Neto, acomodaram-se no poder e continuam conduzindo a cidade sem renovação de ideias e conceitos, presos a pasmaceira de anos seguidos que o poder lhe concedeu. Tornaram-se, por conveniência ou inobservância, meros reacionários encastelados no deleite do poder, e nada há de mais estagnante para o desenvolvimento de um município do que práticas como essas.

O mundo evoluiu, Neto fingiu que não e o povo se omitiu. Até o Papa reconheceu o seu desgaste físico e mental e humildemente renunciou. O Papa, sábio, conhece os seus limites, mas Deus é Pai, Jesus é o Filho e ele pensa que é o Neto.

O Papa é puro pop. O Neto é puro papo.