segunda-feira, 28 de março de 2011

ESTAÇÃO BM - JEITINHO BRASILEIRO.


Como hoje a inspiração está curta, reproduzo uma postagem do nosso amigo Bujão, no Estação BM, que fala com muita propriedade e clareza sob um mal que assola nossa civilidade, o jeitinho brasileiro. Parabéns, Bujão.

por Carlos Vinicius Rosenburg*

É uma cena comum: você está na fila de um restaurante de comida a quilo, coloca o prato na balança, escolhe alguma mesa e, quando vai ocupar o seu lugar, alguém chega e fala:

- Eu guardei esse lugar!, diz a pessoa com uma certa irritação, como se você estivesse tomando o que é dela.

Acontece com certa freqüência. Dia desses, uma senhora veio falar comigo. Não quis criar problemas na hora do almoço, mas fiz questão de pegar o prato, calmamente, e dizer que ela estava com a razão, pois foi “esperta” e conseguiu passar na minha frente. O sorriso da moça não poderia ser mais amarelo.

Parece que as pessoas nem percebem que o que estão fazendo é simplesmente passar sobre o outro, trapacear, fazer uso do lamentável “jeitinho”. Num pequeno gesto inocente, coloca-se uma bolsa, um livro, um pacote, qualquer coisa, sem a menor preocupação com as pessoas que estão mais à frente.

É um caso banal que mostra como é nosso relacionamento com o outro. Todos sabem que a sociedade nasce quando o outro entra em cena. Nós brasileiros, estranhamente, parecemos fingir que o outro não existe. E são pequenas atitudes como essa que vão formando nossa escala de valores, nosso padrão de comportamento, nossa cara como sociedade.

Os exemplos são inúmeros. Vão desde cortar uma fila de carros para chegar a uma determinada rua, ou passar pelo acostamento em um engarrafamento (“não tem nenhum carro ali...”), a dar só uma paradinha em fila dupla ou na vaga do deficiente. E o outro? “Ah, mas é só um minutinho...”.

O que precisamos entender é que, se quisermos viver em uma verdadeira sociedade regrada – e não em um aglomerado de pessoas, sem lei –, devemos seguir regras de convivência. Mais do que seguir, devemos cumpri-las inteiramente, sem buscar brechas, exceções, jeitinhos. Em uma sociedade que se preocupa com o outro, que se pauta pela alteridade, não existe “é só um minutinho”, “eu vou ali rapidinho”, “guardei esse lugar” (no restaurante) ou começar a acelerar quando o sinal está amarelo (quando deveria ser o contrário). Em uma sociedade que se pretenda civilizada, é fundamental que se respeitem as regras – a frase é absurda, mas no Brasil é preciso dizer o óbvio, o que é mais absurdo ainda.

Já se falou que uma sociedade pode ser identificada por sua culinária. É verdade. Mas passo a acreditar, também, que ela pode ser identificada pelos caminhos que as pessoas utilizam para chegarem até a mesa.


*Carlos Vinicius Rosenburg tem 38 anos e concorda com Tom Jobim: o Brasil não é para principiantes.

Um comentário:

  1. Bujão, vamos citar um exemplo?

    Veja se isso é coisa do "Bem". No fundo de Saúde dos funcionários da PMBM, existem vários cargo comissionados de livre nomeação. Outros funcionários são da PMBM, cedidos à Autarquia. Existe tbm o cargo de Diretor Executivo, que equivale a do Secretário.
    Todos muito bem pagos, sem falar que esses cargos são preenchidos por indicações de aliados políticos, nas Barganhas feitas na calada da noite.
    Infelizmente esse é o jogo político praticado em nosso país.
    Mas o que eu quero dizer, é que se a PMBM contribuisse com algum valor pra ajudar a custear os atendimentos médicos realizados, e que todos sabem que fica cada vez mais caro, entretanto isso não acontece.
    As despesas com o FUNDAMP são custeadas SOMENTE com os descontos dos salários dos funcionários.
    Isto é, pra ajudar na saúde dos funcionários, não tem dinheiro, mas pra aproveitar a boquinha e negociar cargos com os apadrinhados aí sim.
    Enquanto isso os funcionários passam o aperto, pois nunca tem dinheiro pra nada.
    Probre Barra Mansa.

    MDF

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