ÓCULOS DE NÚMEROS CONTRA A CEGUEIRA DAS PAIXÕES - CAPÍTULO 1.

UMA VOLTA REDONDA NO TEMPO.

Democracia é legal porque cada um fala o que quer. O inconveniente é que somos obrigados a ouvir e ler um monte de bobagens concluídas a luz da paixão e sem a frieza insensível e inquestionável dos números.
Tenho me mantido na defensiva para comentar os resultados do pleito do sul-fluminense, especialmente no que se tange a Barra Mansa e Volta Redonda. Alguns factóides estão sendo produzidos sem embasamento qualificado, movidos pelo combustível inseguro da passionalidade. Preferi aguardar para ver a tônica do debate de uma distância segura e conseqüente.
Há dias recusei um amável convite para escrever um artigo num jornal de grande circulação do sul-fluminense, pois o pano de fundo da empreitada seria colocar o Neto como o grande derrotado do último pleito. Não concordo e provo. Assim como percebo que atrás dos “doutos” comentários assinados por “especialistas”, está a obsessão na eleição de 2.012, onde de fato esconde-se o verdadeiro poder da caneta, e alguns rótulos prematuros já estão sendo lançados como: “Neto está mal”, “Zoinho está forte”, “Albertassi é favorito ao palácio 17 de Julho”, “Roosevelt é imbatível”, “Jonas é a grande força de Barra Mansa” e por aí afora. Todos exageros prematuros e longe da frieza numérica comparativa e sensata.
Analisemos primeiramente o caso de Volta Redonda:
Em 2006, os candidato afinado com o Governo Municipal (Neto, embora não fosse prefeito), Deley, teve 42.307 votos para deputado federal em Volta Redonda. Nesta eleição teve 32.246. Ele, tão somente ele, Deley, perdeu 10.061 votos na cidade do aço. Culpa do Neto? Creio que não. Culpa exclusiva de seu distanciamento do eleitorado da sua soberba e da falta de organização e agenda prática e produtiva. Passou quatro anos de “vida social” intensa fora de suas bases e pouca política ativa. Mas mesmo que essa perda de 10.000 votos fosse imputada a Neto, seria muito pouco perto dos 55.238 votos que ele teve de dianteira à frente ao segundo colocado das eleições de 2008, o Zoinho.
Zoinho, por sua vez, teve 37.995 votos agora contra os 24.773 de 2006. 13.222 votos a mais. Novamente muito pouco para incomodar o Neto do auge dos 91.129 votos obtidos tão somente no primeiro turno de 2.008. Mas mesmo assim, eu creio que o “superávit” deveu-se a propalada chance real de vitória por ele fazer parte da coligação do Garotinho. Isso corrobora muito com o sucesso no pleito, sem desmarece-lo, é bom que se registre.
Outro dado consistente sobre os federais de Volta Redonda: Em 2006, os candidatos da oposição somados (Zoinho, Cida e Baltazar) tiveram juntos, 64.443 votos. Nesta eleição foram quatro candidatos (Zoinho, Granato, América Tereza e Baltazar) e somados, obtiveram em Volta Redonda, o mesmo número de votos praticamente. Onde está a famigerada avalanche oposicionista?
Se analisarmos o desempenho dos candidatos à estadual aí então que o discurso morre no nascedouro.
Em 2006, os candidatos alinhados ao Governo (Paiva e Nelsinho), obtiveram 52.699 votos em VR, e agora os quatro situacionistas (Paiva, Gotardo, Nelsinho e Rose) somaram 63.717 votos, constatando acréscimo de quase 21%.
Em 2006, os candidatos de Volta Redonda da oposição (Celinho, Albertassi, Chicão, Mariana e Walmir Vitor) tiverem em VR, 48.891 votos, e neste ano os oposicionistas (Albertassi, Mauricio, Cida, Antonio Cardoso e Professora Isabel) somaram 42.355, ou seja, perderam mais de 13%.
O deputado Albertassi, que obteve uma votação espetacular em todo estado, perdeu, isso mesmo, PERDEU votos em Volta Redonda de 2006 para 2010. Em 2006 ele conseguiu 25.484 votos e agora somente 22.945. 10% a menos que quatro anos atrás. Isso o credencia para ser imbatível visando a eleição à prefeitura?
Isto posto, na minha avaliação, com a força da máquina administrativa enxuta nas mãos e a cada dia conquistando mais adeptos no seio da juventude, dos artistas, dos intelectuais e os funcionários públicos municipais, onde Neto expunha deficiências, a oposição vai ter que comer um quilo de canivete por dia daqui até 2012 para tirar o simpático gordinho da cadeira. Tá certo que uns dois ou três secretários municipais apolíticos e radicais atrapalhem bastante, mas a oposição (trapalhada por trapalhada), é mais eficiente neste quesito.
Isto é fato, o resto é ilação histérica.
Na próxima postagem, falaremos de Barra Mansa.