ODORICO PARAGUAÇU NETO. O BEM AMADO DA AMÉRICA.

UMA VOLTA DA AMÉRICA EM FAVOR DO PREFEITO REDONDO.

De forma tacanha e intempestiva, a vereadora América Tereza, presidente da Câmara Municipal de Volta Redonda, suspendeu autoritariamente a sessão legislativa que apreciaria o pedido de instalação de comissão de inquérito objetivando a cassação do prefeito Neto por descumprimento de ordem judicial. Reitero que não creio que o pleito tenha êxito, pois rotineiramente a justiça é  complacente com os poderes executivos associados ao governo do estado, e vários prefeitos comentem irregularidades mais graves e latentes e permanecem no cargo, porém lamento que a vereadora, única representante feminina no poder legislativo das duas maiores cidades da região, tenha sido a responsável pela suspensão do salutar debate democrático. Surpreende-me tamanho medo. Será que de fato há condição técnica e fundamentos legais para o "impeachment" do prefeito?

Venho manifestando em várias postagens que Neto, do alto da sua suposta autossuficiência e megalomania, não soube se reinventar e acomodou-se em práticas ultrapassadas de administração pública, chegando ao ápice irresponsável de fazer promessas de campanha de última hora, sem embasamento ou seriedade, movido por seu apego exacerbado pelo poder em face do risco da vitória de seu oponente. Aquele Neto de outrora, que supostamente zelava intransigentemente pelos princípios éticos e morais e assumia postura firme em suas decisões, deu lugar para um fantoche político, "marionetizado" por marqueteiros de plantão, desfilando pérolas de politicagem barata tão comuns nos discursos insuflados de demagogia dos coronéis populistas dos rincões nordestinos no início do século passado. O Neto de hoje transformou-se numa réplica insossa do personagem Odorico Paraguaçu, brilhantemente interpretado por Paulo Gracindo em "O Bem Amado", de Dias Gomes. A diferença é que Odorico era carismático e engraçado, já o Neto de hoje é sombrio, revanchista, maquiavélico, triste, enfadonho, disforme e leviano. Inebriado de obsessão, não soube a hora de reciclar ou galgar novos rumos em sua vida. Demonstra almejar ser um vitalício imperador da Cidade do Aço e desdenha e repudia de todos que almejem democraticamente a mesma oportunidade de servir ao seu povo ou que contestem a sua inércia e continuismo.

Parcela significativa de Volta Redonda não percebeu que a cidade pode muito mais e que Neto difundiu o medo para se manter no posto, colocando sob falso risco as benesses naturais que o município mereceu por sua vocação econômica e situação geográfica. Porém, no último pleito, 122 mil eleitores da cidade não avalizaram o seu governo, mesmo diante de um adversário que não soube conquistar a confiança da maioria e apresentou falhas pontuais em seus discursos de campanha. Mesmo assim, atingiu o "quórum" suficiente para após conchavos, ameaças, factoides e estratégias militares, continuar como condutor mor dos destinos da cidade.

Conheci Neto de perto, e tenho certeza que, mesmo que com o passar do tempo ele tenha se mascarado com uma capa férrea de tirania e abdicado de sua inata sensibilidade que o fez chegar aonde chegou, ele deve estar sofrendo muito. Não lhe desejo mal, muito embora ele quisesse o mal da minha cidade ao apadrinhar a candidatura de reeleição do prefeito mais nefasto que já administrou Barra Mansa, mas acho justo que ele esteja pagando na carne pelos seus desatinos e excesso de dependência do poder. Mentiu deslavadamente para a cidade que hoje se sente no direito pleno de cobrar as suas desesperadas e alopradas promessas tardias e sem planejamento programático racional.

Agora, certamente em troca de benefícios pessoais, a vereadora América Tereza blinda o prefeito de sua maior sombra política e envergonha a classe feminina tão carente de líderes que resgatem a imagem da mulher na vida pública. Prestou, provavelmente, um grande favor aos seus intere$$es próprios e velados, mas também maculou a efetiva necessidade de se estender o espaço do sexo feminino no cerne das grandes discussões sociais em nossa região. São atos assim que envergonham a já desgastada classe política.

Reitero que não creio que o prefeito Neto seja passível de cassação e nem torço por isso, pois o ato me remete, salvo melhor juízo, a um golpe antidemocrático eivado de oportunismo inflado de exaltação incomum, mas os vereadores, eleitos constitucionalmente pelo voto  como representantes do povo têm o direito de debater a questão e tornar públicas supostas irregularidades administrativas que o prefeito esteja cometendo.

Por experiência na vida pública, acho que a vereadora América Tereza deu a oportunidade para que durante este final de semana, várias "negociaçõe$" estejam tramitando nos recantos do poder municipal para um relaxamento de severidade na avaliação do prefeito. A conta desses supostos "acordo$" inevitavelmente será liquidada com o suor do trabalho do povo. Sem querer profetizar, percebam que na semana que vem, uns dois ou três mudarão o peso de suas oratórias e a linha de suas condutas. Não será milagre, pois isso terá preço, caro, e a fatura será incluída na carga tributária da população. Não estranhem também se um ou outro veículo de comunicação também mudar o tom, de$viar o foco e fazer coro com o jornal oficial do prefeito.

Odorico Paraguaçu era  uma alegre ficção. O Neto é essa triste realidade. AME, RICA TEREZA, O SEU NETO BEM AMADO!