quarta-feira, 10 de novembro de 2010

OPOSIÇÃO. Ô.. POSIÇÃO INGRATA.


SEM APOSIÇÃO DE OPOSIÇÃO, NÃO HÁ POSIÇÃO.
Hoje recebemos um comentário da visitante Cristiane, indignada com a inexistência de uma oposição em Barra Mansa e o silencio de vereadores perante um suposto futuro fechamento de seis escolas. Cristiane ressaltou a sua saudade do vereador Pitombeira e de outros não citados.
Sobre o mérito do comentário, respondi na postagem, mas o que me faz escrever nesta, é que tal comentário me remeteu a um encontro informal que tive ontem, no início da noite, com dois dos mais fortes supostos candidatos à prefeitura de Barra Mansa em 2012 e um influente e engajado empresário local, bem sucedido e formador de opinião na elite empresarial.
Indagado sobre as chances de êxito que ambos poderiam ter no próximo pleito através de uma aliança, respondi que a coisa é um pouquinho mais complicada e explico a seguir:
Muitos perguntam o que o prefeito Zé Renato fez nos dois anos de governo, e a resposta na boca do povo na maioria absoluta dos casos é: NADA.
Então pergunto: e o que fez a oposição nestes dois anos de governo? E automaticamente respondo: MUITO MENOS AINDA. Mesmo porque NÃO EXISTE OPOSIÇÃO EM BARRA MANSA.
Fora nosso bloguinho, que municiado de documentos oficiais extraídos da própria prefeitura, tenta repercutir o “modus operandi” da turma do “bem”, o que vemos é um silencio ensurdecedor.
Reitero que minha “oposição” não é a pessoa do prefeito Zé Renato, em quem vejo méritos morais e sociais, mas à sua inércia perante a aceitação passiva da herança deixada pelo seu antecessor que goela à baixo lhe impõe nomes, cargos e rotinas para o seu próprio bem estar e atalho para projetos personalíssimos muito aquém das necessidades populares.
Sou do tempo que quando se lançava uma candidatura contrária à administração atual, ela era oriunda da não concordância com a gestão atual, e tal fato tinha que ser solidificado durante todo o processo e não somente às vésperas eleitorais pois essa prática não se chama oposição, é apenas lançamento oportunista de candidatura para uma simples troca de bunda na cadeira.
Penso assim: se está bom, deixemos como está, mas se está ruim, devemos apontar os erros, participar à sociedade, mobilizar a população, apresentar propostas, construir um projeto de governo, e oferece-lo ao povo como alternativa através de uma candidatura que seja oriunda de um consenso e de um trabalho entre as bases e que nutra elementos capazes de provocar desenvolvimento e melhoria de gestão produzindo qualidade de vida.
Muitos querem ser candidatos, mas não querem se desgastar.
E oposição é desgastante e tem alto preço.
Evita contratos, atrai caras-feias, inibe convites, expõe familiares, agrega inimigos, impossibilita obtenção de favores pessoais, e por aí afora. Quase espanta bolinho.
Não é comercial fazer oposição. Não é social fazer oposição. Geralmente não é elegante. Não rende fotos nas colunas sociais nem convites para camarotes.
Quem não paga o preço acima não legitima uma candidatura oposicionista.
A maioria fica esperando o outro bater e posa de bom moço para surgir como alternativa de sobra de guerra. Mas se ninguém bater, ninguém é oposição, e se não há oposição, é óbvio que o poder se perpetua nas mãos do grupo dominante.
Como disse, fazer oposição é caro, desgastante e muitas vezes, inglório.
A última oposição de verdade que vi em Barra Mansa, tive o orgulho de participar. Foi de 1997 a 2000. A prefeita era Inês Pandeló. Não tinha nada absolutamente contra ela, que inclusive tinha sido em outros tempos, minha companheira de lutas bancárias, e era quase minha conterrânea, em face da proximidade das cidades onde nascemos. Mas a arrogância de seu séqüito visivelmente despreparado e as primeiras ações de governo, nos incitou a permanentemente engajar esforços para desmascarar os mal-feitos. E foram muitos durante os quatro anos:
Aumento extorsivo de IPTU, cobrança de ISS de lavadeiras, pedreiros e domésticas, desvios de merenda escolar para sem-terra, suspeita de corrupção na liberação de Habite-se, suspeita de corrupção no pagamento de fornecedores, demissão injusta e covarde de profissionais da FEBAM, altos gastos com imprensa, suspeita de conchavo com empresários do transporte coletivo, ineficiência na coleta do lixo, esvaziamento econômico, achatamento salarial, corte abrupto e ilegal de vantagens pecuniárias dos servidores, ineficácia na educação, somasa tantas outras razões, nos municiavam diariamente de fatos revoltantes.
E nós, aguerridos e determinados, não demos uma semana de trégua. Íamos para rua, com panfletos concebidos por mim e patrocinados pelo vereador Pitombeira, informar à sociedade do festival de erros que assolavam o centro administrativo em quase todas as suas esferas. Nos rádios, eu, Paulinho, Ricardo Maciel e Pitombeira, aliados a outros, também defenestrávamos rigidamente a administração municipal.
Ficou ainda mais viável fazer oposição à Inês do PT, quando através do tal “orçamento participativo”, o que se via era uma tentativa de esvaziamento do poder legislativo, transferindo a autonomia legislativa dos edis para associações de moradores e sindicatos dominados pelo PT, mas os vereadores perceberam a manobra à tempo e se rebelaram. Por incrível que pareça, foram os vereadores que o PT quis “extirpar da vida pública” no começo do mandato (assim como recentemente o Lula desafiou o DEM em SC), que mantiveram Inês no poder e evitaram um iminente “impeachment”.
Outro fator que influenciou a desistência do projeto de impedimento de Inês, foi que Darquinho (vice de Inês e oposição desde o sexto mês de governo) “pipocou” e não assumiu compromissos “programáticos” com determinados vereadores. As “aspas” ficam por conta da imaginação de cada um, mas isso é motivo para outro texto.
Mesmo com tudo isso, a força da máquina administrativa é assaz violenta e por pouco, Inês não se reelegeu. Faltaram apenas 6 mil votos. Pitombeira também não se reelegeu pela primeira vez e hoje amarga o ostracismo político. Paulinho morreu. Ricardo agregou inimigos eternos que lhe perseguem sistematicamente, e eu, sobrevivi, mas só Deus sabe com que obstáculos transpostos.
E quem se beneficiou com isso? Exatamente: o Pachá de Apiacá, que ficou quietinho no seu canto assistindo todo o embate de camarote. Uma das maiores sacanagens da sua longa carreira de ingratidões foi não dar a mão para o Pitombeira em gratidão à sua luta.
Pitombeira tinha sido vereador por 24 anos, sendo inclusive, por três vezes, presidente da Câmara e quando se aventurou a fazer oposição, o que aconteceu? Perdeu o mandato, perdeu prestígio, sofreu adversidades financeiras de todas as espécies e nenhuma mão poderosa lhe foi oferecida, mas contribuiu sobremaneira, mesmo indiretamente, para que Inês não fosse reeleita. É por isso que digo e repito: político depois que perde o mandato nem o vento lhe bate nas costas, torna-se um cachorro leproso que todo mundo tem pena, mas ninguém bota a mão.
Conclui-se, baseado nesses fatos e no histórico nacional, que evitar reeleição é tarefa muito difícil por uma série de fatores:
Primeiro, o prefeito não precisa sair do cargo para fazer campanha, o que por si só, já provoca enorme desequilíbrio eleitoral.
Em segundo lugar, enquanto os adversários tem que suar para conseguir doações para viabilizar uma campanha modesta, o prefeito em curso, faz campanha milionária com recursos públicos. Ninguém assume isso nem jamais assumirá, pois tudo é mascarado contabilmente, mas a verdade é essa. Querem exemplos? Pois vão alguns:
Em outra postagem mostrei um edital de licitação da PMBM para a contratação de uma empresa especializada em pesquisa, contato com a população, blá-blá-blá....Tudo balela.
A empresa que vai ganhar esta licitação é a mesma que está com contrato vigente, e só vai acontecer é reajuste de mesada. Chama-se RB NEWS. Hoje ela recebe 24 mil por mês vai passar para trinta e pouco, para fazer serviço de pesquisa telefônica e telemarketing para a prefeitura e para os candidatos oficiais. Diariamente, isso mesmo, todos os dias, o prefeito tem informações sobre seus índices de popularidade, a dos adversários, os bairros onde está bem, o que o povo precisa e quer ouvir, etc.. Tudo pago com o dinheiro de nossos impostos. Diariamente, repito.
Enquanto isso, para um adversário manter uma pesquisa de pelo menos de dois em dois meses, tem que fazer caixinha, vender rifa, pedir apoio, fazer empréstimo, etc...
Você também sabe que qualquer candidato que quiser expor suas idéias nos bairros da cidade, tem que desembolsar no mínimo 500 reais/mês por cabeça para um a equipe não menor de 100 pessoas. Já a prefeitura contrata a título de “estagiário” um filho de um amigo, que vira cabo eleitoral, panfleteiro e fiscal de urna e de quebra, ainda ganha a simpatia da família e, por conseguinte, os votos.
E o marketing? Caro, não? Menos para o candidato apoiado para a prefeitura (quando não o próprio prefeito em processo de reeleição) que coincidentemente contrata para a campanha a mesma empresa que faz o marketing da prefeitura. Poderíamos escrever vinte páginas só sobre esses casuísmos e maracutaias, mas isso é tão corriqueiro e admitido pela justiça que nem vamos perder mais tempo.
Porém, o que fica de conclusão é que evitar a reeleição de um prefeito, principalmente quando ele domina algumas das artimanhas expostas acima, é trabalho para uma oposição sistemática, inteligente, duradoura, vigilante, persistente e obstinada. O resto é lançar candidatura fadada ao fracasso e depois ficar chorando pelos cantos e reclamando na liga.
Quem discorda e não faz oposição, fica sem posição e perde o jogo. A história atual é prova incontestável dessa assertiva.
Até a nível federal esta regra tem seus parâmetros e o PSDB pagou alto preço por ter se omitido no episódio do "mensalão" e Serra viu sua estratégia de trégua afundar no transcorrer do rio e quando quis submegir, as favas já estavam contadas.
Estarei apoiando sempre qualquer proposta viável para mudar o curso do desastroso rumo que Barra Mansa escolheu nos últimos pleitos, mas não me iludo: Com o nível da falta de engajamento oposicionista da militância dos pretensos postulantes e seus grupos, a tarefa é hercúlea e improvável.
Quem aposta na comodidade e na conveniência da inércia, não merece futuro vencedor e não gravará seu nome na história.

7 comentários:

  1. companheiro,
    eu, vc, e o povo de b.m. vamos ficar no caminho.
    em b.m. não se pode confiar em mais nada.

    todos estão amarrados com o pachá e o prefeito bundão.
    dos prefeitaveis (ademir e ines), a inês não vai muito lonje e tal como o ademir é carta fora do baralho.
    as associações de bairros estão presas com seus presidentes lambendo a sola de sapato deles.

    o cdl esta com eles e tem gente trabalhando na prefeitura (filho do toninho da luan) e ajudando a fazer meleca.

    a aciap com diretores bundão continua a mesma e ainda tem lá dentro aquele eduardo vernec ladrão armando das suas (ele que que embebedou o gentil pra ficar no lugar dele...canalha).

    os vereadores não se mostram com toda esta força. até acho que o wesley da fármacia com apoio do albertasi poderia se eleger, mais ainda é cedo pra ele. então é encarar esta rôla que vem ai novamente.

    *mister hacker*

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  2. Fábio Costa comenta...

    Sr. Julinho, clara, atual, verdadeira e brilhante sua análise.
    Ser oposição custa caro e atrai a ira dos poderosos e dos puxassacos de plantão.
    Já participei de muita campanha, desde os tempos do meu saudoso amigo Moacyr e vi que a oposição, muita vez, se compõe com a situação, mas os puxassacos sempre ficam inimigos e esta gente é que atrapalha nossa cidade.
    Já falei em outras oportunidades das mazelas que os comerciantes pequenos, cmo eu, enfrentam depois que a CIAP, a CDL e outros órgãos(?) de Classe passaram a integrar as administrações municipais. isto se deu a partir do governo Pandeló, com Darkinho, rilmo, Almir e cia ltda., continuando até hoje com os "bois trocados no mesmo pasto".
    Queira Deus que surja uma nova liderança capz de bancar a oposição.
    Ouço falar de JONAS, RODRIGO, O JUIZ DR CONCENZA, O MANES e outros.
    Não creio que eles estejam dispostos a bancar a oposição, cada qual por seus motivos particulares e por um motivo comum que o Sr. mesmo disse: OPOSIÇÃO CUSTA DINHEIRO. O que fazer então? Nos ajude, organize toda esta gente boa que pode ganhar as eleições e salvar Barra Mansa deste marasmo incontrolável que vemos e aumenta a cada dia. Oposição e candidato contra-oficial tem que ter agenda, propostas, gente nos bairros e nos órgãos de classe, nas associações, nas igrejas, tem que aglutinar ideias e ideais, tem que ter que defenda seus pontos de vistas, distribua notas, agende reuniões, enfim faça política limpa e clara sem o dinheiro público que jorra fácil da PMBM e atua hoje contra o povo que paga impostos, através das mazelas que o Sr. enumerou.

    FÁBIO COSTA

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  3. Crise da "FALTA" DE GASOLINA NA pmbm


    É grave a crise de gasolina na PMBM, pois em setembro houve um vasamento no posto e a gasolina de outubro,novembro e dezembro acabou...(pasmem acabou em setembro a gasolina que ia ser utilizada pela PMBM até dezembro)Resultado:
    -Os colégios estão sem ronda escolar da GM
    -Alunos de abrigos não estão estudando pois não tem gasolina para leva-los nos colégios
    -Está faltando também alunos nas escolas rurais
    Aliás esta faltando material de limpeza e higiene nas creches,
    Falta papel caderno, lápis para alunos nos Colégios
    Ass: Eu era do BEM mas agora não sou.

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  4. Caro amigo Julio, senti na pele o que é fazer oposiçao a essa gente, no dia da eleiçao de Dep, quando tinhamos 139 fiscais, o pacha tinha por volta de 2000 isso mesmo dois mil fiscais, ou melhor cabo eleitoral pedindo vota discaradamente na boca de urna uma verdadeira invasao de privacidade ao povo de Barra Mansa. Resultado esse cidadao mesmo com tudo isso nao consegiu se eleger, ainda colocou varias faixas nas ruas de nossa cidade agradecendo os 37 800 votos em BM, sendo que aqui o cidadao teve 27 mil e poucos votos. E ardua a tarefa de lutar contra essa gente... espero que apareça um nome forte na oposiçao para unirmos em torno dele. O Sr Fabio Costa andou citando em seus comentarios nomes como Dr Paulo, Rodrigo Drable e Jonas Marins, seria otimo a uniao em torno desses nomes sair um com força para enfrentar essa gente, amo essa cidade e vejo que esta na hora de unir a oposiçao contra essa gente. Grato

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  5. Uma leitora...

    A maior crise na PMBM não é financeira, é MORAL !
    Lamentavelmente não encontramos no atual prefeito a seriedade necessária para dirigir a cidade, a começar pelas polpudas verbas entregues a ONG CONSTRUÍNDO SONHOS que tem a mulher do ex-prefeito envolvida e, por vias oblíquoas, o ex-prefeito, sócio do atual em vários emrpeendimentos e empresas. Depois, pela vinda do secretario de saude que foi impedido de concorrer em Bananal-SP em virtude de improbidade administrativa, condenação de inelegibilidade . Ele deu guarida para os dois em Bananal e agora pagaram com um cargo que ele não te competência para gerir, pois a Secretaria de Saude em Barra Mansa tem o dobro do orçamento da Prefeitura de Bananal e, finalmente pelo deslavado uso da máquina administrativa que bancou a campanha do Roosevelt, que para garantir um dinheirinho foi Secretário de Captação de Nada durante vários meses.

    Cade a moral dssa gente? Onde esta o bem?

    Uma leitora atenta que vai para a oposição. Puxe a fila Julinho!

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  6. Amanhã...De acordo com as Leis em vigor, de acordo com a determinação da Promotora de Infancia e Adolescencia de BM, de Acordo com o ECA, de Acordo com o CT, AS DIRETORAS MUNICIPAIS DE COLÉGIOS RURAIS, e outras Unidades onde estudam alunos sob a Tutela do estado, TEM OBRIGAÇÃO DE COMUNICAR AS AUTORIDADES DO JUDICIÁRIO MUNICIPAL que a PMBM, não tem feito o transporte destes alunos há mais de 72 horas, alegando falta de gasolina.

    AE

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  7. Julinho

    Tenho certeza que o seu BLOG é a "real" oposição a esta situação que vivemos em B Mansa, HOJE, para nossa surprêsa, os alunos acautelados pela Justiça, os alunos das escolas rurais, apareceram, ou seja colocaram gasolina ...No mês passado alguns postos de saúde imundos(Aqui também registrado)foram limpos e desinfetados por uma Equipe da Saúde. Parabéns e vamos continuar...
    Agora a população tem que ficar de olho pois querem NOVAMENTE fechar alguns colégios de periferia, fazendo remanejamento de alunos e professores para colégios próximos para reduzirem custos. Precisamos lembrar que em EDUCAÇÃO não tem custos é INVESTIMENTO, ou seja se fechar uma ESCOLA possivelmente no futuro vão abrir mais PRISÃO...
    Agora acabaram com a Gasolina, será que foi vazamento mesmo, Julio?
    E o 13o. salário, será que vai sair???

    AE

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